Próxima novela do Viva teve menor audiência da Globo nos anos 90

Força de um Desejo - Fabio Assunção e Malu Mader

Fabio Assunção (Inácio) e Malu Mader (Ester) em Força de um Desejo (Divulgação / Globo)

Agora é oficial! O Canal Viva lançou a primeira chamada de Força de um Desejo (1999), que substitui Alma Gêmea (2005) no próximo dia 24.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A novela de Gilberto Braga e Alcides Nogueira, embora sempre pedida para reprise, enfrentou problemas de audiência.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Retorno das novelas de época

Força de um Desejo marcou a volta das produções de época ao horário das seis. A última trama do gênero exibida pela emissora havia sido Salomé, em 1991. Animada com o êxito da minissérie Chiquinha Gonzaga (1999), de Lauro César Muniz, a direção da casa resolveu reeditar os folhetins ambientados em outros tempos para alavancar os índices da faixa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

LEIA TAMBÉM!

Para a empreitada, o canal acionou Gilberto Braga. O novelista praticamente lançou o horário com adaptações de clássicos da literatura como Helena (1975, de Machado de Assis), Senhora (1975, de José de Alencar) e Escrava Isaura (1976, de Bernardo Guimarães). Sem compromisso após a suspensão do remake de Dancin’ Days (1978), Giba atendeu ao chamado.

Texto escrito a quatro mãos

O mote de Força de um Desejo já existia. Foi Alcides Nogueira quem desenvolveu a premissa – que quase foi produzida pela Globo em 1988.

“A história da sinopse já é uma novela em si. Eu a escrevi, tomando como plot um livro muito pouco conhecido do Visconde de Taunay – A Mocidade de Trajano – e adaptei da maneira mais livre possível. Entreguei a sinopse ao Paulo Ubiratan. Ele morreu (em 1998) e a sinopse sumiu”, relatou Tide ao blog Eu Prefiro Melão, de Vitor de Oliveira.

“Tempos depois, o Marcos Paulo achou a própria e mandou para a Marluce Dias da Silva (todo-poderosa da emissora na época). Eu estava com o Silvio (de Abreu) e o Bosco Brasil em ‘Torre de Babel’. Para resumir a ópera, a sinopse foi parar nas mãos do Gilberto, que gostou bastante dela e propôs um segundo tratamento, a quatro mãos”, completou.

Problemas de audiência

Concebida como superprodução, Força de um Desejo estreou com 30 pontos de audiência na Grande São Paulo, praça de maior relevância para o mercado publicitário. Os índices foram caindo gradativamente… A novela fechou com a pior média da faixa nos anos 1990: 24,4 pontos.

Cabe salientar que o horário estava em queda desde Quem é Você (1996) – seguida por Anjo de Mim (1996), O Amor Está no Ar (1997), Era Uma Vez… (1998) e o remake Pecado Capital (1998). A única exceção neste período foi a segunda versão de Anjo Mau (1997), que conseguiu elevar o patamar da antecessora.

O resultado decepcionante pode ser explicado através da concorrência. A Globo já não reinava absoluta; policialescos de fim de tarde, com cobertura ao vivo de crimes e tragédias, começavam a ganhar terreno.

De acordo com a Biografia da Televisão Brasileira, de Flávio Ricco e José Armando Vanucci, Globo possuía 60% do público na faixa em 1995; quatro anos depois, a participação era de 39,8%.

Esticamento e incômodo

Apesar dos números abaixo do esperado, Força de um Desejo atingiu quase o dobro de capítulos da maioria das produções das seis. A equipe, porém, não perdeu o fôlego.

“A novela foi esticada tremendamente: 227 capítulos, mas começou e terminou com amor. Não foi um sucesso, mas também nenhum fracasso retumbante; foi cansativo para o autor, Gilberto Braga, e toda a equipe que trabalhou com ele. (…) Era muito bem feita, muito bem representada. Em momento algum houve desarmonia em seu elenco, nem no elenco principal, nem no coadjuvante, nem nos estreantes”, narrou Daniel Filho no livro O Circo Eletrônico.

Gilberto Braga, por sua vez, lamentou ter sido “rebaixado” após tantos sucessos às oito. O autor, porém, gostou bastante do resultado final.

“De certa forma, eu me senti rebaixado quando me escalaram para o horário das seis. Para piorar a situação, ‘Força de um Desejo’ não atingiu a audiência que a emissora queria. (…) Mesmo assim, eu assistia à novela com prazer. O falecido Evandro Carlos de Andrade (então diretor de jornalismo da Globo) era fã da novela. Ele não gostava de ‘Terra Nostra’ (então no ar às oito) e pedia para sua equipe gravar os capítulos de ‘Força de um Desejo para assistir depois’”, revelou ele em entrevista ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes.

Sair da versão mobile