A novela é uma verdadeira paixão nacional, que domina os assuntos nas redes sociais, nos bares, nas praças e nas casas de milhões de brasileiros. Esse amor é tão grande que muitas vezes vira ódio contra um personagem – mesmo não sendo o vilão da trama.
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Quem sabe bem disso é Carolina Dieckmann, que pode ser vista como Edwiges na reprise de Mulheres Apaixonadas no Vale a Pena Ver de Novo. A atriz sentiu na pele como é viver uma personagem odiada pelo público em Laços de Família (2000), trama na qual viveu Camila.
O triângulo amoroso
Carolina Dieckmann, Reynaldo Gianecchini e Vera Fischer em Laços de Família (Divulgação / Globo)
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Em Laços de Família, o público acompanhou o romance entre Helena (Vera Fischer) e o jovem Edu (Reynaldo Gianecchini). Porém, durante a história, aparece Camila (Carolina Dieckmann), a filha de Helena, que acaba se apaixonando pelo médico.
Sua mãe, sem muito ter o que fazer, acaba dando espaço para o relacionamento da filha com o amado.
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O povo contra Camila
Reynaldo Gianecchini e Carolina Dieckmann em Laços de Família (Divulgação)
O público não gostou nem um pouco do rumo que a novela tomou, e Camila se tornou o alvo dos fãs de Helena. Em uma época que as redes sociais não existiam, um site foi feito: www.euodeioacamila.cjb.net. Na página, ódio e raiva pela personagem era destilado para que todos tivessem acesso e opinassem através do e-mail.
O criador do site, que nunca revelou o nome, chegou a tirar a página do ar, mas teve que voltar atrás, pois muita gente pensava como ele.
“Pensamos que teríamos alguns visitantes e logo tiraríamos do ar. De repente, a página começou a receber e-mails de todo o Brasil. Já recebemos recados de consulados, embaixadas e de ministérios”, contou o dono da homepage ao Jornal do Brasil em 8 de setembro de 2000.
O criador não gostou…
Autor Manoel Carlos (João Miguel Júnior / Globo)
O autor da novela, Manoel Carlos, não gostou nem um pouco da “homenagem” que uma de suas personagens recebeu na Internet. Ele acusou as pessoas de aproveitadoras porque queriam faturar em cima da trama.
“Há quem queira aparecer à custa do trabalho dos outros. O autor do site sabe que a mídia vai falar e ele vai ter seus 15 minutos de fama. Não me incomodo, porque isso representa o sucesso da novela. O que me deixaria aterrorizado seria um site indiferente ao nosso trabalho”, desabafou.
Mas a intérprete, sim
Carolina Dieckmann como Edwiges em Laços de Família (Reprodução / Globo)
Já Carolina Dieckmann não se importou nem um pouco com o site – visitava a página e chegou a enviar um e-mail elogiando o trabalho dos “fãs” de sua personagem.
“Quando o Maneco me chamou para fazer a personagem, já sabia que haveria a polêmica. A Camila tem o tédio de uma pessoa que sofre por atitudes verdadeiras. E me agrada despertar algum sentimento nas pessoas, mesmo que seja ódio ou pena”, declarou a atriz.
Mesmo com todas as críticas contra a Camila, Carolina seguia em frente, fazendo a defesa de sua personagem.
“Sei o que ela está sentindo. Pode ser ruim para o público ver uma menina sempre com aquela cara, mas não tenho como lutar contra o personagem”, desabafou.
Uma cena histórica
Carolina Dieckmann em Laços de Família (Divulgação / Globo)
A verdade é que esse papel foi um marco na carreira da atriz – ao longo da trama, Camila descobre que tem leucemia e enfrenta a doença de peito aberto. A cena em que ela raspa a cabeça se tornou um clássico da dramaturgia. Naquele dia, Laços de Família marcou 55 pontos e 61 de pico no Ibope.
“Essa cena sempre vai ter um impacto grande para mim, pois envolve muitos outros sentimentos. Meus medos e inseguranças, orgulho de ter enfrentado tantas emoções fortes sendo tão nova. Esse momento ficou gravado na minha trajetória como um rito de passagem, uma iniciação. E fico mais realizada ainda que a cena não tenha sido forte só para mim”, relatou Carolina ao G1 em 8 de fevereiro de 2021.
Camila se cura do câncer e vive feliz ao lado do marido, Edu. Já Helena se casa com Miguel (Tony Ramos), e todos vivem felizes e realizados. Assim como Manoel Carlos, que criou uma novela que entrou para a história.
