Duh Secco

Saltos, explosões, esportes radicais… A estreia de Cara e Coragem foi movimentada. E a diretora artística Natália Grimberg aproveitou todas as possibilidades oferecidas pelo texto de Claudia Souto para imprimir à novela o mesmo ritmo alucinante da rotina dos dublês. Mas o destaque do primeiro capítulo, no ar ontem (30), ficou por conta do potencial, digamos, humano dos principais personagens.

Tal qual Pega Pega (2017), Claudia Souto usa de ação e suspense para amarrar as tramas de tipos relativamente simples, porém irresistíveis.

Cara e Coragem

Para quem não lembra, o roubo do Carioca Palace Hotel serviu apenas como ponto de ligação entre a paixão de Malagueta (Marcelo Serrado) e Maria Pia (Mariana Santos), o passado de Dom (David Júnior) e a ascensão de Sandra Helena (Nanda Costa).

Cara e Coragem traz o mesmo Serrado como Moa, dublê em fim de carreira, envolvido em joguinhos de sedução com a parceira Pat (Paolla Oliveira). Esta, por sua vez, é casada com Alfredo (Carmo Dalla Vecchia), que, dentro do lar, ocupa o lugar tradicionalmente imputado às mulheres, do comando do fogão à presença em reuniões de pais e mestres.

Missão quase impossível

Cara e Coragem

Eis que Moa e Pat recebem uma incumbência da empresária Clarice Gusmão (Taís Araujo), interessada no resgate de uma pasta com documentos sigilosos sobre a fórmula, tão salvadora quanto perigosa, descoberta por Jonathan (Guilherme Weber).

O capítulo foi concluído com a chegada dos dublês à região inóspita onde tal material foi “descartado” por Léo (Ícaro Silva), irmão de Clarice.

A missão de Moa e Pat é quase tão impossível quanto à administração da vida doméstica, dos cuidados com os filhos, da atração entre os dois e do respeito de ambos a Alfredo.

Clarice se aflige, na mesma intensidade, com o sumiço da documentação, o entrevero relativo ao familiar mais próximo e o namoro com Ítalo (Paulo Lessa), ex-segurança que a salvou de um sequestro. Marcelo, Paolla, Carmo, Taís e Paulo estiveram muito bem colocados.

Apostas

Ícaro Silva

Ícaro não se saiu tão bem neste primeiro capítulo, reduzindo o problemático comportamento de Léo à expressão quase endurecida. O mesmo se deu com Mel Lisboa e Ricardo Pereira, intérpretes de Regina e Danilo, cúmplices do caçula da família Gusmão na possível tomada da siderúrgica.

Cabe festejar a aposta em Paulo Lessa, de passagem recente pela Record, após as recusas de Fabrício Boliveira e Raphael Logam. O ator pareceu à vontade em seu primeiro papel de peso. Tal qual André Luiz Frambach, que cresceu dentro da TV e que saiu do retraído Julinho de Éramos Seis (2019) para o expansivo Rico – antes destinado a Pedro Novaes.

Evidente que tudo pode mudar do primeiro ao último capítulo, especialmente as impressões de quem acompanha. Mas, considerando a estreia, parece fato que Claudia Souto terá mais uma vez, nas mazelas de cada personagem, o grande atrativo de Cara e Coragem.

A ação importa, mas, diante de figuras agradáveis e conflitos potentes, não deverá passar de mero recurso cênico.

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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.