Considerado um dos grandes repórteres da televisão brasileira, Arnaldo Duran foi dispensado pela Record no final de dezembro. O profissional, que era repórter especial do Domingo Espetacular, trabalhou durante 17 anos na emissora de Edir Macedo.

Arnaldo Duran
Arnaldo Duran

Acostumado a dar a notícia, Arnaldo Duran virou notícia em 2016, quando foi diagnosticado com a síndrome de Machado-Joseph, uma doença degenerativa do sistema nervoso. A enfermidade, que afeta os músculos e o equilíbrio, não tem cura.

[anuncio_1]

“Estou em choque”

Arnaldo Duran foi demitido da Record depois de 17 anos de bons serviços prestados. O repórter foi contratado pela emissora em 2006, numa época em que a Record fazia inúmeros investimentos em programação. O canal atraiu vários nomes vindos da Globo oferecendo altos salários, e Duran foi um dos profissionais conquistados.

De lá para cá, ele passou por todos os programas jornalísticos do canal, como o Jornal da Record. Nos últimos anos, vinha produzindo reportagens especiais para o Domingo Espetacular, uma das maiores audiências da emissora.

Em entrevista ao site F5, da Folha de S. Paulo, Duran afirmou ter ficado surpreso com a dispensa.

“Ainda estou em choque. Meus chefes disseram que foi uma decisão administrativa para contenção de despesas, sobre a qual não tiveram ingerência”, revelou.

[anuncio_2]

Doença sem cura

 

A demissão de Arnaldo Duran chamou a atenção porque o repórter luta há anos contra uma doença incurável. Em 2016, ele foi diagnosticado com a síndrome de Machado-Joseph, uma doença degenerativa do sistema nervoso.

Em entrevista ao programa de Gugu Liberato, em 2016, o jornalista abriu o coração e revelou como lidou com o diagnóstico.

“Eu tive dificuldade para falar para as crianças, porque é uma doença hereditária… Eu tive dificuldade para falar com eles, tive a dificuldade inicial de aceitar! Porque eu tive medo, Gugu! Muito, muito medo. Eu passei uma noite em casa no Rio, sentado no sofá, chorando e chorando, e com medo. Tinha medo do futuro. Como vai ser?”, contou.

Desde então, Duran vem tratando os sintomas da doença, como a falta de coordenação dos movimentos musculares e a falta de equilíbrio. Ele, inclusive, quase perdeu a fala por conta da síndrome, mas conseguiu recuperá-la por causa do tratamento.

[anuncio_3]

Mudança

Arnaldo Duran é jornalista há mais de 40 anos, com passagens pela Manchete, SBT e Globo, de onde saiu em 2006 rumo à Record. Na época, ele falou ao Diário do Grande ABC sobre a mudança.

“Resolvi aceitar o convite por ser uma pessoa irrequieta, que não consegue ficar parada num mesmo lugar por muito tempo. Na minha ida para a Record vislumbrei a possibilidade de crescimento profissional, do mesmo modo que aconteceu das outras vezes em que troquei de emissora. Também pesou o fato de possivelmente apresentar o Jornal da Record aos sábados. Acho instigante a apresentação de um telejornal. Além disso, não vou estar na escala do dia-a-dia, nem fazer plantão na reportagem nos fins de semana. Vou para a Record para fazer reportagens especiais sobre comportamento, que é a minha praia”, comemorou.

A demissão de Arnaldo Duran integra a lista de cortes que a Record vem fazendo desde o ano passado. A redução afeta, principalmente, o jornalismo da emissora, que conta com profissionais com altos salários. Em 2022, a Record registrou um prejuízo de R$ 517 milhões.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor