A Globo vive uma fase “nostálgica”. A emissora vem revisitando clássicos da teledramaturgia, com os remakes de Pantanal (2022), Elas por Elas e Renascer. A próxima da lista deve ser Vale Tudo (1989), que, de acordo com diversos órgãos de imprensa, vai ganhar uma nova versão em 2025.
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No entanto, não é a primeira vez que a Globo aposta num remake de Vale Tudo. E a primeira experiência neste sentido foi um verdadeiro fiasco. Em 2002, a emissora produziu uma versão da novela voltada para o mercado internacional, mas o folhetim foi um fracasso.
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Parceria internacional
Em 2002, a Globo fechou parceria com a hispânica Telemundo para a produção de novas versões de suas novelas, voltadas para o público latino residente nos EUA. A ideia era produzir várias tramas, que seriam gravadas no Brasil com elenco hispânico, e com divisão de custos.
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Vale Tudo, considerada uma das maiores novelas brasileiras de todos os tempos, foi a escolhida para abrir os trabalhos. Chamada de Vale Todo, a trama de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères foi adaptada por Yves Dumont, conhecido por novelas como Estrela de Fogo (1998) e Louca Paixão (1999), da Record.
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O elenco reunia diversas estrelas hispânicas. Itatí Cantoral, a Soraya de Maria do Bairro, foi a escolhida para viver Raquel, personagem de Regina Duarte na versão brasileira. Já a vilã Maria de Fátima, de Gloria Pires, foi encarnada pela estrela Ana Claudia Talancón. Por fim, a megera Odete Roitman – rebatizada como Lucrecia Roitman – foi interpretada pela atriz cubana Zully Montero.
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Deu tudo errado
Vale Todo foi toda gravada nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, e contou até com uma participação especial ilustre: Antonio Fagundes, o Ivan da primeira versão, fez uma ponta como pai de Raquel, interpretado por Sebastião Vasconcelos no original.
Mas, apesar do tamanho investimento, a trama não foi bem-recebida pelo público latino. A trama não atingiu a audiência esperada, obrigando a Globo a intervir. A emissora chegou a escalar o veterano Walther Negrão para tentar corrigir os rumos da obra e reverter o fiasco.
“Eles esperavam um estouro, mas apesar de estar entre as cinco novelas mais assistidas da emissora, ela não foi”, afirmou o autor à Folha de S. Paulo, em 10 de novembro de 2002.
Negrão adiantou acontecimentos e atenuou a conotação política do enredo. Ainda assim, o folhetim não reagiu e foi encurtado, passando de 150 capítulos previstos para 100. Na época, foi constatado que o público rejeitou a ambientação no Rio de Janeiro, com os atores falando em espanhol, e que houve um erro na escolha da trama, que narrava um duelo entre mãe e filha.
“A mãe é a virgem Maria, é como uma figura sagrada”, argumentou Ana Cláudia Talancón, explicando os motivos de o público hispânico, conservador, ter rejeitado a história.
Fim da parceria
Com o fracasso de Vale Todo, Globo e Telemundo desistiram de produzir outras tramas em parceria. Na época, os canais cogitavam novas versões de clássicos, como Anjo Mau (1976), O Astro (1977), Baila Comigo (1981), Rainha da Sucata (1990) e Mulheres de Areia (1993).
Apesar da experiência mal sucedida, Globo e Telemundo voltaram a firmar parceria anos depois, produzindo novas versões de O Clone (2001) e Fina Estampa (2011), chamadas de El Clon (2010, foto acima) e Marido en Alquiler (2013), que fizeram sucesso.
Já no Brasil, a Globo ainda não confirma oficialmente uma nova versão de Vale Tudo. No entanto, são fortes os rumores de que o remake do clássico já foi o escolhido para substituir uma novela de João Emanuel Carneiro na faixa das 21h – que, por sua vez, entra logo depois de Renascer. Manuela Dias, de Amor de Mãe (2019), teria sido a autora escolhida para assinar a nova versão.