Marcelo Rezende sempre teve opinião forte e, sem medo algum, tornou-se um repórter investigativo de respeito, enfrentando ameaças e perigos. E assim foi até o fim de sua vida.

Rezende vivia um grande momento de sua carreira como apresentador do Cidade Alerta, na Record, no qual misturava notícias policiais com bom humor. Porém, em maio de 2017, o jornalista começou a sentir dores abdominais e, depois de se sentir mal ao beber um vinho, procurou um médico e fez uma bateria de exames.

A imprensa, então, começou a especular qual seria o problema de saúde do jornalista, que se ausentou do jornal.

Um inesperado diagnóstico

Cidade Alerta

Em 14 de maio daquele ano, em entrevista ao Domingo Espetacular, Rezende declarou que recebeu o diagnóstico de um câncer pancreático com metástase no fígado.

“De repente, eu descubro, do dia para a noite, que estou doente. Só de falar a palavra, parece que o mundo desaba. Desaba coisa nenhuma. Homem não foi feito pra ter medo. Homem que tem fé não tem medo”, afirmou.

Afastado da televisão, Rezende começou a fazer o tratamento, que envolvia sessões de quimioterapia, que o deixavam com fortes efeitos colaterais. Por fim, o apresentador decidiu não seguir com o método proposto e foi em busca de uma nova forma de cura para a doença.

Uma decisão polêmica

Amigos e familiares não concordaram com a decisão do artista. Porém, este não desistiu da ideia e seguiu em frente.

Segundo a revista Veja, Rezende buscou orientações de um bispo da Igreja Universal. Além disso, foi com seu amigo Geraldo Luís a Goiás, para se encontrar com João de Deus, posteriormente preso acusado de cometer abusos. O médium disse que o caminho seria seguir o tratamento com o nutrólogo Lair Ribeiro, que vendeu inúmeros livros nas décadas de 1990 e 2000.

Ribeiro, que muitas vezes sofreu críticas da comunidade médica por seus métodos alternativos, relatou à Veja como foi seu encontro com Rezende.

“Falei só para ele reduzir carboidratos”, disse.

No entanto, segundo a publicação, eles sempre se falavam. A saúde do jornalista só piorava e, cada vez mais, ele vinha emagrecendo e sofrendo fortes dores em consequência da doença.

“Quando Marcelo foi internado, Lair Ribeiro ficou uma hora com ele ao telefone, dizendo que a dor é o caminho da cura”, relatou um parente do apresentador à Veja.

Os amigos do jornalista, por meio das redes sociais, pediam que ele voltasse à forma tradicional de tratamento: a quimioterapia.

“Amigo Marcelo Rezende, dá muito trabalho para fazer um médico! Por favor, volte pro hospital e ajude Deus a te ajudar! Ele e nós te pedimos”, escreveu Milton Neves.

A busca da cura na fé

Cidade Alerta - Marcelo Rezende

Em um vídeo publicado em julho de 2017, Rezende rebateu as críticas e disse que Deus estava ao seu lado na busca da cura.

“Uma das coisas que me deixaram triste, foi quando desisti da medicina tradicional e algumas pessoas me chamaram de covarde. Mas como posso ser covarde se cada passo que dou é orientado pelo meu Pai? Foi a melhor decisão que tomei, e não tomei porque eu quis, foi porque Deus quis. Estou me recuperando e a cura está cada vez mais perto”, justificou Marcelo.

Com o passar dos meses, a doença foi tomando conta do corpo do jornalista, que estava cada vez mais debilitado. Na porta de sua casa, uma ambulância permanecia a postos para qualquer eventualidade.

Infelizmente, em 16 de setembro de 2017, aos 65 anos, Marcelo Rezende morreu de falência múltipla dos órgãos em decorrência de complicações do câncer de pâncreas.

Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo e sua família ergueu um brinde a ele com seu vinho preferido – o francês Château Petrus.

Em seu último vídeo, gravado em 3 de setembro, Marcelo mostrou toda a sua coragem e a sua inabalável fé na cura da doença.

“Mais importante é que estou firme. E estar firme é aqui (aponta para a cabeça), onde a mente funciona, e eu tô firme para enfrentar os baixos, até chegar o momento em que o alto vai deslizar. E aí a cura vai chegar. Tenho certeza dela, porque Deus está comigo, Deus está contigo”.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor