Qual é o futuro da televisão?

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Apesar deste ser o momento ideal para se celebrar o passado, a pergunta que mais se ouviu nos últimos dias foi: qual é o futuro da TV? Estão erradas todas as respostas à essa pergunta dadas com pessimismo por afamados gurus da tecnologia. Nenhum deles cogitou a hipótese de o SBT vir a comprar os diretos de transmissão da Copa Libertadores da América. Nenhum deles, inclusive, imaginou que o SBT seria capaz de relançar seu departamento esportivo, fechado há mais de duas décadas, em apenas cinco dias.

Nenhum deles supôs que o mais novo programa esportivo de 2020 seria o Show do Esporte, lançado originalmente em 1983 pela Bandeirantes, a mesma que acaba de criar um inédito pay-per-view para a Conmebol. Nenhum deles pensou que a DAZN, apontada por muitos como a pá de cal na TV linear, terminaria com sua plataforma de streaming no Brasil apenas 16 meses depois de ter sido lançada. Tudo culpa da pandemia? Pandemia que, diga-se de passagem, também não apareceu no radar de nenhum cavaleiro do apocalipse midiático.

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É certo que não se deve tentar adivinhar o futuro olhando apenas para o passado. Por outro lado, também é errado ignorar completamente sete décadas de aprendizados, sendo que o mais valioso é o seguinte: a única coisa que garante a eternidade de uma mídia é a sua capacidade de mudar. E mudança foi justamente o que mais se viu na história da televisão. Ela nasceu ao vivo e voltada às elites, adotou o videotape e virou indústria, ganhou cores e ficou popular, segmentou conteúdos e rompeu grades de programação. À TV aberta, somaram-se a TV por assinatura, o VHS, o DVD e, mais recentemente, o video on demand.

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Sim, video on demand também é televisão, ainda que não estabeleça previamente um horário para o telespectador acompanhar a primeira exibição do seu programa favorito. Além disso, todas as maiores plataformas disponíveis no mercado são controladas por gigantes da TV — de Globo à Viacom — ou compram milhares de horas de conteúdos previamente apresentados em canais abertos ou pagos.

É difícil prever o que a televisão será nos próximos tempos, mas é fácil afirmar o que ela não será: extinta. Por óbvio, a forma como o público se relaciona com o meio continuará a se transformar, como sempre ocorreu. Ao mesmo tempo, seguirá se aprofundando o processo de convergência tecnológica que, ao invés de democratizar a comunicação, tem nos feito entregar todas as horas que dedicamos à informação e ao lazer nas mãos de meia dúzia de conglomerados internacionais.

Ao contrário do que os gurus da tecnologia nos prometeram, a Internet não abriu o mercado. Pelo contrário, o fez ficar mais concentrado. Os grandes grupos de mídia — como Disney, Facebook e Google, por exemplo — estão cada vez maiores, enquanto os médios se veem diante de três opções: se deixarem comprar por alguma dessas gigantes, diminuírem de tamanho visando a própria sobrevivência ou simplesmente saírem do mercado.

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O avanço das empresas de telefonia, a entrada do capital estrangeiro, a evolução das medições de audiência, a renovação do modelo de negócio das emissoras e o surgimento de novas formas de transmissão de conteúdo ditarão os próximos capítulos de uma história que não terá fim. Independentemente da forma, da hora e do lugar, a TV estará presente na vida de todos nós porque ela oferece algo que qualquer ser humano precisa e que nenhuma tecnologia será capaz de superar: a emoção.

SOBRE O AUTOR

Consultor e palestrante. Professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso. Membro da Academy of Television Arts & Sciences, entidade realizadora dos prêmios Emmy. Coordenador-adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da UFRGS. Possui livros lançados no Brasil e no exterior, incluindo Comunicadores S.A. (2019) e o best-seller Silvio Santos – A Trajetória do Mito (5ª edição em 2017). É um dos autores de Covid-19 e Comunicação – Um Guia Prático para Enfrentar a Crise (2020), obra publicada em português, espanhol e inglês. Mestre em Gestão da Economia Criativa e especialista em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM. Site: fernandomorgado.com

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