Em cartaz pela segunda vez no Vale a Pena Ver de Novo, Alma Gêmea (2005) foi escalada pela Globo com a missão de alavancar seu horário nobre. A emissora quer recuperar a audiência perdida por Paraíso Tropical (2007), sua antecessora.

Eduardo Moscovis em Alma Gêmea
Eduardo Moscovis em Alma Gêmea

Curiosamente, trata-se da mesma missão que a novela de Walcyr Carrasco assumiu quando foi lançada originalmente, em 2005. A emissora apostou na volta de Carrasco ao horário para recuperar a audiência da faixa das 18h, que foi perdida pela novela anterior.

A trama em questão era Como Uma Onda (2004), uma tradicional novela praiana de Walther Negrão. A consagrada fórmula do autor não trouxe os resultados esperados naquela vez e passou em brancas nuvens.

Horário em crise

Walcyr Carrasco já havia alcançado status de “salvador” na Globo depois que as novelas O Cravo e a Rosa (2000) e Chocolate com Pimenta (2003) alcançaram excelentes índices de audiência. Essa última, inclusive, estancou uma crise grave do horário, que já durava dois anos.

Porém, após os êxitos da história de Ana Francisca (Mariana Ximenes) e de Cabocla (2004), sua substituta, a Globo apostou no veterano Walther Negrão, figurinha carimbada da faixa das seis, mas que estava afastado da faixa desde Era Uma Vez… (1998).

Para a empreitada, Negrão voltou a apostar numa história jovem, com cenário praiano e belos protagonistas. A novela lançou o galã português Ricardo Pereira, que interpretou o mocinho disputado pelas personagens de Alinne Moraes e Mel Lisboa.

Qual é a história de Como Uma Onda?

Aline Moraes, Ricardo Pereira e Joana Solnado em Como Uma Onda
Almerinda (Joana Solnado), Daniel (Ricardo Pereira) e Nina (Alinne Moraes) Como Uma Onda (Divulgação / Globo)

Em Como Uma Onda, Daniel Cascais (Ricardo Pereira) é um português da região dos Açores que é perseguido pelo pai do amor de sua vida, já que ele não aceita a união dos pombinhos. Perseguido por um capanga, ele vai parar num navio rumo ao Brasil.

É ali que ele conhece Nina (Alinne Moraes) e Lenita (Mel Lisboa), duas irmãs que se interessam de cara pelo jovem. Mas a polícia o encontra, fazendo com que Daniel pule no mar para não ser capturado.

Ele vai parar numa vila de pescadores em Santa Catarina, onde é acolhido por dois marinheiros. Mas ele é logo encontrado por Lenita, que o leva para trabalhar como mordomo de sua família. Assim, ele acaba se apaixonando por Nina, o que o faz virar alvo do vilão JJ (Henri Castelli), obcecado por ela. Lenita também faz de tudo para atrapalhar o romance.

Não deu certo

A trama jovem e praiana de Como Uma Onda trazia de volta à tela da Globo paisagens semelhantes a de Tropicaliente (1994), sucesso de Negrão da faixa das 18h. Mas, desta vez, a fórmula não chamou a atenção do público.

Com uma trama batida e sem maiores atrativos, Como Uma Onda não registrou bons índices de audiência. A trama só bateu os 30 pontos – meta da Globo na época – em sua reta final. Na média geral, a novela marcou 26,7 pontos, bem distante da antecessora Cabocla, que anotou 34,5.

Assim, Alma Gêmea estreou na sequência com a missão de melhorar a audiência do horário das 18h. E cumpriu a missão com louvor, tornando-se a mais bem-sucedida trama das seis da Globo nos anos 2000. Sua média geral foi de 38,7 pontos, ou seja, a história de Walcyr Carrasco elevou os números do horário em mais de 10 pontos.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor