Independente de sua idade, provavelmente você já interagiu com algum programa de televisão: seja por carta, telefone, fax, e-mail, redes sociais, etc. As emissoras, de algum modo, sempre tiveram um canal direto com os telespectadores, seja para premiar ou faturar.

Hoje, vamos relembrar alguns programas que fizeram história na televisão com a ajuda do espectador, bem antes do Facebook ou Twitter.

Ligue para o SBT e concorra a prêmios!

Se existe um canal que sempre deu chance de premiar os telespectadores foi o SBT. E a tática que Silvio Santos usava para segurar a audiência era o telefone. E foram inúmeros programas que utilizaram esse artifício, por isso, vamos citar alguns que fizeram sucesso e são lembrados até hoje.

Sessão Premiada – A fórmula era bem simples: quando o filme ia para o intervalo, o telespectador respondia perguntas sobre a atração e, se acertasse, ganhava prêmios em dinheiro. O programa já estava no ar bem antes do SBT existir e fazia sucesso. Foi lá que Gugu Liberato se lançou como apresentador, mas não foi o único: Christina Rocha, Mara Maravilha, Luís Ricardo, entre outros, estiveram na bancada do programa. Em 2004, a atração voltou sob o comando de Celso Portiolli, que usava uma “pirâmide premiada” para brincar com o telespectador.

TV Powww! – Este programa foi o primeiro game interativo da televisão: pelo telefone, o telespectador participava de um jogo que lembrava o videogame Atari. O programa foi um grande sucesso e chegou a congestionar as linhas de telefone. Entre as partidas, a atração exibia séries, desenhos, além de debutar Chaves e Chaplin na programação do SBT.

De Alô Silvio para Alô Christina – Em 1989, para combater o sucesso do Domingão do Faustão, Alô Silvio estreou dentro do Programa Silvio Santos. Era exibido ao longo do domingo e contava com a participação dos telespectadores via telefone, que respondiam perguntas e participavam de jogos, concorrendo a prêmios em dinheiro. O mesmo formato foi usado em 1997: Alô Christina, apresentado por Christina Rocha, premiava os telespectadores que diziam o nome do programa ao atender suas ligações. Com cenários e atrações de gosto duvidoso, o programa durou apenas um ano no ar.

Fantasia: Inspirado pelo programa italiano Non è la Rai, Silvio trouxe para as tardes do SBT um game show comandado por quatro apresentadoras com o auxílio de 50 modelos: Fantasia vive até hoje no imaginário do público. Com um cenário que lembrava uma praia, os telespectadores congestionavam a linha da Telesp (Telecomunicações de São Paulo) para brincar e ganhar alguns reais. Adriana Colin, Débora Rodrigues, Amanda Fraçozo e Tânia Mara foram algumas apresentadoras da atração. Carla Perez também apresentou e, até hoje, é lembrada pelo famoso “i de escola” e “e de isqueiro”.

Porque no final, você decide!

Em 1992, a Globo revolucionou a dramaturgia: pela primeira vez, o público escolhia o final de um programa. Você Decide colocava o Brasil no dilema do sim ou não, a razão ou o coração. A apresentação ficou por conta de nomes como Tony Ramos, Antônio Fagundes, Raul Cortez, Celso Freitas, entre outros.

Era um novo método de se fazer Caso Especial e cada programa trazia uma temática diferente: o pai deveria entregar seu filho criminoso à justiça? A pessoa deveria devolver a mala com dólares mesmo estando endividado? Esses eram alguns dos temas do programa. Durante a exibição, um artista colhia a opinião do povo nas ruas, ao vivo. Um fato marcante é que, em um programa que falava sobre assedio sexual, uma mulher acusou um funcionário da Fundação Roberto Marinho de cometer o crime.

Hugo e Garganta e Torcicolo

Em 1995, a CNT/Gazeta trouxe um grande prejuízo aos pais da criançada: Hugo, um simpático duende, fazia a cabeça da molecada. O programa, bem diferente do TV POWWW, transformava as teclas do telefone em joystick, fazendo o duende pular ou se abaixar. O objetivo era salvar a esposa e filhos de Hugo de uma malvada bruxa. A audiência da CNT/Gazeta após a estreia da atração foi para cinco pontos, uma ótima marca para a emissora. O jogo era acumulativo, ou seja, a cada jogada os pontos se acumulavam, premiando os ganhadores com brinquedos, bonés, camisetas, entre outros.

A empresa que desenvolvia a tecnologia usada em Hugo (Interactive Television Entertainment) trouxe à MTV outro jogo interativo: Garganta e Torcicolo, um programa que dominou as tardes da MTV em 1997, sob a apresentação de João Gordo. Bem diferente de Hugo, o sarcasmo e o deboche eram o ponto principal do programa. Dois telespectadores se enfrentavam ao vivo, pelo telefone, atrás dos prêmios oferecidos pelo programa. Foi nesta atração que João Gordo se destacou como apresentador, conquistando o carinho da criançada e mostrando que a aposta da MTV no vocalista do Ratos de Porão foi certeira.

Ligue e escolha o seu filme preferido

Hoje temos a chance de escolher os filmes e seriados que queremos ver sem sair de casa, no momento e na hora que quiser. Em 1996, não existia a Netflix, mas a Globo fez com que o público escolhesse o filme do dia seguinte: Intercine trazia três opções e o resultado era apenas conhecido no último bloco do filme em exibição. Essa sessão de cinema foi criada para combater o Jô Soares Onze e Meia, na época no SBT, e deu resultado: foi um sucesso que virou mania entre os cinéfilos de plantão.

Nos primórdios da Rede TV!, duas sessões de cinema interativo faziam parte da programação da nova emissora: O Cine Total e o TV Escolha, apresentados pelo crítico Rubens Ewald Filho. No Cine Total, Rubens trazia a sinopse de dois filmes e o público escolhia qual gostaria de assistir. Já o TV Escolha era uma sessão tripla de cinema aos domingos e o espectador também decidia qual seria exibido.

Hoje, cada vez mais a interação é essencial na televisão. A segunda tela mostra a força da interatividade e como isso ajuda as emissoras a entenderem o que o público pensa e deseja.


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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor