André Santana

Terra e Paixão é a atual aposta da Globo para tentar reerguer o horário das nove, em baixa após o fiasco de Travessia. A emissora esperava que o novo folhetim de Walcyr Carrasco fosse alcançar a mesma quantidade de público de Pantanal (2022), último sucesso da faixa, mas isso não aconteceu.

Terra e Paixão - Barbara Reis e Cauã Reymond
Barbara Reis e Cauã Reymond como Aline e Caio em Terra e Paixão (João Miguel Júnior / Globo)

Para tentar garantir o sucesso, a emissora decidiu beber da fonte da trama de Benedito Ruy Barbosa. Tanto que o público já percebeu diversas semelhanças entre Pantanal e Terra e Paixão – vira e mexe, alguém comenta sobre isso nas redes sociais.

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História rural

Osmar Prado e Alanis Guillen
Osmar Prado e Alanis Guillen em Pantanal (Reprodução / Globo)

Assim como Pantanal, Terra e Paixão se passa no interior do Mato Grosso do Sul. Desta vez, a ambientação se dá numa cidadezinha fictícia do estado, Nova Primavera, e as plantações dominam as paisagens, ao contrário da trama anterior, que mostrava os rios e as criações de boi.

Apesar da diferença nas paisagens, o ambiente rural traz várias semelhanças entre as duas novelas, como o sotaque carregado, o figurino, a música sertaneja e até o hábito de tomar tereré, um costume local.

Além disso, as duas histórias trazem um clã familiar em meio a uma disputa envolvendo a sucessão nos negócios e a atenção do patriarca. Tadeu (José Loreto), o filho rejeitado de José Leôncio (Marcos Palmeira), lembra bastante Caio (Cauã Reymond), o filho preterido de Antônio (Tony Ramos). Até Daniel (Johnny Massaro) tem um “que” de Jove (Jesuíta Barbosa).

Terra e sangue

Terra e Paixão - Tony Ramos
Tony Ramos como Antônio La Selva em Terra e Paixão (João Miguel Júnior / Globo)

Outro ponto em comum entre Pantanal e Terra e Paixão é a disputa por terras envolvendo grilagem. Tenório (Murilo Benício), o vilão da trama de 2022, enriqueceu invadindo terras e promovendo grandes massacres.

O mesmo fez Antônio La Selva, que no primeiro capítulo de Terra e Paixão, mandou eliminar toda a família de Aline (Barbara Reis). A jovem perdeu o marido no massacre, mas sobreviveu. Desde então, vive uma disputa com produtor rural, seu maior inimigo.

A revanche de Aline lembra a enorme quantidade de personagens que queria se vingar de Tenório em Pantanal. Muda (Bella Campos) e Juma (Alanis Guillen) tiveram suas famílias destruídas por conta das ações de Tenório e tentaram dar o troco.

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Casamento tóxico

Debora Falabella em Terra e Paixão
Débora Falabella como Lucinda em Terra e Paixão (Reprodução / Globo)

Por fim, Terra e Paixão também traz uma trama envolvendo um casamento tóxico, envolvendo Lucinda (Débora Falabella) e Andrade (Angelo Antonio). O homem, que é bruto e tem problemas com álcool, humilha a esposa constantemente, e até já bateu nela.

Situação parecida vivia Maria Bruaca (Isabel Teixeira) em Pantanal. Ela era constantemente humilhada por Tenório, que até tinha outra família em São Paulo. Tenório não chegou a agredi-la fisicamente, mas o fazia verbalmente, depreciando a esposa constantemente. Tanto que “bruaca” era o apelido que ele deu a ela.

Ou seja, muito do que tem sido mostrado em Terra e Paixão já foi visto pelo público em Pantanal. Isso ajuda a explicar o baixo interesse do público pela novela atual, já que a sensação de déjà vu é inevitável.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor