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O mundo das artes perdeu o dramaturgo, ator e diretor José Celso no dia 6 de julho. Um dos maiores ícones do teatro nacional, Zé Celso foi vítima de um incêndio em seu apartamento. Um dia depois, o meio artístico se despediu de outra profissional que engrandecia qualquer cena: Neusa Maria Faro. A veterana faleceu no dia 7 de julho, aos 78 anos, por complicações de uma trombose.
Neusa Maria Faria como Arminda em Gabriela (Estevam Avellar / Globo)Neusa resolveu ser atriz aos 19 anos. Inicialmente, dedicou-se apenas ao teatro. Ela apareceu pela primeira vez em uma película, Quase Tudo, em 1989. Somente em 1996, a atriz fez sua estreia na televisão, na novela religiosa Irmã Catarina, exibida pela CNT.
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Foi para a Rede Record em 1997 e integrou o elenco de Direito de Vencer. No mesmo ano, seguiu para o SBT e interpretou Valentina, do sucesso Chiquititas. Até hoje, o público que era criança na época se lembra de sua participação. Ainda na emissora de Silvio Santos, viveu a Leda, de Fascinação, em 1998.
A primeira aparição da atriz na Globo foi como uma presidiária nada amigável em Torre de Babel (1998), novela de Silvio de Abreu. Em 2001, ela voltou para o SBT, onde participou de três novelas: Amor e Ódio, Pequena Travessa (2002) e Seus Olhos (2004).
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Destaque em Alma Gêmea
Nicette Bruno (Ofélia), Neusa Maria Faro (Divina) e Lady Francisco (Generosa) em Alma Gêmea (Márcio de Souza / Globo)
Em 2005, houve um divisor de águas na carreira de Neusa Maria Faro. A parceria iniciada com Walcyr Carrasco em Fascinação se repetiu na Globo e o autor a presenteou com seu melhor papel: a impagável Divina, do fenômeno Alma Gêmea.
Integrante de um dos núcleos cômicos da trama, a atriz foi ganhando cada vez mais destaque; o trio formado com Fúlvio Stefanini e a saudosa Nicette Bruno caiu no gosto popular. O bordão “Osvaldo, não fale assim com a mamãe!” ficou na boca do povo.
O sucesso em Alma Gêmea firmou de vez a parceria de Walcyr e Neusa. Em 2006, a atriz integrou o elenco do remake de O Profeta – primeira novela de Duca Rachid e Thelma Guedes, supervisionada por Walcyr -, vivendo a governanta Teodora.
Lamentavelmente, a atriz ficou sem trabalhar na televisão até 2009, quando voltou em Caras e Bocas (na pele da acompanhante Mercedes), novamente graças ao autor que sempre a valorizou. Duca e Thelma, colaboradoras de Carrasco por muitos anos, também caíram de amores por Neusa e a chamaram para fazer uma breve participação em Cama de Gato (2010), através de Gioconda, uma perua rica.
Parceria com Walcyr Carrasco
Walcyr Carrasco no Conversa com Bial (Reprodução / Globo)
Walcyr não se esqueceu da atriz. Ele a escalou para viver uma empregada (Palmira) em Morde & Assopra (2011) e para interpretar Dona Arminda, melhor amiga de Gabriela (Juliana Paes), no remake de Gabriela (2012).
É bom lembrar que entre um trabalho e outro, Neusa fez uma breve participação na linda A Vida da Gente (2011), escrita por Lícia Manzo, interpretando Dolores – uma das poucas novelas que não teve a “interferência” de Carrasco. Após os vários trabalhos com o autor, a veterana mais uma vez foi lembrada por ele em Amor à Vida, onde interpretou Ciça.
Em 2014, esteve na série Animal, exibida no GNT, e em 2016 seria a Olímpia em Eta Mundo Bom!, mas precisou se afastar por problemas de saúde; o papel ficou com Rosane Gofman. Seria esse o seu último trabalho com Walcyr e na TV…
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Despedida
Neusa Maria Faro em Gaslight – uma relação tóxica (Reprodução / Metrópoles)
Além dos trabalhos na televisão, a artista esteve em vários filmes, como A Idade Sem Razão (1990), Helena (1993), Sete Minutos (2003), Família Vende Tudo (2011), O Segredo de Davi (2018) e Nas Mãos de Quem Me Leva (2021). O teatro também contou com o talento da atriz, que esteve em peças como O Boné Mágico (1977), Xadu Quaresma (1984), Porca Miséria (1990), Às Favas com os Escrúpulos (2007) e Baixa Terapia (2017). Seu última empreitada foi Gaslight – uma relação tóxica, de 2022, da qual precisou de afastar por problemas de saúde.
Neusa Maria Faro era um das grandes atrizes nacionais e nunca teve um reconhecimento justo. Merecia um espaço muito maior pela grandeza de seu trabalho. O Jornal Nacional ter dedicado menos de trinta segundos para anunciar sua morte apenas comprovou o fato. A intérprete se destacava em qualquer papel e ia bem tanto na comédia quanto no drama. Sua partida deixa o mundo das artes ainda mais de luto, após a também doloroso falecimento de Zé Celso.
Agora, Divina certamente está ao lado de Ofélia falando de Osvaldo. Fique em paz, Neusa.
