Remakes disfarçados devem virar rotina nas novelas da Record
28/09/2022 às 11h45
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A estreia de Reis colocou em xeque a dramaturgia da Record. As primeiras temporadas da novela (ou série) narravam passagens não muito populares da Bíblia, o que diminuía o apelo popular da trama. Não por acaso, Reis não conseguiu repetir o sucesso de sua antecessora, Gênesis, e vinha registrando uma audiência bastante modesta.
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Mas isso mudou com a estreia da temporada A Escolha, na última semana. Nesta fase, Reis começa a contar a história do Rei Davi (Gabriel Vivan), um personagem mais conhecido do Livro Sagrado. Mesmo quem não é religioso ou iniciado em estudos bíblicos já deve ter ouvido falar de Davi e do gigante Golias.
Esta familiaridade é fundamental para atrair o espectador. Foi dramatizando histórias que já povoavam o imaginário do público que a Record conquistou bons resultados com Os Dez Mandamentos (2015), A Terra Prometida (2016) e Gênesis (2021), sendo que esta última narrou clássicos como Adão e Eva e A Arca de Noé.
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Reis tem chances de seguir um caminho parecido. A estreia da temporada sobre o Rei Davi elevou a audiência da atração em 25%, de acordo com dados do Kantar Ibope divulgados pelo Notícias da TV. Ou seja, o público realmente se mostra mais interessado em produções bíblicas sobre personagens que já conhece.
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Remake
Outro ponto que chama a atenção neste ganho de audiência de Reis é que a história da nova temporada não é inédita para o público da emissora. Em 2012, a Record exibiu a minissérie Rei Davi, na qual contava a mesma história que será mostrada agora em Reis.
A produção de 10 anos atrás era protagonizada por Leonardo Brício e foi um grande sucesso. Escrita por Vivian de Oliveira, Rei Davi teve 30 capítulos e média geral de 12,3 pontos, um excelente resultado para os padrões da emissora.
Ou seja, a nova temporada de Reis pode ser considerada um remake de Rei Davi, já que traz outros atores vivendo a história já contada na minissérie. A abordagem deve ter suas diferenças, já que se trata de uma outra proposta, mas, ainda assim, trata-se da mesma história e do mesmo protagonista.
Vale lembrar que situação parecida aconteceu em Gênesis. Uma das temporadas da trama anterior contou a história de José do Egito, que também já havia sido uma minissérie da Record no ano de 2013.
Círculo vicioso
A atual situação de Reis reforça a impressão de que a dramaturgia da Record começa a andar em círculos. A emissora já produziu boa parte das histórias bíblicas de apelo e começa a ver a fonte secar. Não por acaso, sua direção vem buscando testar outros formatos, como Todas as Garotas em Mim (que foi um fiasco).
Assim, até aqui, sobram apenas dois caminhos possíveis para continuar a dramaturgia da Record: produzir tramas baseadas em passagens menos conhecidas da Bíblia, correndo o risco de perder ainda mais público, ou iniciar uma série de “remakes”, como acontece agora com Reis/Rei Davi. Ou seja, é grande a chance de, em breve, a Record lançar novas novelas sobre Sansão e Dalila ou A História de Ester.