Repórter da Globo não temia a morte: “Vou encontrar meu marido”
27/10/2022 às 10h45
Susana Naspolini, repórter da Globo no Rio de Janeiro, era uma pessoa rara. Cheia de energia e de pensamentos positivos, a jornalista cativava tanto os personagens de suas pautas quanto as autoridades que cobrava – em busca de soluções para as mazelas da Cidade Maravilhosa.
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Susana faleceu nesta terça-feira (25), aos 49 anos, vítima de câncer. A repórter estava em sua quinta batalha contra a doença. Em entrevista ao jornal Extra, em setembro de 2021, ela afirmou não temer a morte e revelou convicção no reencontro com duas pessoas queridas: o pai Fúlvio e o marido Maurício Torres (foto acima).
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Do outro lado da vida
Fúlvio morreu em 2021, enquanto Susana Naspolini se dedicava ao livro Terapia com Deus. Nesta época, no depoimento que concedeu ao Extra, a jornalista definiu a perda do pai como o momento de maior tristeza de sua vida. O falecimento de Fúlvio coincidiu com o processo de escrita da obra e influenciou as reflexões de Naspolini sobre a morte.
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Maurício Torres, também jornalista, faleceu em 2014. Narrador esportivo na Globo e na Record, Maurício passou um mês internado no hospital Sírio-Libanês, após a constatação de uma arritmia cardíaca. O quadro se agravou com uma infecção pulmonar decorrente de uma bactéria.
“A gente tem que viver todo dia como se fosse o último”
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Após as duas perdas, Susana passou a refletir sobre a morte e a necessidade de viver cada dia como se fosse o último.
“Deus não nos chama porque estamos com 90 anos, mas porque chegou a nossa hora. E Ele é tão sábio que a gente nasce sem saber qual é o nosso dia. Por isso, a gente tem que viver todo dia como se fosse o último”, destacou.
“A maioria empurra o assunto morte para baixo do tapete. Mas ter consciência da morte não deve gerar medo, e sim gratidão por cada dia vivido. Além de uma vontade de sermos melhores como pessoas, para partirmos bem quando chegar a nossa vez. Vou encontrar meu pai, meu marido”, salientou.
Biografia
Susana Naspolini era repórter do RJ1, noticiário local da Globo. À frente do quadro RJ Móvel, ela cobrava autoridades locais sobre obras e melhorias prometidas e não cumpridas. Susana visitava bairros e comunidades munida de um calendário e de uma caneta, estabelecendo prazos para a entrega das benfeitorias.
Profissional que se envolvia nas mais diversas situações, algumas perigosas – como subidas em árvores e descidas de ladeiras em carrinho de mão –, Susana também marcou época como repórter de arquibancada nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Naspolini deixou uma filha, Júlia, de 16 anos.