R$ 43 milhões: ida de Ratinho para outro canal se transformou em escândalo

Programa do Ratinho

Ratinho comandando o seu programa no SBT (Reprodução / SBT)

Em 1998, o mundo da televisão acompanhou a polêmica contratação de Ratinho pelo SBT. O apresentador, que na época comandava o Ratinho Livre, na Record, tinha contrato com a emissora de Edir Macedo até 2002.

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Ratinho no comando de seu programa no SBT (Reprodução / SBT)

O fato pegou todo mundo de surpresa, já que o apresentador ia muito bem na Record, com boa audiência, bom faturamento e bom salário. Na coletiva de imprensa que anunciou sua mudança, ele disse que saiu do antigo emprego pelo fato de sofrer censura.

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“Levei o (José) Serra para falar sobre câncer de colo de útero, algo útil para as mulheres, e o diretor do programa levou bronca porque precisaria passar os nomes dos políticos à emissora antes de eles irem ao ar. Só que levei o ministro da Saúde e não o político”, relatou ele na entrevista à imprensa, que foi exibida na íntegra em horário nobre pelo SBT.

O outro lado

Em uma entrevista para a revista Contigo!, Ratinho disse que foi chamado na sala do bispo Honorilton Gonçalves, então vice-presidente da emissora, para tomar bronca. Revoltada com o assunto, a Record fez um comunicado de cinco minutos expondo o outro lado da história. Então, o diretor da programação, Eduardo Lafon, disse que tal censura não ocorria:

“A conversa do Ratinho era apenas com a direção de programação, desconheço o fato de ele estar levando bronca de outra pessoa”.

Sobre a questão de ter levado o ministro da Saúde, José Serra, para o palco do programa, Lafon destacou que nunca houve censura, e sim liberdade até demais.

“Estamos em véspera de eleição, e precisamos tomar muito cuidado com a relação de participação de políticos em qualquer programa. Nunca existiu interferência na atração, e a cúpula da empresa não tinha conhecimento da participação do ministro, o que prova que o programa tinha liberdade para convidar quem quer que seja”, afirmou o diretor, que, meses depois, também iria para a emissora de Silvio Santos.

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Troca de acusações

Carlos Massa à frente do Ratinho Livre (Divulgação / Record)

Na coletiva, o apresentador afirmou que não estava trocando de emissora por dinheiro, pois ganharia o mesmo salário no SBT. No comunicado da Record, foi exibida uma foto, publicada na revista Veja, que mostrava Ratinho segurando um cheque de 9 milhões de reais.

Outro assunto muito abordado foi a multa de quebra de contato, que girava em torno de 43 milhões de reais.

“Nem me pergunte, já estou arrepiado. Deixa essa pergunta pro Silvio Santos e advogados. Eu não tenho cascalho para pagar isso e não vou me meter nesse assunto de multa”.

Já sua antiga emissora alegou que era um jogo de empurra, uma forma de dar um “calote” na rescisão milionária. A resposta foi dura:

“De repente, na surdina, age como o roedor que lhe empresta o apelido diminutivo, e, tendo um contrato a cumprir até o ano 2002, trai a Record, que o levou à fama. Motivo da saída? Um queijo enorme, recheado de milhões ofertados pelo baú do Sr. Silvio Santos. Em suma, dinheiro!”, exibia o texto do comunicado.

No final, a palavra mercenário e sua definição foram exibidas na tela.

Tudo em paz

Ratinho em sua atração no SBT (Divulgação / SBT)

A Record não tomou calote, já que Silvio Santos foi pessoalmente falar com Edir Macedo sobre os valores. O dono do baú fez uma boa negociação e pagou “apenas” 14 milhões. Ratinho fez sua estreia no SBT, onde continua até hoje no ar.

Durante muitos anos, o apresentador era “persona non grata” na Record, mas o fato virou passado e ele participou do Programa do Porchat, em 2018, relembrando sua passagem pelo canal e homenageando os 65 anos da emissora.

“Foi um grande avanço na minha carreira ter trabalhado na Record. Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida”.

Ratinho voltou à casa recentemente, desta vez na celebração dos 70 anos, dentro do Domingo Espetacular.

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