Quase 30 anos depois, Escolinha volta a apostar em personagens de novelas

Uma das apostas da Globo para manter o frescor da sexta – e já anunciada última – temporada da nova Escolinha do Professor Raimundo é apelar à memória afetiva do telespectador.

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Aproveitando-se das comemorações dos 70 anos da televisão brasileira, atores que já integram o elenco do humorístico foram convidados a reviver personagens clássicos que interpretaram em outras novelas e programas da casa.

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Félix, o vilão de Mateus Solano em Amor à Vida, já deu pinta no episódio do último domingo (1º). Neste domingo, será a vez de Leleco (Marcos Caruso) reaparecer.

O pai de Tufão (Murilo Benício) em Avenida Brasil chega à ‘Escolinha’ e convida João Canabrava (Marcos Veras) para a final de um campeonato da quinta divisão, em que o “Divino Futebol Clube” compete.

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Leleco e Félix não estão sozinhos. No decorrer da temporada, estão confirmadas outras participações. É o caso, por exemplo, do mordomo Crô (Marcelo Serrado) em Fina Estampa, além de Valéria e Lucicreide, personagens defendidos por Rodrigo Sant’anna e Fabiana Karla no Zorra Total.

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Reciclando uma boa ideia

Toda iniciativa para reverenciar a memória da televisão é sempre válida, mas é justo reconhecer que, no caso da Escolinha, esta não é uma ideia nova. Em 1992, o Professor Raimundo de Chico Anysio já havia recebido alunos ilustres em sua sala de aula.

Para impulsionar a campanha Criança Esperança de 1992, a Globo produziu um especial do humorístico, onde o elenco regular cedeu, excepcionalmente, sua vaga para personagens clássicos de novelas, revividos por seus intérpretes originais.

Ao todo, 22 atores foram convocados para esta aula. A imprensa da época se referiu a eles como “Os Intocáveis”. Entre os que atenderam ao chamado do diretor Walter Lacet estavam Paulo Gracindo, que reviveu o prefeito Odorico Paraguaçu, o político de O Bem-Amado (1973).

Joana Fomm, na pele da beata Perpétua, que infernizava a vida de Tieta (1989), também voltou à sala de aula. Aracy Balabanian levou sua Dona Armênia a um terceiro cenário, depois de vive-la em duas novelas, Rainha da Sucata (1990) e Deus nos Acuda (1992).

Patrícia Travassos e Otávio Augusto reviveram o transloucado casal Mari e Matoso, de Vamp (1991). Já Regina Duarte relembrou seus tempos de sucateira, na pele de Maria do Carmo.

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A falta de ensaios

Reportagem do Jornal O Globo, publicada em outubro de 1992, revela que os atores convidados estranharam a falta de ensaios. O anfitrião Chico Anysio, por sua vez, fez de tudo para tranquilizá-los.

Como parte dessa proposta, muito do jogo de cena que se viu no especial da Escolinha do Professor Raimundo foi resultado do improviso. Para a publicação, Joana Fomm analisou sua participação.

“Só sei que o xale prendeu no caderno, que prendeu na mesa que desequilibrou o retrato e, de repente, começou a cair tudo. Como tem que ser de primeira, ele aproveitou, dizendo que eu ia destruir a escola, e fomos em frente. Como o humorismo tem um tempo inteiramente diferente do das novelas, estávamos todos muito nervosos”, entregou.

Já Teresa Rachel, a Rainha Valentine de Que Rei Sou Eu? (1989) ficou com um gosto de quero mais. “Acho que não deu para reencontrar a rainha. Ficou apenas num esboço, pois já tinha esquecido um pouco o papel”, confessou. Vale lembrar que trechos deste especial foram reprisados no Vídeo Show e estão disponíveis no Globoplay.

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Outros especiais da Escolinha do Professor Raimundo

O resgate de personagens de novelas se junta a outras edições marcantes do humorístico de Chico Anysio. Também em 1992, dois dias depois da exibição deste programa, foi ao ar um especial infantil, onde os alunos da Escolinha foram interpretados por atores mirins, entre eles a então criança Deborah Secco.

No ano anterior, grandes atores também visitaram a sala de aula, mas, naquela ocasião, eles foram convidados a viver tipos da própria Escolinha. É, a TV brasileira tem mesmo muita história para contar.

Sobre o autor

Piero Vergílio é jornalista profissional desde 2006. Já escreveu sobre diversos temas, mas há algum tempo, tem se dedicado ao que realmente gosta: trazer notícias sobre o universo da televisão. No Twitter, interage com outros fãs do veículo no perfil @jornalistavetv. Agora, sua história se cruza com a do TV História.

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