O Globoplay vem fazendo a alegria do noveleiro desde que lançou o Projeto Resgate. A ação consiste em lançar grandes clássicos da teledramaturgia na plataforma da Globo a cada duas semanas.

No entanto, nem todas as tramas relançadas no streaming são exatamente “clássicas”. A Globo já resgatou títulos antológicos, como Vale Tudo (1988), mas também novelas que ninguém sequer lembrava, como Lua Cheia de Amor (1990).

Em 2024, foram várias as novelas “obscuras” resgatadas pelo Globoplay. Confira!

Desejos de Mulher (2002)

Alessandra Negrini em Desejos de Mulher
Alessandra Negrini em Desejos de Mulher

Em março de 2024, o Globoplay surpreendeu o público ao resgatar Desejos de Mulher. Escrita por Euclydes Marinho para a faixa das 19h, a trama foi duramente criticada em sua exibição original e registrou baixos índices de audiência na época.

A novela girava em torno das irmãs Andrea Vargas (Regina Duarte) e Julia Moreno (Gloria Pires), que tinham uma relação complicada. Enquanto Andrea é alvo da vingança da vilã Selma (Alessandra Negrini), Julia precisa recomeçar a vida após a prisão de seu marido. No entanto, a trama teve problemas de audiência e precisou ser reformulada, o que a deixou sem sentido.

“A cada capítulo, a novela tinha uma cara. Ficou algo completamente louco. Os personagens não tinham pé nem cabeça, faziam uma coisa a cada dia. Eu tentei de tudo”, relembrou o autor ao livro Autores: História da Teledramaturgia.

“Desejos de Mulher foi considerada a pior novela do ano por toda a imprensa do Rio de Janeiro e São Paulo. Eu já fiz alguns trabalhos que foram considerados os melhores do ano, e fiz um que foi o pior”, admitiu.

Suave Veneno (1999)

Exibida na faixa das 21h da Globo, Suave Veneno foi um dos maiores fiascos da carreira de Aguinaldo Silva. Mesmo assim, foi resgatada pelo Globoplay em julho. A trama contava a história de Waldomiro Cerqueira (José Wilker), o “rei do mármore”, e a disputa de suas herdeiras pelos negócios da família.

O autor se inspirou em Rei Lear para criar sua história, inspiração que também guiou Senhora do Destino (2004) e Império (2014). No entanto, a trama não funcionou e registrou os mais baixos índices do horário até aquele momento.

“Não era a minha vez de escrever a novela das 20 horas, mas me pediram para quebrar o galho e eu não soube dizer não. Eu não estava preparado, tinha pouco tempo, mas precisava escrever, para que as gravações começassem. Quando Suave Veneno estreou, eu já tinha 40 capítulos prontos, embora ainda não soubesse bem como contar a minha história; só fui descobrir isso lá pelo capítulo 70”, declarou o autor ao jornal O Globo.

Bang Bang (2005)

Fiasco histórico da faixa das 19h da Globo, Bang Bang era uma proposta ousada da emissora. A trama se propunha a ser uma sátira aos filmes de western, abordando questões da realidade brasileira pela ótica da farsa e do humor.

No entanto, a novela não foi bem-aceita pelo público e registrou péssimos índices de audiência. Para piorar, o autor Mário Prata precisou deixar a novela, que ficou um tempo sem rumo. Por fim, Carlos Lombardi assumiu e conseguiu levar a história até o fim, aos trancos e barrancos.

Mesmo com o fracasso, Bang Bang ganhou uma nova chance da Globo e foi disponibilizada na íntegra no Globoplay em julho. Curiosamente, a novela foi “redescoberta” nas redes sociais, e várias cenas viralizaram na web após o relançamento.

Ciranda de Pedra (2008)

Resgatada recentemente pelo Globoplay, Ciranda de Pedra passou longe de ser considerada um sucesso na Globo. A adaptação de Alcides Nogueira da obra de Lygia Fagundes Telles passou em brancas nuvens em 2008.

A novela só é lembrada mesmo por ter sido a última trama na qual Ana Paula Arósio atuou. A atriz, que vivia a protagonista Laura, deixou a TV pouco tempo depois, ao abandonar Insensato Coração (2011) e romper seu contrato com a Globo, vivendo reclusa desde então.

Ciranda de Pedra foi considerada um fracasso tão grande que obrigou a Globo a interromper a produção de novelas de época na faixa das 18h. Sua substituta foi Negócio da China (2008), de Miguel Falabella, que derrubou ainda mais a audiência do horário.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor