Em A Vida da Gente, Lícia Manzo mostra um panorama das configurações familiares contemporâneas, que há muito extrapolaram a definição do dicionário.

Na história, Ana (Fernanda Vasconcellos) e Rodrigo (Rafael Cardoso), nascidos e crescidos em Porto Alegre, conviveram como irmãos postiços durante boa parte da infância e adolescência, desde que Eva (Ana Beatriz Nogueira), mãe dela, e Jonas (Paulo Betti), pai dele, se casaram. Hoje, no auge da juventude, hormônios à flor da pele, descobrem-se apaixonados, ao mesmo tempo em que, por ironia do destino, seus pais iniciam um violento e litigioso processo de separação.

Romeu e Julieta modernos, apartados pelo ódio entre as famílias, Rodrigo e Ana são obrigados a um término precoce e devastador para ambos. Com rebeldia típica dos jovens, tentam manter o romance em segredo, mas Jonas e Eva, agora separados, jogam sujo, interceptando emails, telefonemas, e conspirando para a dissolução do namoro que, por fim, acaba morrendo.

Porém, um mês depois, Ana (Fernanda Vasconcellos), em pânico, descobre-se grávida depois do único encontro que teve com seu amor proibido. Eva, dominadora, não se conforma: além do in-conveniente de a filha adolescente estar grávida do ex-enteado, cujo pai Eva (Ana Beatriz Nogueira) agora odeia, um possível neto ameaçaria o sustento de toda a família, já que Ana (Fernanda Vasconcellos) – tenista promissora, com títulos e troféus – é contratada por uma poderosa empresa de artigos esportivos para representar a imagem publicitária de juventude, disciplina e saúde.

Ana cede então à chantagem da mãe, pensando também na irmã Manuela (Marjorie Estiano), jovem levemente manca, gauche e sensível. No plano engendrado por Eva (Ana Beatriz Nogueira) para livrá-las da difícil situação, farão uma viagem – período suficiente para a gestação e o nascimento do bebê – voltando em seguida. A bebê, Júlia (Jesuela Moro), suposta nova irmãzinha de Manuela e Júlia, será apresentada como filha de um caso fortuito de Eva no exterior.

Ana (Fernanda Vasconcellos) retoma a carreira de tenista, preocupada com o sustento da filha/irmã, e volta a treinar.

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Fugindo do inferno

Os conflitos entre Ana e a mãe se acirram e as discordâncias sobre a criação de Júlia são cada vez maiores. Autocentrada, Eva matricula a criança em uma creche de período integral. Afinal, já se sacrificou com muitas noites em claro por conta de filho. Exasperadas com a tirania da mãe, Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manu – mais que irmãs, amigas como jamais se viu – decidem procurar a avó, a doce Iná (Nicette Bruno), em Gramado, onde pretendem se estabelecer e criar Júlia.

Na calada da noite, Ana e Manu pegam um carro e partem em segredo, levando a pequena Júlia. Ao volante, Manu, passa sobre um buraco na pista, o carro capota e afunda num lago, do qual ela rapidamente emerge, trazendo Júlia nos braços. Já Ana, retirada de lá algum tempo depois, entra num coma profundo e, segundo os médicos, irreversível.

À beira da cama da amada desacordada, Rodrigo, arrasado, confessa seu amor. A cena destrói o coração de Manu que, num ímpeto, revela ao rapaz toda a verdade: Júlia é, na verdade, filha dele com Ana (Fernanda Vasconcellos). A descoberta tem, para Rodrigo, o sabor de um renascimento. E ele promete à inconsciente Ana resgatar e cuidar para sempre da filha dos dois.

Movido pela paixão, Rodrigo entra na justiça e, após o teste de DNA, consegue a guarda de Júlia, deixando Eva judicialmente encrencada. Revoltada com a filha por tê-la denunciado ao ex-enteado e agora genro, Eva expulsa Manu de casa.

Na casa de Rodrigo, a situação não é diferente: Jonas, pai autoritário – empenhado em fazer do filho seu sucessor nos negócios da família – o ameaça: ou o rapaz desiste de desgraçar a própria vida, atrapalhando estudos e a carreira para assumir sozinho, antes dos vinte anos, a paternidade de uma criança – e ainda por cima filha de quem é! – ou o faça longe dali!

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Juventude roubada

Rodrigo sai de casa desarvorado, sem dinheiro ou perspectiva profissional, levando consigo a filha pequena. Sem saber o que fazer, ou aonde ir com a criança, busca refúgio na casa da avó de Manu, em Gramado.

Vivendo com vó Iná (Nicette Bruno), íntegra e trabalhadeira, Rodrigo e Manu dividem os cuidados com Júlia. É duro terem a juventude, os estudos, as festinhas subitamente roubados. Mas o bom coração de ambos fala mais alto e, guiados pelo amor comum à irmã/amada, prosseguem compartilhando cada dificuldade e cada pequena alegria, lutando para dar a Júlia o que Ana certamente lhe daria, se não estivesse inerte sobre a cama.

O tempo passa, o quadro de Ana parece irreversível. Júlia se desenvolve, com irresistíveis sorrisos e gracinhas. Mais do que ampará-los, Iná dá força para que Manu invista num relacionamento com Rodrigo.

De fato, do apoio mútuo entre Rodrigo e Manu, em meio a tanto desespero, nasce um forte sentimento, diferente da paixão entre homem e mulher, porém próximo do mais nobre amor possível entre um e outro. Em uma noite encantadora em família, Júlia dá seus primeiros passos e chama os dois de ‘papai’ e ‘mamãe’. E então… Rodrigo e Manu se beijam.

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Quatro anos depois

A história salta quatro anos e encontramos Júlia crescida, alegre e seguramente amparada pelos ‘pais’, Rodrigo e Manu, que, agora casados, conseguiram prosperar. Associada a Maria (Neusa Borges) – antiga empregada de Eva, que criou as filhas da patroa com zelo e amor incomuns – Manu abriu um pequeno e bem-sucedido negócio de doces e bolos para festas. Rodrigo faz a contabilidade e os contatos da pequena empresa, formou-se arquiteto, como tanto desejava, e hoje estagia num escritório. Tudo parece caminhar a contento, até que uma reviravolta muda o rumo dos acontecimentos.

O telefone toca no pequeno apartamento de Eva, em um bairro residencial de Porto Alegre, anunciando o supostamente impossível: após quatro anos incomunicável em sua vida vegetativa, Ana acaba de despertar.

No hospital, diante da filha renascida, que ignora a passagem do tempo e implora a presença de Júlia e Rodrigo – seu único e verdadeiro amor –, Eva é impiedosa. Vinga-se de Manuela e ‘envenena’ Ana com sua versão dos fatos. Diz que Manu apropriou-se da vida da irmã assim que ela entrou em coma, tomando para si o namorado e a filha de Ana. Confusa e incrédula, Ana recusa-se a crer no relato da mãe e pede a seu médico, Dr. Lúcio (Thiago Lacerda), que traga a irmã até o hospital.

Diante de Júlia, Rodrigo e Manu (que, destroçada, confirma o que Eva contara à irmã), Ana experimenta sentimentos ambivalentes: alegria por reencontrar a filha feliz e saudável; gratidão à irmã pelos cuidados com a menina; o sufocado e proibido amor por Rodrigo; ciúme e cobiça por uma vida que deveria ter sido a sua; ternura ao ver a irmã deficiente, outrora rejeitada, casada e aparentemente feliz; mágoa por ter sido tão fácil e simplesmente substituída.

Numa conversa a sós com Ana, Manu (sentindo-se culpada pelo acidente que subtraiu quatro anos da vida da irmã e, principalmente, por ter tomado o lugar que lhe pertencia) propõe abertamente sair de cena, pois reconhece o amor que ainda une Ana e Rodrigo. Ana, porém, igualmente culpada em roubar da irmã deficiente (a vida inteira relegada por Eva) a família estável e feliz que amorosamente construiu para si, tranquiliza Manu: o que houve entre ela e Rodrigo é passado. E está interessada em Lúcio (Thiago Lacerda), seu médico, com quem descobriu ter muitas afinidades.

Mas Manuela não se convence e, diante disso, Ana inicia um namoro com Lúcio, na intenção de ‘liberar’ a irmã. Manu retoma então sua vida com Rodrigo, que também não sabe como administrar seu amor por Ana. Algum tempo se passa e, numa das ‘visitas’ de Ana a Júlia, a paixão fala mais forte.

No quintal da casa, Rodrigo e Ana conversam a sós pela primeira vez em quatro anos. Acabam de pôr Júlia para dormir, Manu está no trabalho, e Ana sente-se frustrada pela difícil comunicação com a menina, incapaz de compreender que ‘aquela é sua mãe’. Rodrigo tenta consolá-la, mas, diante dos olhos marejados da amada, ele instintivamente a abraça. O abraço terno e fraternal os conduz a uma atração incontrolável. Um ‘eu te amo’ escapa, culpado, confuso, da boca de um e de outro, e eles se beijam, ávidos, apaixonados. De volta do trabalho, Manu quase flagra a cena, mas os dois se recompõem a tempo.

No portão de casa, acompanhando Ana até o táxi, Rodrigo implora que se encontrem a sós novamente. Afinal, precisam conversar…

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Traição

Ana finalmente cede aos apelos insistentes de Rodrigo e o recebe em casa. Mas, ao entrar no prédio de Ana, ele é flagrado em segredo por Eva, que continua rondando a vida da filha. Maliciosa, Eva liga para Manu, instruindo-a a seguir imediatamente para a casa da irmã.

Dentro de casa, entre soluços, Rodrigo e Ana não sabem como resolver a difícil equação: magoar Manu seria insuportável para ambos; ao mesmo tempo, reconhecem a força do sentimento que ainda existe entre eles. Tomados de culpa, amor, desespero, eles se abraçam, se beijam, despedem-se e, um minuto depois, beijam-se de novo. A paixão fala mais alto… Mas Manu entra pela porta dos fundos e, incrédula e chocada, flagra a cena.

Sentindo-se mortalmente traída, Manu separa-se de Rodrigo e deixa a casa. Indiferente aos pedidos de perdão de Ana, embarca para outro estado e se emprega numa doceria.

Embora arrasado pela dor causada à Manu, Rodrigo acredita que não há como fugir à verdade, e pede a Ana que dê tempo ao tempo: aos poucos tudo será assimilado e eles poderão viver juntos, como sempre desejaram.

Mas a partida de Manu tem um efeito devastador sobre Júlia. Sua ‘mamãe’ lhe foi subitamente tirada, e agora querem lhe empurrar uma estranha. A cada nova visita, Júlia rejeita Ana abertamente, em crises de birra, febre, cólicas, deixando Rodrigo e Ana perplexos, impotentes, e ainda mais culpados.

Desesperada, Ana se decide: se disser sim ao pedido de casamento que Lúcio (Thiago Lacerda) recentemente lhe fez, poderá certamente trazer a irmã de volta. Assim, Ana marca casamento com Lúcio e, algum tempo depois, Manu, preocupada com o estado emocional de Júlia, retorna à cidade.

Ao dizer sim a Lúcio no altar, Ana sabe estar dizendo não à verdade e a seu próprio coração. Mas, mais que isso, dói em seu peito a ausência da irmã.

Mesmo sem retomar o casamento com Rodrigo, Manuela aceita viver com Júlia. Afinal, a menina tem nela sua referência materna. Júlia apelida a si mesma de ‘menina-bola’, pois agora vive quicando entre três lares, alternando finais de semana nas casas de Manu, de seu pai e de Ana, sua mãe biológica.

A presença de Júlia na vida do casal recém-formado é especialmente benéfica para Lúcio, que estéril, não pôde realizar o sonho de ser pai e passa a dedicar atenção especial à menina.

Os encontros entre todas as ‘mães’ e ‘pais’ de Júlia (Ana, Manu, Rodrigo e, agora, Lúcio) são raros e esporádicos: aniversários, um ou outro evento escolar. Ainda assim, em cada uma dessas ocasiões, a tensão entre eles é visível: Ana e Rodrigo constrangidos; as irmãs trocam palavras formais e obrigatórias; Manu e o ex-marido desconfortáveis um diante do outro. E é justamente aproveitando uma dessas ocasiões que Ana tenta quebrar o gelo com a irmã.

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Amor e ódio

Mas Manu é dura, franca e direta: prefere que sigam deste modo, afastadas. Ana destruiu sua confiança: negava o que sentia por Rodrigo enquanto mantinha um caso secreto com ele. E agora pretende destruir a boa-fé de Lúcio, usando-o para expiar sua culpa.

Ana mal reconhece a irmã amorosa com quem sempre tivera uma aliança inquebrantável: juntas, as duas suportaram a tirania de Eva. Graças ao apoio mútuo, sentiram-se amparadas, mesmo em meio à indiferença e narcisismo maternos. E agora, como se de súbito o amor revelasse sua outra face, o ódio de Manu conta-mina Ana, que devolve furiosa cada acusação: na verdade, desde menina, Manu fora apaixonada por Rodrigo, só que nunca tivera coragem de confessar! Quem é ela, então, para lhe cobrar a verdade? Na primeira oportunidade, mesmo com Ana à beira da morte, tratou de tomar seu lugar sem a menor sombra de culpa!

Atraída pelos gritos, Júlia entra, flagrando o litígio entre suas ‘mães’. Manu pega a menina no colo e, antes de sair, sussurra ao pé do ouvido da irmã: ‘Se é em nome da minha felicidade que você está investindo na mentira desse seu casamento, eu te peço… libera o teu marido. O Lucio é um cara bacana, que não merece ser usado por alguém como você!’.

Abalada pelas palavras da irmã, Ana decide romper o casamento com Lúcio, que fica arrasado. Em pouco mais de um ano de relação, além de sinceramente apaixonado por Ana, Lúcio foi capaz de construir um forte vínculo com Júlia, de quem agora se vê obrigado a se separar.

Ante o desalento de Lúcio, Ana rememora: seu despertar, ao invés de alegria, trouxe dor a todos. Sua filha teve o lar desfeito; sua irmã perdeu o marido; e Lúcio, a quem tanto preza, também foi ferido por seu egoísmo.

Presa ao passado e à paixão por Rodrigo, Ana tenta liberar a todos e a si mesma: aceita voltar ao esporte como técnica de uma tenista promissora em outro estado. Acha melhor que haja pouco ou nenhum contato, e limita-se a enviar de lá, todo mês, um cheque para sustentar a filha.

Inconformado, Lúcio busca consolo nas visitas regulares à pequena Júlia: mais que uma ex-enteada, é a referência de ‘filha’ que sempre lhe faltara.

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Tramas paralelas

Vitória e Marcos

A rígida treinadora de Ana nas quadras de tênis, Vitória (Gisele Fróes), é respeitada e temida. Obstinada, não mede esforços para conseguir o que quer. Deixou a pobreza no passado e hoje devota sua vida ao trabalho, dedicando aos filhos e ao casamento de 10 anos cada vez menos atenção. Vive a inversão moderna da mulher que trabalha fora enquanto o marido, Marcos (Ângelo Antônio), se ocupa da casa e das filhas – Sofia (Alice Wegmann) e Bárbara (Pietra Pan). Mas a equação, prática e conveniente para a fálica Vitória e o sensível Marcos, logo começará a apresentar problemas.

Na pracinha, na natação, na escola, Marcos é o único pai entre mães diligentes e atentas. Suas amigas – bonitas, femininas e maravilhadas com um pai tão participativo – se interpõem entre ele e Vitória. Em especial, a doce Dora (Mallu Gali), mãe de Olívia (Anna Rita Cerqueira), colega de Sofia.

Diminuído pela projeção profissional da esposa, em contraponto ao próprio fracasso (graduado em Direito, Marcos já tentou três vezes o exame da Ordem dos Advogados do Brasil, sem sucesso), ele busca em Dora cumplicidade e admiração.

O segredo de Vitória

A verdade é que, sob o verniz de perfeição, Vitória tem um segredo enterrado há anos, que agora volta a assombrá-la. O nome do segredo é Alice (Sthefany Brito), que procura a escola de tênis mantida por Vitória (mesmo com sua evidente inabilidade para o esporte).

Ali, Alice e Ana se conhecem e tornam-se amigas. Porém, o desinteresse de Alice pelo tênis fica cada vez mais evidente, levando Ana a questionar: por que investir tempo e dinheiro, se Alice sabe não ter vocação para o esporte? Alice revela então seu segredo: ao vasculhar em sigilo os documentos de sua adoção (seus pais de criação nunca lhe ocultaram que foi adotada), encontrou o nome da mãe biológica: Vitória Azevedo Prates, grávida aos 19, que deu em adoção uma menina branca, nascida no dia de seu aniversário.

A revelação desconcerta Ana: então Vitória, tão rígida e supostamente perfeita, ocultava semelhante detalhe de seu passado. Alice implora à Ana que guarde segredo sobre sua real identidade: um dia, quando tiver reunido coragem, com certeza irá confrontar Vitória.

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Confronto

Quando a verdadeira identidade de Alice vem à tona, causa um cataclismo entre os envolvidos: Vitória, a princípio, propõe à filha recém-descoberta manterem a relação em sigilo. Jamais disse ao marido ou aos filhos que ela existia, e é natural que agora eles não a compreendam ou aceitem. Diante da proposta ultrajante, Alice afasta-se de Vitória.

Alice

Após o confronto com Vitória, Alice segue incansável na busca de suas origens e pressiona a mãe para encontrar seu pai biológico. Vitória rebate, cruel: ‘Ok, se eu sou sua referência negativa; quero ver a qualificação que você dará a seu pai.’ E entrega à Alice o nome: Renato Nogueira Martins (Luiz Carlos Vasconcellos).

O périplo de Alice à procura do pai resulta em frustração. Anos depois, porém, ela recebe um e-mail de Renato. Ex-alcóolatra, há cinco anos em recuperação, Renato hoje é um homem sóbrio e equilibrado, porém com sérias dificuldades de reinserção social.

O encontro de Alice com Renato, longe de decepcioná-la, encherá a jovem de entusiasmo: ele é afetuoso e sensível. As afinidades entre os dois são muitas: gostam das mesmas músicas, dos mesmos filmes, das mesmas comidas etc. Emocionada, Alice promete ajudar o pai.

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Jonas e Lourenço

Após separar-se de Eva, Jonas Macedo – pai de Rodrigo – assume a relação que mantinha em sigilo com Cris (Regiane Alves), sua escultural personal trainer (a descoberta do affair, aliás, foi o motivo principal do litígio entre Eva e Jonas).

Alpinista social, a jovem agarra com unhas e dentes a oportunidade de livrar-se das ‘vacas magras’ e tornar-se a Sra. Macedo. Jonas, em típica crise de meia-idade, submete-se aos caprichos da jovem, inclusive ao praticamente impossível projeto de dar-lhe um filho.

Esperta, Cris sabe que uma criança é garantia de permanência na seleta família, e também de uma eterna e gorda parte do dinheiro do marido. O problema é que Jonas, após enviuvar da mãe de Rodrigo e Nanda, sua filha mais velha, submeteu-se a uma vasectomia.

Mas Cris insiste, manipula, chantageia: ser mãe é o projeto de sua vida, do qual não abre mão! Sem alternativa, Jonas concorda em procurar uma clínica de fertilização e recorrer a um banco de sêmen.

Ciúme

Diante do vasto ’cardápio’ de doadores oferecidos pela clínica de fertilização, Cris se deslumbra: são médicos, engenheiros, analistas de sistema, de cabelos loiros, olhos verdes; um metro e oitenta de altura, esportistas, intelectuais. Para Cris, isso parece muito chique, mas Jonas é taxativo: jamais permitirá que sua mulher carregue o filho de um daqueles homens.

Privada do direito de ser mãe, sente-se amputada do próprio desejo de ser mulher. Uma coisa é ligada à outra, etc. No desespero de brecar a arenga infernal da mulher, Jonas decide recorrer à sua solução de sempre: dinheiro. Assim, resolve procurar Lourenço (Leonardo Medeiros), seu irmão pobre e ‘fracassado’, com uma proposta que, segundo ele, resolverá a vida de ambos.

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Lourenço e Celina

Casados há 10 anos, Lourenço (Leonardo Medeiros) e Celina (Leona Cavalli) não têm filhos. Lourenço alega que antes precisa publicar seu livro (que tenta escrever há anos). Celina, entretanto, prestes a completar 40 anos, relógio biológico ‘apitando’, cobra que o marido entregue o livro de uma vez, para que possam finalmente encomendar o filho que ela tanto deseja.

Irmão mais novo de Jonas, Lourenço sempre foi a ‘ovelha negra’ dos Macedo. Ao contrário de Jonas, que sempre manifestou sua vocação para ganhar dinheiro, ele sustenta-se com o parco salário de professor universitário enquanto aguarda a chance de ter um livro publicado.

A insólita proposta de Jonas – comprar por alto preço o sêmen do irmão para dar um filho à amada – cai como uma bomba no casamento de Lourenço. Celina sequer aceita ouvir o assunto. Íntegro e sensível, Lourenço reconhece os argumentos dela, mas, no íntimo, balança diante da quantia, suficiente para que ele se dedique à literatura.

Relógio biológico

Recém-separada, aos 37 anos, Celina sabe que lhe resta pouco tempo: protelou a maternidade aguardando Lourenço. Mas agora, ao assistir o marido prosperando justamente por dar um filho a outra mulher, resolve ir à forra, buscando com outro homem o bebê que Lourenço lhe sonegara.

Com ela, acompanhamos o périplo da mulher urbana contemporânea que, perto dos 40 anos, deseja filhos, mas está solteira. Celina frequenta bares, futebol, sinuca e demais ambientes masculinos, na tentativa desesperada de vencer a batalha contra o tempo. Ansiosa e afoita, afugenta potenciais namorados, disparando, aos cinco minutos do primeiro tempo, a pergunta fatal: ‘Você pensa em ter filhos?’.

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Nanda

Instável, indisciplinada, impulsiva, Nanda (Maria Eduarda), irmã mais velha de Rodrigo, orgulha-se em ser uma pedra no sapato do pai sempre ausente. Irreverente, cética, detratora de valores como família, amor, casamento, tem prazer em afrontar Jonas.

De inteligência fina e língua extraordinariamente afiada, Nanda ironiza Cris e ri sonoramente das tentativas da nova madrasta em parecer fina, culta ou bem-nascida. Quando Cris finalmente engravida, Nanda sai de casa: decide viver uma temporada no exterior. É lá que conhece o músico Lui (Marat Descartes).

Nanda e Francisco

Instável financeiramente e pouco responsável, Lui é pai de Francisco (Victor Navega Motta). Certinho, cdf e ‘adulto’ a seu modo, Francisco tentará compensar a pouca estrutura que o cerca cuidando de Lui como se fosse responsável por ele. Mas não se entende com Nanda: ela, uma criança grande; ele, um adulto em miniatura. Porém, o destino prega uma peça na dupla, após a morte inesperada de Lui. Responsável e centrado, Francisco fará Nanda amadurecer, ao mesmo tempo em que, com ela, reaprenderá a ser menino.

Mestras de Forno e Fogão

Desde menina rejeitada por Eva, sentindo-se estranha em sua própria casa, Manu esgueirava-se para a cozinha, onde aprendeu com Maria os truques e segredos de seu festejado talento culinário. Na cozinha, o fato de ser ligeiramente manca não a prejudicava. Ao contrário, sentindo-se valorizada por Maria, aplicou-se à culinária com tamanho empenho que, aos 12 anos, já cozinhava feito gente grande.

Financiadas por seu Laudelino e ‘empresariadas’ por Rodrigo, Maria e Manu abrem o ‘Sabores da Juju’ – homenagem à pequena Júlia. O talento e a dedicação das duas fará o negócio prosperar, mudando de vez a vida de todos.

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Iná

De alma grande e gigantesco coração, Iná teve Eva aos 21 anos. Solar, libertária, ao ser abandonada pelo namorado, decidiu criar sozinha a filha, o que fez sem grandes luxos, porém com dignidade. Há anos, namora Seu Laudelino (Stênio Garcia), marceneiro de mão cheia e pão-duro de dedos cerrados. Segundo Iná, um homem maravilhoso, porém com um pequeno defeito: a sovinice.

Mulher de fibra, empreendedora e alegre, decidiu então promover um Baile da Terceira Idade, que lhe garante uma renda modesta, mas confortável, e muita alegria.

Mesmo contra a vontade de Eva, com quem não tem uma boa relação, Iná sempre manteve contato com as netas, fosse por meio de correspondência, telefonemas ou rápidas visitas ao colégio e à pracinha. É por conta desse afeto cultivado ao longo dos anos que Ana e Manu, ao fugirem com a pequena Júlia, vão buscar abrigo com a avó.

Doutor Lúcio

Médico responsável pelo caso de Ana após o trágico acidente, Lúcio é um profissional devotado. Perdeu a esposa querida para um câncer incurável. À época, por ser estéril, Lúcio e a mulher sonhavam em adotar uma criança, mas a viuvez precoce destruiu seu sonho de uma vida feliz em família. Hoje, ainda vivendo o luto desta perda, é um profissional obcecado, capaz de dar a vida pelos pacientes.

Generoso e altruísta, desenvolve um trabalho social importante. Conheceu Ana quando a tenista foi até a ONG que coordena disposta a participar do projeto social. A moça, porém, nunca mais apareceu. Depois do acidente, ele se recorda do encontro com a moça e passa a acompanhar o seu quadro clínico e a fazer parte da vida íntima daquela família.

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