André Santana

A televisão brasileira acumulou fiascos em 2022. Dramaturgia e reality shows, que são os carros-chefe dos principais canais abertos do país, não alcançaram grande êxito na programação e deixou a TV aberta um tanto quanto morna. Foi um ano para se esquecer.

Cara e Coragem - Marcelo Serrado e Paolla Oliveira

No campo das novelas, por exemplo, houve mais fracassos que sucessos. O êxito de Pantanal é uma exceção em meio aos fiascos que foram apresentados ao longo do ano. Maior produtora de novelas do Brasil, a Globo levou um tombo com Travessia, uma das piores novelas do canal dos últimos anos. Além disso, a recepção fria à Cara e Coragem reforça que 2022 não foi um bom ano para novelas.

Nas demais emissoras, não foi diferente. As produções bíblicas da Record e as tramas infantis do SBT já não são mais garantias de grande audiência. Poliana Moça, por exemplo, terminará sua trajetória como a novela infantil menos vista dentre os folhetins produzidos pelo canal de Silvio Santos.

Já na Record, Reis não conseguiu repetir o êxito de Gênesis. No entanto, nada se compara à pavorosa Todas as Garotas em Mim, um dos maiores equívocos da história do canal. A produção bíblica teen constrangeu com seu texto amador e produção duvidosa.

Reality shows

Globo e Record também não foram felizes com seus realities em 2022. O BBB22 decepcionou com um elenco fraco que não conseguiu construir uma narrativa na atração. Tanto que o duelo insosso de Arthur Aguiar e Jade Picon acabou ganhando os holofotes.

Além disso, a emissora desgastou a franquia The Voice, que já não desperta mais a atenção do público. Porém, ainda segue no ar, ao contrário do esquecível Mestre do Sabor, que foi definitivamente limado. Por fim, o No Limite prometeu uma volta às origens, mas a audiência se mostrou indiferente.

Na Record, a coisa também foi feia. A emissora, mais uma vez, apostou na trinca Power Couple Brasil, Ilha Record e A Fazenda e se deu muito mal. O reality de casais e o confinamento rural sofreram com personagens controversos e violência acima da média. Já o Ilha sofreu mesmo com a total indiferença do público, que simplesmente fugiu da atração.

Canais em baixa

Balanço Geral

Aliás, o fracasso dos realities e das novelas da Record mostram que a emissora não vive sua melhor fase. O canal perdeu fôlego em todos os segmentos e parece estar indiferente aos resultados pouco animadores.

Programas que já fizeram a alegria da emissora, como o quadro A Hora da Venenosa, do Balanço Geral, ou o dominical Hora do Faro, perderam público. Agora, o canal pode até abrir mão de Rodrigo Faro, que já foi sua principal estrela.

Mas a crise da Record não é pior do que a do SBT, que encolheu em todas as faixas de programação. A queda de audiência foi tão significativa que a emissora abriu mão de seu infantil Bom Dia e Cia, que teve um final melancólico após tantos anos de sucesso.

A emissora também penou nas mãos do dono, Silvio Santos, que passou o ano tentando emplacar enlatados de gosto duvidoso. Os Pequenos Johnstons, Decisões do Dia e Crimes de Paixão afundaram ainda mais o canal.

Decepção

Faustão na Band
Reprodução / Band

Na Band, a maior decepção atende pelo nome de Faustão. O apresentador agregou prestígio ao canal, é verdade, mas o programa Faustão na Band esteve longe de alcançar o êxito esperado pela emissora. Com baixa audiência e faturamento abaixo do previsto, a atração já começa a cortar custos.

Mas a situação mais caótica é da RedeTV!. O canal simplesmente caiu na total irrelevância, com uma grade de programação incapaz de alcançar um ponto de audiência. A emissora penou com o fraco desempenho de seus apresentadores bolsonaristas, como Luis Ernesto Lacombe e Sikera Jr, e agora paga o preço.

Notícias

Jornal da CNN - Monalisa Perrone

Na TV paga, os canais de notícias tiveram bastante destaque. Mas nem sempre com boas notícias. A Jovem Pan News, por exemplo, vem pagando o preço por ter abraçado o bolsonarismo sem pudores. Com a derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais, o canal agora busca se reinventar.

Já o problema da CNN Brasil se revelou mais sério. Com um rombo orçamentário milionário, o canal de notícias promoveu uma série de cortes e mandou embora algumas de suas estrelas, como Monalisa Perrone (foto acima). Um final indigesto para um ano bastante complicado.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor