Protagonista quase tirou primeira versão de O Cravo e a Rosa do ar

04/03/2022 às 13h43

Por: Fabio Marckezini
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A extinta TV Tupi foi responsável por lançar grandes obras e nomes consagrados da nossa dramaturgia. Uma delas foi O Machão, exibida em 1974, que ganhou uma nova versão em 2000, com o nome de O Cravo e a Rosa, hoje reexibida pela Globo em uma edição especial.

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Escrita por Ivani Ribeiro, a trama contava a história de Julião Petruchio (Antônio Fagundes), um homem rude, que recebe a missão de domar Catarina (Maria Izabel de Lizandra). Esta, por sua vez, era uma mulher temperamental e feminista da década de 1920.

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Na época, Fagundes já era um dos destaques da emissora, reflexo das novelas das quais havia participado, como Bel-Ami (1972) e Mulheres de Areia (1973).

Em O Machão, ele fazia o seu primeiro protagonista. A novela seguia o mesmo formato das outras produções: os capítulos tinham apenas 20 minutos e não apresentavam intervalos comerciais.

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Com ritmo de seriado, o rumo mudava de nove em nove capítulos. De forma bem-humorada, as vinhetas brincavam com cada personagem, lembrando o famoso Leão da Metro.

Com todo o grande sucesso que a produção vinha fazendo, Fagundes exigiu da emissora um salário melhor, mas a Tupi pensava o contrário e queria até mesmo diminuir os vencimentos do protagonista.

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“Ao comprar uma câmara na Inglaterra, a Tupi não discute o preço da máquina porque ela é insubstituível. Em compensação, diminui o salário do ator. Quanto mais cara é a máquina, menor é o salário do ator. E bem ou mal, a emissora aplicou em cima de mim, durante dois anos, desde Mulheres de Areia.

Agora, com a explosão de O Machão, devo estar dando lucros razoáveis. Se me deram o papel de protagonista nesta novela é porque reconhecem o ator que sou”, explicou à revista Amiga, em 1975.

Antonio Fagundes em O Machão

Nenhuma das partes chegaram a um acordo e Antônio Fagundes decidiu que gravaria suas cenas até expirar seu contrato.

“Não é verdade que eu tenha me recusado a gravar porque a Tupi não me concedeu o aumento para eu renovar o meu contrato. No dia 31 de janeiro, ele expira e, portanto, até lá eu gravo”, disse Fagundes, desmentindo boatos que circulavam na imprensa.

Fagundes e a emissora acabaram se acertando, pelo menos por pouco tempo, e ele seguiu até o final da trama, em abril de 1975.

Ida para a Globo

Antônio Fagundes em Saramandaia

Ao sair da Tupi, o ator foi direto para a Globo e estreou em Saramandaia, trama de Dias Gomes exibida em 1976. Fagundes fez inúmeras novelas e se transformou em um dos principais nomes do elenco da emissora carioca e da teledramaturgia brasileira.

Em 2020, eterno galã foi convidado para trabalhar no remake de Pantanal, mas acabou recusando o convite. Depois de 44 anos de casa, ele acabou deixando o elenco fixo da Globo.

“A Globo é uma empresa e pode escolher os caminhos do jeito que ela quiser. A emissora sempre teve autonomia para tomar decisões, e está se valendo mais uma vez dessa liberdade. Se o fato de a Globo estar abrindo mão do seu patrimônio vai trazer algum reflexo para ela, só o futuro dirá”, declarou em entrevista ao site Notícias da TV.

Aos 72 anos, recentemente Fagundes fechou um contrato com a TV Cultura para ser um dos protagonistas de uma minissérie sobre os 200 anos da Proclamação da Independência, que serão comemorados no próximo 7 de setembro.

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