A Globo planejava lançar a reprise de Paraíso Tropical (2007) no Vale a Pena Ver de Novo no dia 4 de dezembro. No entanto, a emissora reviu os planos e optou por antecipar o final de Mulheres Apaixonadas (2003) para que o novo cartaz do fim de tarde fosse relançada ainda em novembro.

Lua Cheia de Amor
Rodolfo Bottino e Isabela Garcia em Lua Cheia de Amor (Divulgação / Globo)

Considerando novelas inéditas, a Globo simplesmente não promove lançamentos em dezembro desde 1990, quando levou ao ar Lua Cheia de Amor. A emissora entende que o último mês do ano não é o ideal para fisgar a atenção do público e evita fazer estreias neste período.

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Hábito do público

Maria Clara Spinelli e Monique Alfradique em Elas por Elas
Maria Clara Spinelli e Monique Alfradique em Elas por Elas (reprodução/Globo)

Apostando em novelas desde sua inauguração, em 1965, a Globo entende como o público se comporta a cada nova produção. Normalmente, leva um tempo para que os espectadores se habituem à nova história e aos novos personagens que entram no ar. Por isso, é normal haver uma queda de audiência nos primeiros capítulos de um folhetim.

Mas, em dezembro, o desafio de conquistar o público é ainda maior. Afinal, é um mês de altas temperaturas – problema que tem afetado Elas por Elas -, o que faz as pessoas ficarem mais tempo fora de casa e menos tempo diante da TV. Além disso, a emissora precisa disputar a atenção das pessoas com as festas de fim de ano.

Por isso, a partir da década de 1990, a Globo simplesmente aboliu qualquer estreia de nova novela no último mês do ano. A última novela inédita lançada pelo canal em dezembro foi Lua Cheia de Amor, trama exibida às 19 horas a partir do dia 3 de dezembro de 1990.

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Não deu certo

Lua Cheia de Amor - Francisco Cuoco e Marília Pêra
Marília Pêra e Francisco Cuoco em Lua Cheia de Amor (Nelson Di Rago / Globo)

Coincidência ou não, fato é que Lua Cheia de Amor demorou a engrenar. A trama, escrita por Ana Maria Moretzsohn, Ricardo Linhares e Maria Carmem Barbosa, era uma nova versão de Dona Xepa (1977), trama de Gilberto Braga que, por sua vez, era inspirada na peça de Pedro Bloch.

A novela girava em torno da camelô Genu (Marília Pêra), que foi abandonada pelo marido e batalhou muito para criar os filhos Rodrigo (Roberto Bataglin) e Mercedes (Isabela Garcia). No entanto, os dois jovens tinham vergonha do jeitão popular da mãe.

Lua Cheia de Amor começou bem, mas logo perdeu fôlego e viu sua audiência cair semana a semana ao longo de todo o mês de dezembro de 1990. A novela só reverteu a tendência de queda nos primeiros meses de 1991. Ainda assim, não chegou a ser considerada um sucesso.

 

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Outros casos

Sangue e Areia
Sangue e Areia

No entanto, antes de Lua Cheia de Amor, a Globo chegou a lançar outras novelas no mês de dezembro. Logo em seu primeiro ano no ar, o canal promoveu a estreia de dois folhetins no final do ano: Padre Tião, lançada em 12 de dezembro de 1965 às 20h; e Um Rosto de Mulher, que estreou no mesmo dia, às 21h30.

Outras novelas históricas foram lançadas em dezembro. De Janete Clair, o clássico Sangue e Areia estreou em 18 de dezembro de 1967, na faixa das 20h. Já na faixa das 21h30 do mesmo dia, era lançada O Homem Proibido, de Gloria Magadan.

Duas Vidas (1976) e O Astro (1977) também foram lançadas no final do ano pela Globo. A primeira estreou em 13 de dezembro de 1976, enquanto a segunda entrou no ar em 6 de dezembro de 1977. Ambas são de autoria de Janete Clair, que não teve descanso entre as produções.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor