Travessia passou por inúmeras modificações desde que entrou no ar. Como a trama de Gloria Perez derrubou a audiência da faixa das nove da Globo a índices preocupantes, a autora agiu rapidamente para ajustar a história e tentar recuperar o fôlego perdido.

Gero Camilo - Travessia
Divulgação / Globo

Em meio a estas mudanças, um cenário inteiro da trama, que apareceria logo no início, acabou cortado da produção. Trata-se da boate gay onde Brisa (Lucy Alves) trabalharia assim que chegasse ao Rio de Janeiro.

Como a autora acelerou a trama para que Brisa ganhasse mais destaque, o núcleo da boate gay não deu as caras no começo da trama. Porém, na reta final da produção, a história que envolve Wesley (Gero Camilo, foto acima) vem sendo resgatada pela autora.

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Novo trabalho

Travessia - Lucy Alves
Reprodução / Globo

Assim que chegou ao Rio de Janeiro em busca de Ari (Chay Suede), Brisa conseguiu um emprego no bar Encanto da Vila. Ali, ela logo reencontrou o ex-noivo e se envolveu numa briga pela guarda do filho, num enredo que se arrasta até hoje.

No entanto, a ideia original de Gloria Perez era fazer com que a busca de Brisa fosse mais longa. Antes de reencontrar Ari, a jovem conseguiria um novo emprego, desta vez numa boate gay. Ela ficaria amiga do enfermeiro Welson, que faria shows como drag queen numa casa noturna. Ele, então, a levaria para ser costureira no local.

Porém, como a autora antecipou o encontro de Brisa e Ari, este núcleo acabou cortado. Mas não de vez: nos últimos capítulos da trama, a mocinha ficou amiga de Wesley (Gero Camilo), novo nome do personagem que a levaria até a boate.

Na boate

Divina Valéria
Reprodução

Assim que chegou à Vila Isabel, Wesley logo fez amizade com os tipos que frequentam o Encanto da Vila. O rapaz avisou que uma nova boate seria inaugurada na região em breve, deixando todos eufóricos.

Assim, o núcleo que inicialmente havia sido cortado finalmente deu as caras em Travessia. Wesley apresentou Brisa a Divina Valéria, ícone do movimento LGBTQAIP+ brasileiro. É ela a responsável pela nova casa de shows.

Brisa vai trabalhar no local, onde passa a conviver com Divina Valéria e as drag queens que farão shows na nova boate.

Ícone do movimento gay

Wagner Moura, Alice Braga, Divina Valeria e Lazaro Ramos

Deste modo, Divina Valéria entrou em Travessia vivendo ela mesma. A artista veterana é pioneira do movimento LGBTQAIP+ no Brasil, desde que apareceu no espetáculo Les Girls, em 1964. Ela também viveu na Europa e participou do movimento cultural da Cinelândia, no Rio de Janeiro.

Há alguns meses, Gloria Perez deu uma pista de que o núcleo da boate não estava totalmente descartado em Travessia. A autora postou uma foto de Divina Valéria em suas redes sociais, afirmando que, em breve, ela estaria na novela.

E assim foi feito. Na reta final, a famosa artista LGBT deus as caras no horário nobre da Globo, dando mais colorido à fase derradeira de Travessia.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor