Uma das novidades do mês de junho no Globoplay será o lançamento de Locomotivas, clássica trama da década de 1970. A novela será disponibilizada na íntegra por meio do Projeto Resgate, que lança, a cada duas semanas, uma novela do arquivo da Globo na plataforma de streaming.

Lucélia Santos

Estrelado por Eva Todor, Aracy Balabanian, Lucélia Santos (foto acima), Dennis Carvalho e Elizangela, o folhetim fez um enorme sucesso na faixa das 19h, consagrando o autor Cassiano Gabus Mendes como um dos “reis” do horário.

Há dois anos, o título foi considerado para a vaga de O Salvador da Pátria (1989) no Canal Viva, mas acabou substituído, sem explicações, por Amor com Amor se Paga (1984).

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Belas e intrépidas

Locomotivas - Aracy Balabanian e Lucélia Santos
Divulgação / Globo

Locomotivas girava em torno da família de Kiki Blanche (Eva Todor), uma ex-vedete que abriu um salão de beleza de sucesso. Ela teve uma filha biológica, Milena (Aracy Balabanian), a administradora do salão, e adotou outros quatro herdeiros: Fernanda (Lucélia Santos), Paulo (João Carlos Barroso), Renata (Thaís de Andrade) e Regina (Gisele Rocha).

No entanto, a harmonia familiar fica ameaçada depois que Milena começa a namorar Fábio (Walmor Chagas). Isso porque Fernanda, uma jovem um tanto rebelde e inconsequente, fica interessada no namorado da irmã e passa a investir nele.

Assim, quando Fabio pede Milena em casamento, a filha de Kiki se recusa e acaba abrindo mão do amado. Os motivos dela são revelados adiante: na verdade, Milena é a mãe de Fernanda, e, por isso, decide desistir do amado em nome da felicidade da filha. Com o fora de Milena, Fabio acaba se envolvendo mesmo com Fernanda.

Pioneira

Locomotivas - Eva Todor
Vieira Queiroz

Após o sucesso de Anjo Mau (1976), o autor Cassiano Gabus Mendes emplacava sua segunda novela no horário das sete da Globo. O êxito de Locomotivas fez com que o autor consolidasse de vez seu nome na faixa, na qual escreveu clássicos como Marron Glacê (1979), Plumas e Paetês (1980) e Elas por Elas (1982).

A ideia do novelista era homenagear as grandes musas do teatro de revista, como Virgínia Lane, Nélia Paula e Mara Rúbia. Elas foram a inspiração para a criação de Kiki Blanche, que marcou a estreia de Eva Todor em novelas da Globo. Por isso, a trama era recheada de belas mulheres, daí o título Locomotivas – gíria da época para mulher bonita.

Locomotivas foi a primeira novela da emissora a ser toda a gravada em cores na faixa das 19h – sua antecessora, Estúpido Cupido (1976), teve somente seus dois últimos capítulos coloridos.

Homenagens

Locomotivas - Dennis Carvalho e Elizangela
Divulgação / Globo

Exibida entre 1º de março e 12 de setembro de 1977, Locomotivas se tornou um dos grandes marcos da faixa das sete da Globo. Tanto que, até hoje, ela é bastante lembrada, seja pela figura marcante de Kiki Blanche, ou pela icônica abertura.

A vinheta que abria a novela, aliás, passava longe da pirotecnia, mas, ainda assim, marcou a trama. A abertura mostrava uma modelo sendo maquiada por dois profissionais de beleza numa típica cadeira de salão, ao som do instrumental Maria Fumaça, da Banda Black Rio. No final, ela se levantava da cadeira e socava a câmera com uma luva de boxe (!).

A trama foi homenageada no remake de Ti Ti Ti (2010), no qual Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari faziam referências a inúmeras novelas de Cassiano Gabus Mendes. Além da presença da própria Kiki Blanche, numa participação especial de Eva Todor, a novela também reproduziu a abertura em uma sequência em que Amanda (Thaila Ayala) e Desirée (Mayana Neiva) são maquiadas.

Locomotivas foi reprisada pela Globo em 1978, na faixa das 13h30 e, posteriormente, ganhou um novo repeteco em 1986, na faixa das 18h – num hiato entre Sinhá Moça e Direito de Amar (1987). Ela também ganhou um compacto em formato de telefilme no Festival 15 Anos (1980).

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor