Química, personagens humanos e boas atuações fazem de ‘Cabibi’ e ‘Jeizeca’ os melhores casais de A Força do Querer

24/08/2017 às 10h00

Por: Sergio Santos
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A Força do Querer segue fazendo sucesso e angariando merecidos elogios. Glória Perez tem conseguido prender o telespectador através de bons dramas e personagens bem construídos. Mas, curiosamente, não é um folhetim com muitos romances. São poucos os casais que protagonizam momentos românticos no enredo. Ainda assim, a autora criou dois pares muito interessantes e que se beneficiam da imensa química entre os atores: Jeiza (Paolla Oliveira) e Zeca (Marco Pigossi), e Caio (Rodrigo Lombardi) e Bibi (Juliana Paes).

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O primeiro par arrebatou logo na primeira cena. O clássico jogo do “Gato e Rato” quase nunca falha na ficção. A ideia de juntar um sujeito machista com uma mulher empoderada foi uma ótima sacada da autora.

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O bronco Zeca é da fictícia Parazinho e teve uma criação em torno da ‘valorização’ da ‘macheza’, enxergando a mulher como uma figura frágil. Ou seja, algo inaceitável nos dias de hoje. Porém, o caminhoneiro é um sujeito íntegro. Mas, a passionalidade sempre foi seu maior defeito. Já Jeiza é uma mulher que luta MMA, trabalha como policial militar, sustenta a mãe e não aceita homem lhe impondo regras. Nada melhor, portanto, do que juntar esses opostos.

Glória fez exatamente isso logo no começo e acertou em cheio, deixando os dois como casal principal do enredo. Aliás, eles acabaram assumindo a função dos mocinhos da novela. Até porque Jeiza é a representação da heroína moderna, quase uma Mulher Maravilha.

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O início do relacionamento foi bastante conturbado em virtude do extremo machismo do rapaz, que não tolerava uma namorada lutadora e se indignava com a falta de tempo que ela tinha para o namoro por causa da profissão de PM.

Entretanto, em meio a muitas brigas e reconciliações quentes, Zeca começou a ‘amansar’ e melhorou bastante o seu jeito de ser. Hoje em dia virou fã da campeã de MMA, fazendo questão de incentivá-la nas lutas. Ainda apresenta algumas atitudes machistas e segue ciumento, mas isso é válido para deixar a mudança crível. Afinal, ninguém muda totalmente e do nada.

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Paolla Oliveira e Marco Pigossi estão ótimos, destacando-se merecidamente no enredo. Os próprios personagens são cativantes, despertando torcida do público que apelidou o par de “Jeizeca”. A sintonia entre os atores é visível e todas as cenas do casal transbordam química. Tanto que Glória Perez já escreveu várias sequências de sexo para os dois, aproveitando o sucesso e a temperatura elevada do par.

A autora, inclusive, não esperava tamanho êxito, pois seu plano inicial era separá-los e juntar a policial com Caio. Era para ter acontecido há um bom tempo, aliás. Mas, só começou a ocorrer agora, a dois meses do final da novela.

A demora, obviamente, deixou essa aproximação um pouco forçada e a própria escritora já não esconde que também se encantou pela lutadora com o caminhoneiro. Eles claramente se amam, embora ele não tenha superado a separação da ex (Ritinha – Isis Valverde). A junção da policial com o advogado é apenas mais um conflito para afastá-la temporariamente de Zeca, além de aumentar a fúria de Bibi.

Isso porque a agora bandida da história sempre amou Caio. Entretanto, a paixão por adrenalina a fez abandonar um homem que era seu porto seguro no passado para se juntar a um sujeito que sempre foi um encostado, mas lhe proporcionava ‘aventuras’ amorosas.

Com o tempo, Rubinho (Emílio Dantas) acabou se revelando um mau-caráter, entrando no mundo do tráfico de drogas. Mesmo diante de todas as evidências, a personagem continuou ao lado do marginal, defendendo-o cegamente, e chegou a praticar vários crimes para protegê-lo. Porém, sempre ficou claro que ela nunca o amou. Sua paixão cega era pela forma como ele a tratava. Bibi sentia prazer em ser ‘venerada’ por um homem. O sentimento da personagem por Caio se evidencia quando está com ele, não conseguindo disfarçar a expressão de arrependimento, mesmo que as palavras neguem. O par ‘Cabibi’ funciona.

E o advogado (atual Secretário de Segurança do Rio de Janeiro) nunca esqueceu a ex, mesmo tendo se casado com Leila (Lucy Ramos). Ele não superou a separação até hoje e recentemente os dois tiveram uma recaída na porta da casa dela, pouco tempo depois de Caio ter ajudado Dedé (João Bravo), filho de Bibi.

O beijo do casal expôs a grande química entre Rodrigo Lombardi e Juliana Paes, conhecida desde a época de Caminho das Índias (2009), quando viveram Raj e Maya na trama da mesma autora. Os dois estão muito bem e sempre protagonizam momentos intensos juntos. Caio é uma figura que representa a redenção de Bibi Perigosa no final do folhetim. Vale lembrar que a bandida é inspirada em Fabiana Escobar, uma mulher que viveu muitas coisas retratadas na ficção e acabou se arrependendo, ainda que a situação envolvendo o advogado ricaço seja criação exclusiva da autora.

O êxito de A Força do Querer é resultado de muitos pontos positivos observados com facilidade na obra de Glória Perez. E um deles é a boa construção desses dois casais que contam com arrebatadora química, bons atores e perfis que fogem do maniqueísmo, abusando de traços humanos e muitas vezes controversos.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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