Nos mais recentes capítulos de Renascer, entrou em cena o delegado Nórcia (Edmilson Barros). O personagem chega para tentar botar ordem no duelo entre José Inocêncio (Marcos Palmeira) e Egídio (Vladimir Brichta), caracterizado pelos mais variados crimes.

Vladimir Brichta, Edmilson Barros e Marcos Palmeira em Renascer
Vladimir Brichta, Edmilson Barros e Marcos Palmeira em Renascer

O novo personagem faz uma correção de rota em Renascer. Afinal, vários atos criminosos já aconteceram na novela das nove da Globo, mas nenhum deles foi investigado. É como se não houvesse lei no vilarejo onde a trama se passa.

Nórcia, aliás, revelou que houve, sim, um trabalho de investigação dos crimes da novela. Mas ninguém viu. Ou seja, claramente, Bruno Luperi tentou consertar a falha, mas a emenda saiu pior que o soneto.

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Terra sem lei

No capítulo desta segunda-feira (1º) de Renascer, o delegado Nórcia apareceu em meio a mais uma briga envolvendo José Inocêncio e Egídio. O agente da lei afirmou que sua equipe vai trabalhar para descobrir quem está por trás do roubo do cacau nas terras de José Venâncio (Rodrigo Simas).

A conversa deu a entender que Nórcia sempre esteve por ali, investigando os crimes que aconteceram na zona rural de Ilhéus. José Inocêncio comentou que já havia esclarecido sua suposta participação na morte do pai de Egídio. O vilão, por sua vez, também afirmou que já havia explicado ao delegado que não teve qualquer participação na morte de Venâncio.

Ou seja, ficou claro na conversa que os crimes no vilarejo foram, sim, alvo de investigação. Porém, o público não viu nada disso. Desde o início de Renascer, os assassinatos acontecem a granel, mas nunca se viu um policial que seja na novela.

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Crimes sem solução

Antonio Calloni em Renascer
Antonio Calloni em Renascer

Na primeira fase de Renascer, as tocaias aconteciam rotineiramente. José Inocêncio (Humberto Carrão), por exemplo, foi vítima de várias delas. Além disso, Firmino (Enrique Diaz) e Belarmino (Antonio Calloni) foram assassinados.

Já na segunda fase, Damião (Xamã) matou o homem que o havia encomendado a morte de José Inocêncio. Depois, Egídio tirou a vida de José Venâncio em mais uma tocaia. Nunca houve qualquer menção a investigação envolvendo esses crimes.

Trata-se do maior erro de Renascer. É difícil engolir que tantos assassinatos envolvendo o mesmo grupo de pessoas tenham sido simplesmente ignorados pelas autoridades locais. Por mais que a novela se passe num vilarejo isolado, não dá pra acreditar que o local esteja ao deus-dará.

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Remendo mal costurado

O erro aconteceu na primeira versão de Renascer, escrito por Benedito Ruy Barbosa em 1993. Um delegado apareceu na trama apenas na reta final da história, quando vários crimes já haviam sido praticados.

O mesmo tem acontecido agora, na adaptação escrita por Bruno Luperi. O novo autor, no entanto, tentou consertar isso por meio da conversa entre Inocêncio, Egídio e Nórcia. O papo esclareceu que a investigação aconteceu, sim, só que não foi mostrada na trama.

Mas esse remendo costurado por Luperi não faz o menor sentido. Se houve investigação, por que nenhum crime foi solucionado? Se Egídio foi interrogado, como ele conseguiu se livrar da suspeita de ter matado Venâncio? São perguntas sem resposta.

Luperi tentou consertar um grave erro da trama. Mas a explicação não convenceu.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor