Os Trapalhões fizeram muito sucesso ao longo dos anos. O programa é lembrado pelos fãs até hoje, seja pelas piadas, seja pelas brincadeiras que Didi, Dedé, Mussum e Zacarias faziam todas as noites de domingo na Globo.

Os Trapalhões

As polêmicas em torno do quarteto também seguem vivas na memória do público. Mesmo depois de muitos anos do fim do humorístico, as brigas e disputas seguem mobilizando antigos espectadores e imprensa.

“Sem o Dedé e o Mussum”

Renato Aragão

Rafael Spaca, escritor, diretor, fã e pesquisador dos Trapalhões, declarou, ao podcast Inteligência Ltda., que Renato Aragão pediu a saída de Dedé e Mussum da atração após a morte de Zacarias, em 1990. O fato teria precipitado o fim da atração, que ainda sobreviveu por algum tempo.

“Eu entrevistei o José Lavigne, o grande diretor do ‘Casseta & Planeta’, mas que, antes disso, foi por um tempo diretor de ‘Os Trapalhões’. Assim que o Zacarias morreu, eles tentaram criar várias fórmulas para sobreviver. Tinha um quadro, Nos Cafundó do Brejo, que era no último bloco e só aparecia o Renato Aragão. Ele [Lavigne] me falou que o Renato quis fazer esse quadro sem o Dedé e o Mussum”, contou Spaca.

“O Renato pediu a demissão do Dedé e do Mussum, mas ele colocou a culpa no diretor. Isso é verdade porque eu li as entrevistas da época, e o Renato falava que era ‘coisa do diretor’. Mas o Renato sempre mandou mais do que o diretor e mais do que todo mundo. Ele jamais iria permitir isso, mas ele colocava a culpa no Lavigne. O Lavigne me falou: ‘Renato pediu e eu levei a culpa’”, relatou.

“Eu nunca ouvi falar isso”

Os Trapalhões

Em agosto deste ano, Dedé Santana enviou um vídeo ao programa Balanço Geral, da Record, dando sua versão da história.

“Olha, saiu que o Renato Aragão tinha pedido a minha cabeça [na Globo]. Realmente eu não tô por dentro desse assunto, eu nunca ouvi falar isso. Tem que perguntar e fazer esse esclarecimento com quem falou”, disparou o humorista.

Além disso, ele declarou que o intérprete de Didi Mocó é um grande companheiro de trabalho e de vida:

“Eu não considero o Renato Aragão somente meu amigo, meu colega de trabalho. Eu considero o Renato meu irmão, um cara que tem o maior carinho comigo, ele e a esposa [Lilian Aragão]. A gente se fala todo dia, estou sempre visitando”.

Renato Aragão não se manifestou sobre o depoimento de Spaca.

Desentendimentos e separação

Os Trapalhões

O relato de brigas entre os humoristas era anterior a essa época. Em meados dos anos 1980, o quarteto se separou: Renato ficou sozinho, enquanto Dedé, Mussum e Zacarias seguiram juntos em outros trabalhos.

A Renato Aragão Produções era a responsável pela gestão do programa de TV e também dos filmes e de outros produtos dos Trapalhões. Isso fazia com que metade do faturamento do grupo ficasse com Renato, enquanto os outros 50% eram divididos entre Dedé, Mussum e Zacarias.

Por conta disso, o trio criou uma produtora própria, a Demuza (um acrônimo que juntou as iniciais de Dedé, Mussum e Zacarias). Eles fizeram shows Brasil afora, o que não interessava mais ao Renato.

A retomada e o fim

Didi e Dedé

Em agosto de 1983, durante uma tensa coletiva de imprensa no Teatro Fênix, os quatro anunciaram que permaneceriam juntos apenas na televisão, seguindo o contrato da Globo. Só que a ideia não foi para frente…

Renato Aragão continuou tocando Os Trapalhões com a ajuda de convidados, enquanto Dedé Santana, Mussum e Zacarias foram alocados em outro programa da Globo – A Festa é Nossa, que ficou pouco tempo no ar.

A Globo tentou de tudo para que os humoristas voltassem a trabalhar juntos, e em fevereiro de 1984, um almoço no Rio de Janeiro reuniu o quarteto. Diante dos constantes pedidos de retorno feitos pelo público, e também pelas próprias emoções, o grupo decidiu voltar: a relação de amizade de longa data falou mais alto e a paz finalmente foi selada.

Os Trapalhões chegou ao fim em 1995, cerca de um ano após o falecimento de Mussum. Didi e Dedé se reencontraram posteriormente, em outras atrações.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor