A nova versão de Elas por Elas, que substituirá Amor Perfeito na faixa das seis da Globo, virá com muitas novidades. Os autores Alessandro Marson e Thereza Falcão pretendem rechear o clássico de Cassiano Gabus Mendes com novas histórias, mais romances e assuntos contemporâneos.

Caiuá Franco / Globo

Uma das novidades do remake será Renée, uma das protagonistas. Na trama, ela será uma mulher transexual. A atriz Maria Clara Spinelli (foto acima), também trans, é quem encarnará a personagem, que é uma das sete mulheres que lideram o enredo.

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Trama renovada

Alessandro Marson e Thereza Falcão
Reprodução / Gshow

Originalmente, Elas por Elas conta a história de sete amigas dos tempos de colégio que se reencontram após 20 anos. Na reunião, vários segredos do passado vêm à tona e mexem com a vida de todas elas. O mote será mantido, mas Thereza Falcão e Alessandro Marson (ambos na foto acima) estão modificando os nomes e algumas das tramas envolvendo as protagonistas.

Com isso, uma das sete mulheres da trama será Renée. No passado, ela se chamava Renê, mas, após 25 anos, mudou de nome e assumiu a identidade feminina, de acordo com Patrícia Kogut, colunista de O Globo.

“Eu não virei mulher. Eu nasci mulher”, dirá Renée ao explicar às amigas sua identidade de gênero.

Primeira protagonista

Todas as Flores - Thalita Carauta
Estevam Avellar / Globo

Com Elas por Elas, Maria Clara Spinelli retorna à Globo em grande estilo. Ela será um dos principais nomes da próxima novela das seis, dividindo a cena com atrizes como Deborah Secco (Lara / Márcia na versão original), Thalita Carauta (na foto acima, em Todas as Flores), Isabel Teixeira (Helena), Monica Iozzi e a estreante Késia Estácio, também escaladas para protagonizar a trama. Assim, falta apenas um nome entre as protagonistas para ser divulgado.

A atriz está afastada da emissora desde uma participação na série Carcereiros (2018). Ela viveu a personagem Kelly em um episódio da produção estrelada por Rodrigo Lombardi. Antes disso, Maria Clara obteve bastante destaque em A Força do Querer (2017), trama em que viveu Mira, comparsa da vilã Irene (Débora Falabella).

Antes disso, Maria Clara Spinelli já havia emplacado outros dois trabalhos na emissora. Em Salve Jorge (2012), ela era Anita, uma das mulheres traficadas. Já em Supermax (2016), a artista encarnou a misteriosa Janette.

A atriz também é experiente no teatro e no cinema. Nas telonas, participou dos filmes Quanto Dura o Amor? (2009), A Felicidade de Margô (2016) e De Perto Ela Não é Normal (2020).

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Diversidade

Mar do Sertão - Jade Sassará
Divulgação / Globo

A confirmação de Maria Clara Spinelli como uma das protagonistas de Elas por Elas acontece em um momento em que a Globo está dando mais espaço a artistas transexuais em suas novelas.

Recentemente, Jade Sassará (foto acima) arrancou risos do público como a divertida secretária Aleluia em Mar do Sertão (2022). Enquanto isso, o ator trans Alan Oliveira vive o DJ Cidão em Vai na Fé. Já no horário nobre, Valéria Barcellos é Luana em Terra e Paixão.

Protagonismo polêmico

As Filhas da Mãe - Claudia Raia
Divulgação / Globo

Com Elas por Elas, Maria Clara Spinelli será a primeira atriz trans a protagonizar uma novela da Globo. No entanto, Renée não será a primeira protagonista transexual em um folhetim da emissora.

Em As Filhas da Mãe (2001), Ramona (Claudia Raia, foto acima) era uma das personagens principais da trama de Silvio de Abreu. A personagem se chamava Ramon, mas passou por uma cirurgia de redesignação sexual na Europa e retornou ao Brasil transformada, para a surpresa das irmãs, Tatiana (Andréa Beltrão) e Alessandra (Bete Coelho). As três eram filhas da famosa Lulu de Luxemburgo (Fernanda Montenegro).

Na época, Ramona provocou polêmica. Por muito pouco, As Filhas da Mãe não foi impedida de ser veiculada no horário das sete por conta da presença da personagem, que fez o Ministério da Justiça classificar a obra como imprópria para menores de 12 anos. A Globo travou uma longa negociação com o órgão para liberar a novela.

As Filhas da Mãe foi gravada há 22 anos, uma época em que pouco se falava sobre transexualidade. Atualmente, o debate está bem avançado, com artistas trans lutando por mais visibilidade e espaços na TV. Assim, atualmente, uma personagem trans como Ramona vivida por uma atriz cis, como Claudia Raia, seria inaceitável.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor