André Santana

A reprise de Marimar no horário nobre do Viva bombou! E o canal do Grupo Globo apostou em outro “clássico do SBT” para substituí-la: A Usurpadora. A saga das gêmeas Paulina e Paola, vividas por Gabriela Spanic, estreou na nova casa no último dia 27.

A Usurpadora

A Usurpadora é um fenômeno no Brasil. A trama alavancou o horário nobre do SBT em sua primeira exibição, no ano de 1999. Com tamanho sucesso, o canal de Silvio Santos a transformou num de seus famosos curingas, recorrendo ao folhetim sempre que precisava melhorar a audiência de sua programação. Assim, A Usurpadora foi exibida sete vezes na emissora.

Ou seja, as maldades de Paola Bracho estão sendo vistas pela oitava vez no país. E, agora, a exibição se dá num canal do Grupo Globo. Algo, no mínimo, curioso, já que, no passado, a Globo torcia o nariz para este tipo de produção, enquanto o SBT sempre utilizou tramas mexicanas para tentar roubar uns pontinhos de audiência da concorrente.

Mexicanas em alta

Marimar

E o sucesso das novelas da Televisa no Grupo Globo ultrapassa os domínios do Canal Viva. Tais tramas também se tornaram importantes trunfos do Globoplay, a plataforma de streaming do grupo. Antes de desembarcarem no Viva, Marimar e A Usurpadora foram disponibilizadas no Globoplay, alcançando excelente repercussão. Maria do Bairro também foi lançada na plataforma.

Além de tramas clássicas, o Globoplay também disponibiliza para assinantes novelas mexicanas inéditas no Brasil. Império de Mentiras, Cair em Tentação e Amar a Morte são alguns dos títulos já ofertados.

O pacote de mexicanas faz parte da estratégia do Globoplay de se colocar como uma plataforma de streaming especializada em novelas. O serviço já tem a maior parte das mais importantes tramas brasileiras à disposição, já que dispõe do acervo da Globo. E também investe em folhetins portugueses e turcos.

A Globo vai exibir novelas mexicanas?

O Cravo e a Rosa

Com o sucesso de tais produções no catálogo do Globoplay e na grade do Viva, especulou-se que a Globo também estaria disposta a apostar em tramas importadas em sua programação.

Em abril deste ano, a colunista Carla Bittencourt, do Notícias da TV, revelou que a direção da emissora estaria estudando exibi-las, animada com o desempenho dos folhetins no Globoplay. De acordo com Bittencourt, a Globo considerou transmitir mexicanas na faixa onde atualmente vai ao ar a reprise de O Cravo e a Rosa (2000) ou ainda nas tardes de sábado.

No entanto, de acordo com Flavio Ricco, do R7, não seria possível a Globo exibir uma trama da Televisa, ao menos por enquanto. Isso porque o SBT tem os direitos de exclusividade das novelas da produtora para exibição na TV aberta.

Até pouco tempo atrás, seria impensável a Globo exibir uma novela mexicana. A emissora sempre bateu no peito para afirmar que produz tudo o que exibe e reafirmar sua excelência no segmento.

Porém, a emissora tem quebrado vários paradigmas. Não é de hoje que a Globo se abre para coproduções, sobretudo no que se refere a séries e realities. O canal também se mostra cada vez mais aberto à flexibilização de sua grade e a novas experiências. Assim, abrir espaço para novela mexicana não seria impossível no atual contexto do canal.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor