Renascer não vem empolgando o público como Pantanal (2022) conseguiu. A nova adaptação de Bruno Luperi da obra do avô Benedito Ruy Barbosa não elevou a audiência da faixa das 21h como a Globo esperava.

Marcos Palmeira em Renascer
Marcos Palmeira em Renascer

O aparente desinteresse do público na saga de José Inocêncio (Marcos Palmeira) está ligado aos erros que o autor do remake imprimiu na narrativa. Por mais que se reconheça a qualidade da trama, a novela dá algumas derrapadas que desestimulam o espectador de acompanhá-la.

Saiba quais são os quatro erros do remake de Renascer que ficarão marcados para sempre:

Trama desatualizada

Bruno Luperi até consegue imprimir abordagens mais atuais na história que conta. A bronca que José Venâncio (Rodrigo Simas) deu em Bento (Marcello Melo Jr) após um comentário homofóbico do irmão, ou os discursos feministas de Kika (Juliane Araújo) trazem Renascer para a contemporaneidade.

Ainda assim, há elementos que deixam a novela anacrônica. Até poucos capítulos atrás, por exemplo, não se via um aparelho de TV em nenhuma casa da novela. Recentemente, Morena (Ana Cecília Costa) apareceu assistindo novela, mas a cena era um merchandising de uma grande loja.

Além disso, histórias como a de Tião Galinha (Irandhir Santos) andam em círculos. O “truque” funcionava em 1993, mas em 2024 o público já não tem tanta paciência para uma história que não sai do lugar.

Lentidão

Theresa Fonseca e Sophie Charlotte em Renascer
Theresa Fonseca e Sophie Charlotte em Renascer

Quem acompanhou Renascer em 1993 sabe que a novela tem uma história forte e boas viradas. No entanto, tudo é muito lento. As reviravoltas na narrativa acontecem a conta gotas, aborrecendo o espectador.

A Globo já percebeu isso e vem reeditando os capítulos, antecipando situações para dar agilidade à história. Mas, até agora, o truque não se refletiu nos números da novela, que seguem abaixo do esperado.

Erros que não foram corrigidos

Bruno Luperi busca propor soluções melhores para conflitos que foram mal construídos na primeira versão. Porém, o autor se nega a alterar os rumos da história, mesmo que isso fosse servir para chacoalhar a novela.

Em 1993, José Venâncio só morreu porque Taumaturgo Ferreira foi retirado da novela por problemas nos bastidores. Sendo assim, por que Luperi não bancou o personagem desta vez?

Na primeira versão, Augusto (Marco Ricca) e Buba (Maria Luisa Mendonça) perderam função quando engataram um romance após a morte de Venâncio. E periga acontecer o mesmo na nova versão. Não seria interessante manter Venâncio (Rodrigo Simas) vivo e criar um triângulo amoroso com Buba (Gabriela Medeiros) e Augusto (Renan Monteiro)?

Falta de bons conflitos

O grupo de discussão de Renascer apontou que o público aprovou Mariana (Theresa Fonseca) e que gosta dos embates dela com outros personagens. Mas Luperi prefere manter a trajetória original da novela.

Com isso, Mariana não é aproveitada como poderia. Falta conflitos mais intensos para a jovem, que é uma personagem cheia de camadas. O autor poderia aproveitar a popularidade dela e aumentar sua presença em cena.

Assim, várias histórias que poderiam servir para chacoalhar Renascer ficam em segundo plano, o que contribui para deixar a narrativa lenta e tediosa.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor