Quarta temporada de Sessão de Terapia mantém todas as qualidades da série
27/10/2020 às 0h00
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O projeto mais vitorioso do GNT até hoje é “Sessão de Terapia”, formato baseado na série israelense “BeTipul”, criada em 2005 pelo psicanalista Hagai Levi, que gerou a versão estadunindense “In Treatment”, a mais conhecida internacionalmente. Foram três bem-sucedidas temporadas entre 2012 e 2014, divididas em 115 episódios, dirigidas por Selton Mello e protagonizadas por Zécarlos Machado, o psicoterapeuta Theo. A não criação da quarta temporada logo depois até despertou estranhamento e nunca teve uma explicação convincente. Mas, antes tarde do que nunca, ela veio em 2019, exclusivamente para a Globoplay.
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A quarta temporada estreou no serviço de streaming da Globo no dia 30 de outubro, mas com tudo novo. Zécarlos Machado não poderia seguir na pele do protagonista porque está contratado da Record. Então, Selton Mello resolveu assumir o protagonismo e deu vida ao psicoterapeuta Caio. Mas seguiu na direção. Um duplo trabalho desafiador, mas que fez com competência. O personagem perdeu a esposa e a filha em um assalto e carrega esse trauma, ao mesmo tempo que se desdobra para atender alguns pacientes ao longo da semana.
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Como o personagem central mudou, a psicoterapeuta que analisa suas angústias também teve que ser alterada. A grande Selma Egrei, que brilhou como Dora, saiu de cena e entrou a talentosa Morena Baccarin, intérprete da terapeuta supervisora Sofia. Conhecida pelos brasileiros em produções internacionais, como a série “Gotham” (2014/2018) e o filme “Deadpool” (2016), a atriz é nascida no Brasil, mas alfabetizada nos Estados Unidos.
“Sessão de Terapia” foi seu primeiro trabalho em seu país de origem. E que belo trabalho. A sua química com Selton, seu amigo de longa data, é visível e as sessões de sexta-feira são as mais atrativas.
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Aliás, o elenco todo é muito bem escalado. Fabíula Nascimento vive Chiara, a paciente de segunda-feira, uma comediante famosa que não aceita o diagnóstico de depressão. Livia Silva, (a grata revelação da série), vive Guilhermina, a paciente das terças. A criança que está entrando na adolescência é filha de um casal inter-racial e muito protegida pelo pai. Sofre Bullying, mas mente compulsivamente e esconde questões mais profundas. David Júnior interpreta Nando, o paciente das quartas. Empresário bem-sucedido, sofre de impotência sexual. Embora inicialmente não admita, perde o interesse pela esposa conforme ela cresce na carreira.
Já Cecília Homem de Mello, figura rara na televisão, dá vida a Haidée, paciente das quintas. A senhora procura terapia por sentir um vazio após o falecimento do marido e chega a cogitar suicídio. Ainda há ótimas participações especiais, como de Zécarlos Machado em um episódio revivendo Theo, além de Belize Pombal (Maria Lúcia), Thais Morello (Elisa), Fânia Espinoza (Carmem) e Carolina Borelli (Vera).
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Jaqueline Vargas é a roteirista principal e seu texto envolve o telespectador. Em um formato assim, onde não há grandes ações, apenas a narrativa saindo da boca de cada personagem, é vital que os diálogos despertem interesse e logo conquistem quem assiste. Felizmente é o que acontece ao longo dos 35 episódios.
Como já mencionado, a série já estava disponível desde 2019 na Globoplay, mas estreou em setembro no GNT. Não deixa de ser um luxuoso presente para o público em um período tão complicado para o setor cultural do país, onde as reprises vêm dominando as programações em virtude da paralisação das gravações de produtos inéditos. Quem ainda não teve a oportunidade, vale conferir.
SOBRE O AUTOR
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook.