André Santana

Ao lançar a versão brasileira do MasterChef, a Band encontrou uma espécie de mina de ouro. Num momento crítico de sua história, quando ostentava uma programação fraca e pouco atrativa, a competição de culinária levou a cozinha ao seu horário nobre e explodiu, alcançando ótima audiência, excelente faturamento e grande repercussão.

Masterchef

Naquele tempo, a Globo já apostava no filão, mas em quadros dentro de seus programas matinais. Ana Maria Braga, que sempre apostou na culinária como um dos principais atrativos do Mais Você, passou a comandar competições na cozinha, sendo a principal delas o SuperChef. No entanto, a Band foi pioneira ao levar este tipo de programa para sua linha de shows.

Com isso, os demais canais começaram a correr atrás para garantir a sua fatia deste filão. O SBT correu por fora ao importar praticamente todos os formatos do segmento que encontrou pela frente: Hell’s Kitchen – Cozinha Sob Pressão, BBQ – Churrasco na Brasa e Cozinhe se Puder – Mestre da Sabotagem são alguns deles. Mas nenhum foi mais bem-sucedido que Bake Off Brasil – Mão na Massa, carro-chefe das noites de sábado até hoje.

Bake Off Brasil

Depois veio a Record, com Batalha dos Confeiteiros, Batalha dos Cozinheiros e Top Chef Brasil. Por fim, com atraso, veio a Globo com um formato criado por ela, o Mestre do Sabor. Nem sempre garantiram boa audiência, é verdade, mas o faturamento era certo. Afinal, programas de culinária atraem todo tipo de marca, como grandes redes de supermercados ou produtos alimentícios.

Enfraquecimento

Cozinhe se Puder

Entretanto, apesar de os talent shows culinários fazerem a alegria do departamento comercial de suas respectivas emissoras, o público começou a chiar. Os programas, todos parecidos uns com os outros, começaram a ficar repetitivos demais. Com isso, claro, veio o desgaste natural da fórmula.

MasterChef Brasil vive há anos neste limbo. O programa apresentado por Ana Paula Padrão emplaca várias temporadas ano a ano, mas o interesse do público claramente cai a cada nova leva de episódios. Bake Off Brasil, que já foi um dos programas mais vistos do SBT, também perdeu fôlego nos últimos anos.

Já os demais programas passavam praticamente em brancas nuvens. Cozinhe se Puder não emplacou no SBT, enquanto Top Chef e Mestre do Sabor nunca empolgaram de verdade. Ou seja, não há mais um grande público disposto a acompanhar competições na cozinha.

Cancelamento

Mestre do Sabor

Com isso, os cancelamentos começaram. Recentemente, a Globo surpreendeu o público ao anunciar que não faria uma nova temporada de Mestre do Sabor, depois de ter confirmado o programa como uma de suas atrações para 2022. Agora, foi a vez da Record avisar que não teremos uma nova temporada de Top Chef.

Por enquanto, MasterChef e Bake Off Brasil estão garantidos na grade da Band e do SBT. Mas até quando? Quanto tempo mais estes formatos sobreviverão, já que a tendência segue sendo de queda?

Ao desistirem de Mestre do Sabor e Top Chef, Globo e Record sinalizam que os formatos já não são mais os bons negócios que um dia já foram. Com isso, os demais programas do segmento também se veem na corda bamba.

Ou seja, os outrora “queridinhos” das emissoras abertas já não demonstram mais condições de garantir uma longa vida em seus respectivos canais. A febre dos realities culinários acabou, e os remanescentes nada mais são que resistentes. Com prazo de validade prestes a expirar, diga-se.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor