Considerada uma das maiores autoras de novelas de todos os tempos, Janete Clair também teve suas derrapadas na carreira. Pai Herói (1979), por exemplo, é considerada uma de suas melhores novelas, mas a trama teve suas falhas.

Glória Menezes em Pai Herói
Glória Menezes em Pai Herói (Divulgação)

Falhas essas que poderão ser corrigidas na nova versão do enredo, que deve ser produzida em breve para a HBO Max. Renata Dias Gomes, neta de Janete e responsável pela adaptação, terá a chance de eliminar os equívocos da versão original.

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Clássico

Maria Fernanda e Paulo Autran em Pai Herói
Maria Fernanda e Paulo Autran em Pai Herói

Exibida no horário nobre da Globo entre janeiro e agosto de 1979, Pai Herói contava a história de André Cajarana (Tony Ramos), um homem que sai em busca de suas origens e acaba descobrindo que o pai, a quem considerava um herói, era na verdade um bandido.

André, então, se dedica a provar que o pai é inocente na acusação de ter roubado terras e matado um padre. Por conta disso, o rapaz acaba batendo de frente com Bruno Baldaracci (Paulo Autran), casado com sua mãe Gilda (Maria Fernanda).

Em sua busca por honrar a memória do pai, André acaba se envolvendo com duas mulheres. Uma delas é a bailarina Carina (Elizabeth Savalla) e a outra é Ana Preta (Gloria Menezes), dona de uma gafieira.

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Erros e acertos

 

Considerada um clássico da teledramaturgia nacional, Pai Herói nunca chegou a ser reprisada na íntegra pela Globo. A trama teve somente uma versão compacta – como um telefilme – mostrada no Festival 15 Anos, em 1980. O repeteco mesmo só veio no Viva, em 2016.

A reprise evidenciou as qualidades e os defeitos do texto de Janete Clair. A autora acertou em cheio na construção da trama central, com a saga de André estruturando toda a história. A ação movimentava todos os núcleos e personagens.

No entanto, Pai Herói derrapa feio nas tramas paralelas. Há vários núcleos que parecem feitos apenas para encher linguiça e personagens mal aproveitados. Norah (Beatriz Segall), Horácio (Emiliano Queiroz) e Aline (Nadia Lippi) são alguns dos tipos que não disseram a que vieram.

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Nova versão

Grazi Massafera como Dona Beja
Grazi Massafera como Dona Beja (divulgação)

Mais de 40 anos depois, Pai Herói deve ganhar uma nova versão. A autora Renata Dias Gomes, detentora dos direitos do texto, deve assinar a adaptação, que será produzida para a HBO Max.

O streaming da Warner Bros. Discovery vem investindo pesado em novelas brasileiras. Atualmente, duas tramas estão em produção: Beleza Fatal, com Camila Queiroz e Camila Pitanga, que deve estrear este ano; e a nova versão de Dona Beja, com Grazi Massafera, que deve ficar para 2025.

Novelas no streaming são mais curtas – tanto Beleza Fatal quanto Dona Beja terão 40 capítulos. Sendo assim, a nova versão de Pai Herói também será mais enxuta, o que desobriga a autora a manter as tramas paralelas. Ou seja, Renata Dias Gomes terá a chance de corrigir o erro da avó ao focar toda a ação da história na trama principal.

Tabu a ser quebrado

Gloria Menezes e Tony Ramos em Pai Herói
Gloria Menezes e Tony Ramos em Pai Herói (Divulgação)

Além de corrigir as falhas da primeira versão de Pai Herói, Renata Dias Gomes ainda terá a espinhosa missão de quebrar um tabu: transformar um remake de uma obra de sua avó num grande sucesso. Até hoje, nenhuma nova versão da obra de Janete Clair funcionou.

O remake de Selva de Pedra (1986), por exemplo, chegou a traumatizar Fernanda Torres, que viveu a mocinha. Já a nova versão de Irmãos Coragem (1995) afundou o horário das seis da Globo, assim como o remake de Pecado Capital (1998). Já o clássico Véu de Noiva (1969) ganhou outra versão pelo SBT, Vende-se um Véu de Noiva (2009), que passou em branco.

O único remake baseado numa novela de Janete Clair que não foi um fiasco foi O Astro (2011), trama que abriu a “novela das onze” na Globo. Ainda assim, a trama assinada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro não chegou a ser o sucesso que a emissora esperava.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor