Nos anos 1960, a Globo, uma pequena emissora do Rio de Janeiro, buscava crescer pelo país. O pontapé inicial veio com a aquisição da TV Paulista, canal 5 de São Paulo.
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O canal paulistano era amador, totalmente desorganizado e sem lucro, com uma programação tão fraca quanto a estrutura. O único programa de sucesso era o de Silvio Santos, transmitido aos domingos.
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A atração conquistava a liderança na audiência. O dono do Baú continuou no ar mesmo com a mudança, pois ele não era empregado da TV Paulista, e sim um locatário, bancando o espaço nas tardes dominicais.
Negócio entre amigos
Em 2011, quando José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, lançou sua biografia, ele revelou que o animador, além de ajudar na divulgação da programação da Globo, salvou muitas vezes a emissora ao emprestar dinheiro para o pagamento da folha salarial. Em uma entrevista recente para o publicitário Washington Olivetto, Boni detalhou o fato:
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“Ele pagava o aluguel e adiantava três ou quatro meses, e às vezes até um ano, para que a gente pudesse pagar os funcionários. Então Silvio Santos emprestou muito dinheiro ao doutor Roberto Marinho”.
Boni também falou sobre a importância do apresentador enquanto “garoto propaganda” da Globo para o público de São Paulo.
“Além de emprestar dinheiro, ele foi basicamente o cara que deu o empurrão fundamental na Globo em São Paulo, porque nós tínhamos um ‘alto falante’. Ele levava artistas de novelas, promovia as estreias, portanto, devemos de certa forma a ele o início da emissora em São Paulo”, declarou.
Atrito por dividendos
Só que nem tudo foram flores nessa relação… Como locatário, Silvio vendia os anúncios de sua atração e faturava muito bem, incomodando Boni e Walter Clark, o então diretor-executivo, já que ambos queriam participação nos lucros. As negociações com o animador não eram nada fáceis, porque ele não abria mão dos ganhos, deixando os diretores irritados.
Em 1971, com a adesão do famoso “Padrão Globo de Qualidade”, Silvio percebeu que Boni e Clark queriam colocá-lo para fora dos domingos da emissora. Porém, Roberto Marinho era contra a saída do apresentador e renovou o seu contrato, história esta confirmada pelo Boni.
Fim da parceria
A relação entre o Homem do Baú e a Vênus Platinada foi até 1976, quando ele conquistou a primeira concessão de uma emissora de televisão, a TVS – Canal 11 do Rio de Janeiro. Por força de contrato, para continuar na Globo, Silvio não poderia ser dono ou sócio de um canal.
Ao perceber que não haveria acordo, nem espaço, o animador levou seu auditório para a própria estação.
No documentário feito por ocasião dos 85 anos de Silvio Santos, mas exibido apenas ano passado, Boni relembrou quando quase foi contratado pelo animador para cuidar da programação do SBT:
“De acordo com a minuta do contrato, ele seria apenas acionista, e a parte da programação e do conteúdo artístico ficaria comigo. Certo dia, Silvio me ligou e disse que estava com medo da multa da Globo e de não poder mexer na programação, uma coisa que tanto gosta. Eu mantive essa cláusula, e então o Homem do Baú pediu para rasgar o contrato, mas guardei, para poder mostrar a todos que um dia fui contratado do SBT”.