Em 1993, o diretor José Bonifácio de Oliveira – o “poderoso” Boni – achou que o público ia se cansar de uma primeira fase muito longa e tratou de determinar o encurtamento do prólogo de Renascer para apenas quatro capítulos. A princípio, ela teria 12 capítulos e, com a redução, as cenas gravadas foram reaproveitadas como flashback ao longo do folhetim.

Firmino (Enrique Diaz) e Belarmino (Antonio Calloni) em Renascer
Firmino (Enrique Diaz) e Belarmino (Antonio Calloni) em Renascer (divulgação/Globo)

No entanto, a primeira fase mais curta acabou fazendo surgir fatos sem explicação. Muitas das situações do passado de José Inocêncio (Leonardo Vieira/Antonio Fagundes) eram apenas citadas.

Mas não desta vez. Com o aval da Globo, o autor Bruno Luperi apostou numa primeira fase maior, com 13 capítulos, e, com isso, vem mostrando detalhes que ficaram ocultos na versão de seu avô, Benedito Ruy Barbosa, como a trama envolvendo Firmino (Enrique Diaz) e Belarmino (Antonio Calloni).

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Um novo vilão

Há 31 anos, a primeira fase acabou ficando mais focada na rivalidade entre José Inocêncio e Belarmino (José Wilker). Os capítulos exploraram o assassinato misterioso do vilão, justificando a vingança de Mariana (Adriana Esteves) na segunda fase.

Já no remake, José Inocêncio (Humberto Carrão) não enfrentou apenas Belarmino (Antonio Calloni). O “coronelzinho” também bateu de frente com Firmino (Enrique Diaz), que fez de tudo para derrubar o rival, mas acabou se dando mal.

Na versão original, Firmino não aparecia. Ele era apenas citado pelo grande vilão Teodoro (Herson Capri), filho dele, que culpava José Inocêncio de ter matado seu pai. Tal conflito era apenas insinuado, mas nunca havia sido mostrado na novela.

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Tá explicado!

Vladimir Brichta como Egídio em Renascer
Vladimir Brichta como Egídio em Renascer (divulgação/Globo)

Na nova versão de Renascer, Teodoro virou Egídio, que será interpretado por Vladimir Brichta na segunda fase. O personagem já apareceu na primeira fase – vivido pelo ator Guilherme Brumatti – chorando a morte do pai.

Os primeiros capítulos de Renascer deixaram bem claro ao público o que de fato aconteceu com Firmino. O “coronel pica-pau” foi morto por Belarmino, e com requintes de crueldade. Porém, Belarmino morreu em seguida, num assassinato que só será esclarecido na metade da novela.

Por conta do que aconteceu, Egídio acredita que foi José Inocêncio o responsável pela morte de seu pai. Isso vai justificar o ódio que o coronel nutrirá pelo produtor de cacau ao longo de toda a novela.

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Erro corrigido

Boni
Boni (Reprodução / Web)

Boni é um profissional de TV dos mais respeitáveis e dono de alguns dos principais acertos da televisão brasileira. Mas até ele errou em algum momento de sua carreira. Agora, ficou claro que reduzir a primeira fase de Renascer foi um erro do diretor.

Afinal, o remake deixou claro que uma primeira fase maior não cansa o público. Pelo contrário. A audiência demonstra estar apaixonada pela trama do prólogo e já lamenta que esses personagens vão se despedir em breve.

E, além do apelo popular, a primeira fase serviu para compreender muito do que acontece na segunda parte da trama. Ao ter mais tempo para contar essa história, Bruno Luperi conseguiu corrigir um erro da primeira versão.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor