A Globo vem enfrentando uma boa maré no quesito audiência com suas três novelas inéditas. O maior problema tem sido a reprise da ótima Belíssima, com números bem abaixo do esperado, além de Malhação – Vidas Brasileiras, que vem se mostrando um completo equívoco, fazendo por merecer os baixos índices. Porém, no quesito qualidade somada ao bom resultado com o público, Orgulho e Paixão e O Tempo Não Para são imbatíveis. Enquanto Segundo Sol vem em uma decrescente visível, falhando em vários aspectos do enredo e condução de personagens, as tramas das seis e das sete honram suas respectivas faixas.

A novela de Marcos Berstein, dirigida por Fred Mayrink, estreou em março e está a menos um mês de seu fim. A obra baseada em vários sucessos da escritora inglesa Jane Austen se mostrou um encanto logo no primeiro capítulo e impressiona como desde então nunca se perdeu. O autor vem conduzindo seu enredo com extrema precisão, movimentando os núcleos e promovendo ótimos conflitos ao longo dos meses. A produção não teve barriga (período onde nada de relevante ocorre) e consegue melhorar a cada novo acontecimento, emocionando e divertindo quem assiste.

Não há enrolação e os conflitos se resolvem rapidamente, sendo logo substituídos por novos dramas. Isso tudo sem perder a leveza e o romantismo. A grande quantidade de bons casais é um dos maiores trunfos do folhetim, assim como a presença de vilãs que provocam atrativas viradas no roteiro – vide as trapalhadas de Susana (Alessandra Negrini), a dissimulação de Josephine (Christine Fernandes) e a crueldade de Lady Margareth (Natália do Vale).

São tantos pares bem construídos que fica até difícil citar todos, mas Darcy (Thiago Lacerda) e Elisabeta (Nathalia Dill); Ema (Agatha Moreira) e Ernesto (Rodrigo Simas); Julieta (Gabriela Duarte) e Aurélio (Marcelo Faria); Jane (Pâmela Tomé) e Camilo (Maurício Destri); e Cecília (Anaju Dorigon) e Rômulo (Marcos Pitombo) são os com mais destaque, cativando o público.

É uma novela das seis que consegue mesclar bem instantes dramáticos e situações cômicas, havendo até espaço para alguns números musicais deliciosos. Ainda ocorre uma competente abordagem sobre temas atuais importantes, mesmo em uma história ambientada em 1910, como a recente violência sofrida por Mariana (Chandelly Braz) e o empoderamento de perfis como Elisabeta, Julieta e Ema. A trilha sonora é outro ponto positivo e vale destacar o fato de cada casal ter sua música tema, algo que era comum anos atrás até virar algo raro hoje em dia. E o elenco é muito bem escalado, onde quase todos têm um merecido espaço de destaque.

Já O Tempo Não Para acabou de começar e ainda é cedo para uma conclusão mais precisa, afinal, está há pouco mais de um mês no ar apenas. Até o seu desfecho, em janeiro de 2019, muita água vai rolar e o risco do enredo se perder existe, assim como acontece em várias novelas. Todavia, ao menos até agora, a história de Mário Teixeira, dirigida por Leonardo Nogueira, vem se mostrando divertida e inspirada.

A ideia de inserir uma família de 1886 em pleno 2018 foi muito ousada e o risco de soar grotesco era alto, mas o autor conseguiu driblar todas as armadilhas do roteiro e deixou até “crível” o contexto dos congelados e dos choques culturais. O texto repleto de boas tiradas e os personagens carismáticos são os grandes acertos da produção, que vem alcançando uma audiência surpreendente. Tem tudo para continuar agradando o telespectador.

Orgulho e Paixão e O Tempo Não Para são novelas leves e despretensiosas que conquistam o público com histórias agradáveis, boa trilha sonora e personagens carismáticos. Tem sido muito prazeroso assistir aos dois folhetins que têm engrandecido as faixas das 18h e 19h da Globo. Duplo sucesso merecido.


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor