Rejeição fez Globo explodir novela que estreava há 26 anos

25/05/2024 às 10h14

Por: André Santana
Imagem PreCarregada
Adriana Esteves em Torre de Babel

Há 26 anos, a Globo estreava uma novela que deu o que falar. Com o slogan “forte, verdadeira, emocionante”, Torre de Babel entrou no ar em 25 de maio de 1998 e chocou a família brasileira com altas doses de violência.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Adriana Esteves em Torre de Babel

Adriana Esteves em Torre de Babel

A trama de Silvio de Abreu foi tão rejeitada que o autor se viu obrigado a aproveitar a explosão de um shopping center para se “livrar” de personagens que não caíram nas graças do público. O desastre também marcou uma mudança na narrativa, transformando Torre de Babel num novelão tradicional.

As mudanças deram certo e Torre de Babel se tornou um sucesso. Mas alcançar tamanho êxito não foi tarefa fácil.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Tony Ramos assassino

O primeiro capítulo de Torre de Babel foi um verdadeiro tapa na cara do público. Logo na primeira cena, Tony Ramos aparecia como José Clementino, matando uma mulher a golpes de pá. Já no final do capítulo, um grupo de traficantes armados invadia a mansão de César Toledo (Tarcísio Meira) e Marta (Gloria Menezes).

A novela contava a história de Clementino, um homem humilde que mata a esposa após flagrar uma traição. O empresário César Toledo era a principal testemunha do crime e dava um depoimento decisivo para que Clementino fosse condenado à pena máxima.

LEIA TAMBÉM:

Assim, Clementino passa 20 anos na cadeia alimentando um desejo de vingança contra César. Ao descobrir que o inimigo está prestes a inaugurar o Tropical Tower Shopping, um nababesco centro de compras num espaço nobre de São Paulo, Clementino cria um plano para explodi-lo.

Personagens rejeitados

Marcello Antony em Torre de Babel

Marcello Antony em Torre de Babel

Os primeiros capítulos de Torre de Babel afugentaram o público. Os espectadores não estavam acostumados a ver Tony Ramos, normalmente o bom-moço das novelas, encarnando um assassino cruel.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Outros personagens também não caíram nas graças do público, como o violento Agenor (Juca de Oliveira), pai de Clementino e dono de um ferro-velho. Guilherme (Marcello Antony), filho de César e Marta que tinha problemas com drogas, também não agradou.

Além disso, o casal lésbico formado por Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Silvia Pfeifer) causou polêmica. Estava previsto que Rafaela morreria e Leila se aproximaria de Marta, a princípio como amiga.

Mas a possibilidade de a personagem de Gloria Menezes se envolver com outra mulher também fez o público torcer o nariz.

Explosão providencial

A explosão do Tropical Tower Shopping aconteceu no capítulo 45 de Torre de Babel. Clementino, claro, se torna o principal suspeito pelo crime, mas ele alega que seus planos foram roubados por alguém que tentava incriminá-lo. O personagem, aliás, perdeu o ar sombrio ao se apaixonar por Clara (Maitê Proença).

Além de instaurar um mistério que só é solucionado no último capítulo, a explosão do shopping também serviu para que a novela mudasse o que não estava funcionando. Diante da polêmica do casal lésbico, Silvio de Abreu optou por matar também Leila na explosão – inicialmente, apenas Rafaela morreria.

Já estava prevista a morte de Guilherme e o desaparecimento de Agenor no desastre. No entanto, o personagem de Juca de Oliveira só retornou no último capítulo. Com o sumiço de Agenor, o núcleo do ferro-velho ganhou uma recauchutada no cenário, que deixou de ser um ambiente sujo e ficou mais agradável.

Além disso, com a explosão, Torre de Babel mudou a narrativa, tornando-se mais folhetinesca. A trama passou a focar no romance de Henrique (Edson Celulari) e Celeste (Letícia Sabatella), ameaçados pela psicopata Angela Vidal (Claudia Raia).

“Às vezes, a novela não dá grande audiência na estreia – como Torre de Babel, que assustou o público no começo. Aí, eu deixei de lado a análise psicológica, traí minha ideia original, contei a história em tom folhetinesco, e o povo embarcou na emoção. Mas aquilo me desagradou”, lamentou o autor à Folha de S. Paulo, em 20 de janeiro de 2002.

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.