Você já imaginou uma trama como Gabriela, com toda a sensualidade da protagonista e crítica social dos personagens, sendo exibida na atual fase da teledramaturgia da Record, voltada apenas a evangelização de seus telespectadores? A trama era objeto da emissora há alguns anos, enquanto hoje fatalmente o tema seria proibido.

Juliana Paes

Na história da teledramaturgia, o remake sempre foi um artificio para atrair o público com uma história de sucesso – reformulada, utilizando de novas linguagens. Estamos vendo isso em Pantanal, que foi exibida em 1990 pela Manchete e que a Globo adaptou para os dias atuais.

Não é a primeira vez que a emissora resgata um fenômeno de outro canal… Mulheres de Areia (1993), de Ivani Ribeiro, foi exibida pela Tupi em 1973. A Viagem (1994), da mesma autora, ocupou a tela da estação pioneira em 1975. O Cravo e a Rosa (2000) é uma nova versão de O Machão (1974), também de Ivani – com Sérgio Jockyman – e da Tupi.

Louca Paixão

Outra emissora que apostou nos remakes foi a Record. Em 1999, em parceria com a produtora JPO, o canal lançou 2-5499 Ocupado, a primeira produção diária do gênero, exibida pela TV Excelsior em 1963. Em 2004, veio a adaptação de A Escrava Isaura, do romance de Bernardo Guimarães, já feita pela Globo em 1976.

De olho em Gabriela

Gabriela

A regravação abriu as portas para a retomada da dramaturgia na casa, que garantiu a vice-liderança de audiência com folga, mostrando uma nova opção para o público. No início de 2006, a direção buscava um grande sucesso para outro remake. Os olhos se voltaram para uma obra de Jorge Amado.

Gabriela, estrelada por Sonia Braga, Armando Bógus, José Wilker, Elizabeth Savala e Paulo Gracindo, foi um sucesso no Brasil e no exterior. Transmitida pela Globo em 1975, a produção firmou-se como uma das mais sensuais do gênero, em plena ditadura militar e sob o moralismo (e hipocrisia) da censura.

Walter Avancini

Alexandre Avancini, diretor da Record e filho de Walter Avancini (foto acima), que dirigiu a primeira versão da trama, apostava alto no resgate da trama.

“Meu pai era um gênio, inventou o gênero e ninguém fará uma novela melhor que ele. Vou contar a história com minha visão, sem tentar repetir o que ele fez”, disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.

O projeto não saiu do papel. Em 2012, a Globo regravou Gabriela, com Juliana Paes, Humberto Martins, Antonio Fagundes, Mateus Solano e Vanessa Giácomo.

Afinal, cadê a Gabriela?

Ivete Sangalo na novela Gabriela

E muitos se perguntam: por que Gabriela não está no Globoplay?

A Globo não tem os direitos sobre a obra, que são da Warner Bros, e por isso não pode reprisar ou disponibilizar no streaming esse grande sucesso. Agora é aguardar se teremos, futuramente, uma nova versão desse clássico da literatura.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor