De volta às tardes da Globo, através da faixa Edição Especial, Chocolate com Pimenta (2003) enche os olhos do público com figurinos e cenários de época. Aliás, os folhetins de Walcyr Carrasco às seis sempre prezaram por este gênero…
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O autor ambientou novelas como O Cravo e a Rosa (2000), Alma Gêmea (2005) e Eta Mundo Bom (2016) no início do século XX, entre as décadas de 1920 e 1940. ‘Chocolate’ se passa, a princípio, em 1922, 100 anos atrás.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Tempo de renovação
A década de 1920 foi uma das mais importantes do século passado. O período ficou marcado pela efervescência cultural no Brasil e no mundo. O estilo art déco dominou a arquitetura. O corte de cabelo curto, à la garçonne, ganhou força entre as mulheres. E danças “sensuais” como o tango e o maxixe se popularizaram.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
LEIA TAMBÉM!
Por aqui, a Semana de Arte Moderna, em 1922, marcou um novo tempo na literatura, na pintura e em outros segmentos artísticos.
Nomes como o poeta Mário de Andrade e a pintora Tarsila do Amaral romperam com as normas vigentes até então, arrancando aplausos e vaias da plateia do Teatro Municipal de São Paulo – acontecimento retratado com propriedade na minissérie Um Só Coração (2004), na qual Eliane Giardini (foto) interpretou Tarsila.
Novela com duas fases
Chocolate com Pimenta compreende dois anos do período em questão. O primeiro, justamente 1922, marca a chegada de Ana Francisca (Mariana Ximenes) à cidade de Ventura, após a morte do pai. Ela envolve-se com Danilo (Murilo Benício), mas, humilhada pelos poderosos da região, decide se afastar de lá.
O casamento de conveniência com Ludovico (Ary Fontoura) leva Aninha para Buenos Aires, Argentina. Na segunda fase, em 1929, ela retorna ao lugarejo em busca de vingança. A heroína decide fechar a fábrica de chocolates do falecido marido, prejudicando a economia local e, consequentemente, todos aqueles que a fizeram sofrer.
Temas sociais
Prática comum nas novelas do autor, pautas sociais também ganharam força em Chocolate com Pimenta. O perigo da automedicação foi exposto através de Lili (Maria Maya), secretária do médico Paulo (Guilherme Piva).
O racismo acabou discutido a partir do romance de Maurício (Victor Pecoraro) e Selma (Juliana Alves). O banqueiro Conde Klaus (Cláudio Corrêa e Castro) reprovou o namoro do neto com uma negra.
Através de Margarido (Osmar Prado), tio de Ana Francisca, Walcyr Carrasco abordou a consciência ecológica. O confeiteiro mantinha um viveiro repleto de pássaros.