O sonho de boa parte do público na primeira exibição de O Rei do Gado (1996) era de que Ralf, vivido por Oscar Magrini, na época com 35 anos e em plena forma, não morresse. O personagem chamou a atenção da mulherada mesmo sendo um tremendo cafajeste.

Oscar Magrini - O Rei do Gado
Reprodução / Globo

Tamanho sucesso fez com que a Globo alterasse o destino do personagem. Ralf não escapou de um destino trágico, mas sua morte acabou sendo adiada na novela. Ele morreu vários capítulos depois do previsto.

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Ralf de Rei do Gado morreu?

O Rei do Gado - Oscar Magrini e Silvia Pfeifer
Divulgação / Globo

Na época, até Oscar Magrini fez suspense sobre a morte de Ralf. O ator acreditava que a popularidade do tipo mulherengo, com forte apelo popular, poderia trazer o personagem de volta. O fato de continuar gravando a produção em flashbacks só aumentava essa possibilidade.

Mas Ralf morreu mesmo. O safado é enterrado após ser encontrado agonizando, depois de uma tremenda surra orquestrada por Orestes (Luiz Parreiras).

Benedito Ruy Barbosa, autor da trama, confessou que até pensou em não mandá-lo para o além, mas admitiu que a sua morte já estava planejada desde o início.

“Pensei muito em não matar o Ralf, recebi muitos pedidos. Peso muito cada coisa, senão a trama perde o sentido”, revelou à Folha de S. Paulo em 24 de novembro de 1996.

Mas não teve jeito. Ralf foi enterrado ainda vivo por Marcos (Fábio Assunção) na areia da praia, morrendo afogado com a subida da maré, para a tristeza de milhões de telespectadores do folhetim.

Deixou saudade e suspense

Benedito Ruy Barbosa
Divulgação / Globo

Mas o gigolô não partiu de qualquer jeito. Ele saiu de cena deixando no ar o suspense sobre quem foi o culpado de sua partida. Visto como batido, o famoso “quem matou?” impulsiona qualquer trama morna em audiência. Mas esse, definitivamente, não era o caso da obra que atualmente está em sua terceira reprise no Vale a Pena Ver de Novo.

“A novela é uma obra aberta. Às vezes um ator mal escalado não cria empatia com o público ou então você precisa criar uma expectativa com um crime bem bolado, como em Vale Tudo [Odete Roitman] e O Astro [Salomão Hayala]”, disse Benedito Ruy Barbosa (foto acima).

“Se uma novela vai mal, um assassinato ajuda a resolver”, assumiu Lauro César Muniz, na mesma matéria da Folha.

“É um recurso muito usado. Vai na linha da investigação, da curiosidade. Um crime pode recuperar uma trama. Claro que muitas vezes já está previsto”, concordou Walther Negrão.

Sobrevida

O Rei do Gado - Leila Lopes e Oscar Magrini
Divulgação / Globo

Mas a história de ódio entre os Mezenga e os Berdinazi era um verdadeiro fenômeno de audiência, em tornos dos 54 pontos de média, segundo a Folha publicou em novembro daquele ano, e não precisava de tal recurso.

Barbosa explicou que, no caso, a despedida do personagem já estava definida desde muito tempo. Prevista para o capítulo 32, somente foi acontecer de fato cem capítulos depois, surfando na onda da popularidade do bonitão.

“O personagem caiu na empatia popular. Teve até abaixo-assinado contra a morte dele”, ressaltou o escritor.

Com Ralf ou sem, O Rei do Gado cumpre mais uma vez o seu papel em sua quarta transmissão na tela da Globo, sendo a terceira na faixa de reprises vespertina.

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Dyego Terra

Dyego Terra é jornalista e professor de espanhol. É apaixonado por TV desde que se entende por gente e até hoje consome várias horas dos mais variados conteúdos da telinha. Já escreveu para diversos sites especializados em televisão. Desde 2005 acompanha os números de audiência e os analisa. É noveleiro, não perde um drama latino, principalmente mexicano, e está sempre ligado na TV latinoamericana e em suas novidades. Análises e críticas são seus pontos fortes. Leia todos os textos do autor