Record TV reestreia Luz do Sol nesta segunda (15); relembre tramas e bastidores

15/01/2018 às 0h30

Por: Duh Secco
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A Record TV reexibe, a partir desta segunda-feira (15), 15h, a novela Luz do Sol. Tal e qual a concorrente Globo, a emissora buscou um folhetim já “velhinho” para substituir a bem-sucedida reapresentação de Ribeirão do Tempo (2010) – que chegou a registrar índices superiores aos das tramas do horário nobre, Belaventura e Apocalipse. Praticamente onze anos separam a exibição original de ‘Luz’ desta reposição. Contudo, diferente da produção “velhinha” em cartaz no Vale a Pena Ver de Novo, Celebridade (2003), Luz do Sol não foi, propriamente, um sucesso. Possui, contudo, muitos méritos. O TV História resgata agora tramas e bastidores do mais novo repeteco das tardes; confira!

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– Coautora de Tieta (1989), Pedra Sobre Pedra (1992) e Fera Ferida (1993) – todas com Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares – Ana Maria Moretzsohn migrou para a Band em meados da década de 1990. Após três folhetins, regressou à Globo, onde atuou no núcleo das 18h. Em 2005, afastada do vídeo há praticamente três anos, retomou a parceria com a Band. Mas o departamento de teledramaturgia do canal, na época comandado por Herval Rossano, acabou “fechando as portas”. Moretzsohn seguiu então para a Record TV.

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– Foi o filho, Alexandre, quem fez a ponte entre a mãe e a emissora. O rapaz já era contratado da casa, onde exercia a função de assistente de direção de Ivan Zettel, responsável por Luz do Sol. O outro rebento de Ana Maria, Guga Coelho, integrou o elenco da produção. A autora também é mãe de Patrícia, sua colaboradora em vários trabalhos; nesta época, a moça havia acabado de ingressar na Globo, respondendo pela temporada de Malhação lançada em outubro de 2007.

– Neste seu primeiro (e único) trabalho na casa, Moretzsohn apostou forte em novas configurações familiares. O enredo partia do desaparecimento de Drica (a menina Bárbara Alvarez), filha do casal Stella (Luiza Tomé) e Freddy (Giuseppe Oristânio). O ocorrido acaba por unir a desestruturada família: o empresário, que recentemente impedira (com algumas falcatruas) que um grande empreendimento fosse à bancarrota, sustenta a sogra Maria Eugênia (Eliana Guttman) e o cunhado Leonardo (Guga Coelho). Todas as intrigas são acompanhadas, de perto, pelo mordomo Juarez (Bemvindo Sequeira).

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– Apesar dos esforços do clã Alcântara Diniz, Drica (agora Luma Costa) só é encontrada anos depois, morando numa casinha humilde, na praia de Saquarema (litoral do Rio de Janeiro), ao lado dos pais adotivos Eliana (Patrícia França) e Agenor (Leonardo Brício), um homem desajustado. Alvo do interesse do “irmão” Vicente (Eduardo Pires), Drica – agora chamada Maria Rosa – sofre com o choque que toma ao se deparar com sua verdadeira origem: a mãe biológica gasta com roupas o que a mãe adotiva usa para sustentar toda a casa.

– A nova realidade ainda reserva para Drica a hostilidade da irmã Isabela (Karen Marinho), que sempre a detestou. “Maria Rosa” também desperta a paixão de Bernardo (Thiago Gagliasso), herdeiro de Milena (Bete Coelho) e William (Floriano Peixoto). Bernardo e o irmão, Pedro (Bruno Ferrari), só encontram amparo no avô, Rodolfo (Paulo Figueiredo), já que os pais estão mais preocupados em manter as aparências e o caixa de seus negócios. Pedro é o eterno admirador de Nina (Juliana Silveira), que tenta convencer os pais, Belquiss (Françoise Forton) e Marcelo (José Roberto Jardim), a retomarem a relação.

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– Outro avô importante na narrativa é Nicanor (Gracindo Jr), que auxiliou o filho Tom (Petrônio Gontijo) a cuidar de Georgi (Raquel Fabbri). A garota carrega problemas de autoestima por julgar-se responsável pela morte da mãe, Georgiana (Susana Werner), no parto. Em dado momento, Georgi se une ao amigo Joaquim (Duan Socci) para estabelecer a paz entre Tom e Verônica (Paloma Duarte), mãe dele. Donos de lojas vizinhas em um shopping center, os dois vivem em atrito – ele, desacredita no amor; ela busca encontrar sua alma gêmea em sites de relacionamento.

– A produção cogitou, a princípio, gravar em um cruzeiro marítimo. A ideia, contudo, acabou abortada – em 2012, Lauro César Muniz inseriu uma viagem de navio nos capítulos iniciais da controversa Máscaras. Luz do Sol girava em função da água: dos esportes marítimos – Drica e Bernardo praticavam surfe – aos estaleiros, principal negócio de Freddy e William.

– O atraso na produção contribuiu para o cancelamento das sequências a bordo de um navio. O diretor-geral, Ivan Zettel, comprometido com Cidadão Brasileiro (2006), tardou a dar o “start” nos trabalhos de ‘Luz’. A estreia, agendada para 6 de março, terça-feira, acabou adiada para o dia 21, uma quarta-feira – quando a Record TV costumava abrir vantagem sobre a Globo, com os “capítulos especiais”, carregados de violência, de Vidas Opostas.

– Cada capítulo de Luz do Sol custou cerca de R$ 150 mil. A equipe lançou mão de recursos cinematográficos, como um caminhão munk, espécie de guindaste que direciona a luz no set de filmagem (conferindo mais agilidade às gravações), e um mini helicóptero, utilizado nas externas em arcos e túneis.

– A trama também demorou a encontrar um título. Nascida A Estranha – uma referência a Drica, quando instalada no ambiente familiar do qual fora privada ainda na infância -, a novela passou a se chamar Segredos de Família e, posteriormente, Amor Perfeito.

– A opção por Luz do Sol acabou por influenciar a escolha do tema de abertura: ‘Luz do Sol’, composição de Caetano Veloso, na voz de Jorge Vercilo. A vinheta, de início, contaria com a versão de Felipe Dylon para ‘Garota dourada’ – de Lee Marcucci, Nelson Motta e Wander Taffo, eternizada pelo grupo Rádio Táxi.

– Felipe Dylon, aliás, participou do folhetim. Assim com o nadador Fernando Scherer, o Xuxa.

– Nas primeiras listas de elenco, figuraram os nomes de Kito Junqueira, Lucélia Santos e Mônica Carvalho, recém-saídos de Cidadão Brasileiro. Também Thaís Fersoza, presente na antecessora, Bicho do Mato (2006). Luana Piovani foi o primeiro nome pensado para Georgiana; Susana Werner foi quem se encarregou da personagem, em breve aparição nos primeiros capítulos.

– A Record TV, contudo, conquistou o passe de Juliana Silveira, estrela do sucesso infanto-juvenil Floribella (2005), na Band. Foi justamente para não “afrontar” o público mirim – e prejudicar seus lucros com licenciamento e afins – que Juliana declinou do convite da Globo para viver uma prostituta em Paraíso Tropical (2007). No acerto com a casa na qual está até hoje, fora incluída, além de participações em novelas, a possibilidade de apresentar um programa infantil (que nunca veio).

– Escalada logo no início da pré-produção, Elke Maravilha só se integrou aos trabalhos após se recuperar de uma cirurgia no fêmur. Sua personagem, Urânia, aparecia sempre sentada nas primeiras cenas. Outra habitual jurada do Show de Calouros, de Silvio Santos, também deu as caras em Luz do Sol: Sônia Lima (Ângela, jornalista que investiga o sumiço de Drica).

– Todos os estabelecimentos comerciais foram batizados com nomes pertencentes à língua portuguesa. Foi uma opção de Ana Maria Moretzsohn ao tomar a Barra da Tijuca como cenário, numa espécie de crítica ao bairro, que então ostentava lojas com letreiros em inglês e abrigava, inclusive, uma imitação da nova-iorquina Estátua da Liberdade.

– Luz do Sol estreou com 12 pontos de audiência na Grande São Paulo, atrás da Globo (39) e à frente do SBT (4). Os números, contudo, foram caindo até chegar a alarmantes 7,3 no sábado, 24 de março. Precipitada, a Record TV desandou a editar capítulos, para tornar a narrativa “mais dinâmica”. Os números, contudo, só subiram quando a novela passou a bater de frente com Paraíso Tropical, então em crise. Nesta época, ‘Luz’ se estabilizou nos dois dígitos (12 pontos). Mas a emissora, sempre jogando contra a teledramaturgia, tornou a veicular a novela às 20h30. Com isso, a audiência voltou a cair.

– Com 9,2 de média final, Luz do Sol superou apenas Essas Mulheres (2005, com 8,7 pontos) no ranking do horário de novelas lançado pela Record TV em 2004 (19h – 21h). À frente da produção ficaram Prova de Amor (2005, com 16,8), A Escrava Isaura (2004, com 12,7), Bicho do Mato (11,3) e Amor e Intrigas (2007, com 11,9; contudo, esta fora remanejada para a faixa das 22h30 em sua reta final).

– Em 2008, a obra conquistou o prêmio de melhor novela no Festival de Cinema e Vídeo de Natal.

– Luz do Sol foi reapresentada na Rede Família, empresa do Grupo Record, em 2015, às 21h.


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