Exibida em 2009, Viver a Vida ficou marcada como um dos maiores fracassos da história da Globo. A trama de Manoel Carlos amargou o título de trama das oito/nove menos vista da emissora até aquele momento.

José Mayer e Taís Araújo em Viver a Vida
José Mayer e Taís Araújo em Viver a Vida

Mas, anos depois, a novela volta ao ar no Viva surpreendendo. Em seus primeiros capítulos, a novela estrelada por Taís Araújo se tornou a melhor estreia do canal pago desde o início da década.

Ou seja, a polêmica trama pode reescrever sua própria história e se tornar um dos maiores êxitos do canal por assinatura do Grupo Globo.

Como está a audiência de Viver a Vida no Viva?

No ar desde segunda-feira (22), Viver a Vida vem registrando bons índices de audiência. De acordo com dados do Kantar Ibope Media divulgados pela Folha de S. Paulo, a novela de Manoel Carlos alcança média de 1,48 ponto no Ibope PNT da TV por assinatura. Cada ponto equivale a 135 mil telespectadores nas 15 principais regiões metropolitanas do Brasil.

Com a performance, a trama já ultrapassa suas antecessoras na audiência, considerando os três primeiros capítulos. É um resultado melhor do que o registrado por América (2005), Senhora do Destino (2004), Caminho das Índias (2009), Páginas da Vida (2006) e Da Cor do Pecado (2004).

Já na TV aberta, Viver a Vida registrou média de 35,6 pontos de audiência em 2009. Considerando as novelas exibidas a partir dos anos 1970, a trama registrou os menores números da faixa das oito até aquele momento. O recorde negativo foi batido logo em seguida por sua sucessora, Passione (2010), com 35,1.

Novela polêmica

Viver a Vida foi considerada uma novela problemática em 2009. A trama foi considerada lenta demais e a protagonista Helena, vivida por Taís Araújo, não caiu nas graças do público.

A estrela acabou ofuscada por Luciana, personagem de Alinne Moraes que fica tetraplégica no decorrer da história. Muito criticada, Taís Araújo ficou abalada por conta do trabalho.

“Eu lia as páginas do roteiro sem enxergar nada. Eu não conseguia encontrar a personagem, entrei em desespero”, relatou a atriz em entrevista à revista Piauí no ano passado.

“A minha personagem era um erro em vários sentidos. Eu faço mea culpa, eu também não fiz bem. Mas também não era um personagem com paint de protagonista”, considerou a artista, em entrevista ao programa Campeões de Audiência, exibido pela TV Cultura.

Fracasso na TV aberta, sucesso na TV paga

O universo do público da TV paga é diferente do da TV aberta. Ou seja, o que faz sucesso num deles pode não repetir o êxito em outro. O público da TV paga é mais nichado e, por isso, obras com ares “cult” costumam agradar.

O Viva sabe muito bem disso. Tanto que, entre um antigo sucesso da Globo e outro, o canal pago se permite resgatar obras que não foram necessariamente um estouro de audiência. Um exemplo emblemático é O Dono do Mundo (1991), considerada um fiasco originalmente, mas que chamou a atenção do público do Viva.

Viver a Vida, ao que parece, seguirá pelo mesmo caminho. Isso abre margem para que o canal continue resgatando novelas que não foram grandes sucessos de audiência, mas que contam com fãs ardorosos, capazes de garantir o êxito na TV paga.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor