Angélica ficou quase três anos fora do ar. O Estrelas, programa comandado por ela entre 2006 e 2018, chegou ao fim desgastado e sem atrativos. A Globo encerrou a atração sem ter um novo projeto para a apresentadora.

Muitas especulações foram feitas durante a ausência da loira, incluindo o desligamento da emissora. E todos os “projetos” de um novo formato eram adiados. Até surgir o Simples Assim, que estreava em 10 de outubro de 2020.

Antes da estreia, pouco se falava sobre o novo programa. A falta de informações implicou em uma expectativa elevada. Afinal, era o retorno de Angélica após um longo hiato. Mas o resultado do programa, que terminou em 26 de dezembro do mesmo ano, ficou abaixo da média.

Provocou tédio

As explicações sobre a proposta do formato são ótimas: “uma reflexão sobre algo que nos une como seres humanos. A busca pela felicidade. Um propósito comum a todos e, ao mesmo tempo, único e individual, que cada um percorre a seu modo. Trilhar o caminho não é simples e chegar à simplicidade, ao estado de espírito que permite encarar a vida com mais leveza, pode custar uma vida inteira”.

A cada episódio, um tema – como felicidade, fé, trabalho, família, solidariedade, diversidade, vaidade e amor – foi abordado. E, para cada assunto, diferentes percepções e maneiras de contar essas histórias, que vieram das ruas, das casas dos personagens (sempre anônimos), através de esquetes de humor – que marcaram a volta de Angélica como atriz – ou das dinâmicas com alguns convidados em um palco.

O intuito do programa era exibir momentos felizes e a missão foi bem cumprida. O formato era leve e despretensioso. Mas, no ar, provocou tédio.

Angélica é uma ótima apresentadora, mas os longos papos com os convidados, tanto anônimos quanto famosos, sobre amenidades não fluíram e nem as dinâmicas no palco entretiveram. Muitas vezes, houve a sensação de acompanhar uma espécie de grupo de autoajuda, onde a apresentadora era uma ‘coach’. Era mais legal para quem participava do que para quem assistia.

Esquetes bobinhas

Angélica

Nem mesmo as curtas cenas protagonizadas por Angélica com participações especiais (Marcos Caruso, Paulo Gustavo, Camila Queiroz, Mariana Santos, Marisa Orth e Ingrid Guimarães foram alguns que contracenaram com a loira) divertiram. Na realidade, se mostraram bem artificiais ou até bobinhas. Nada pior para uma cena do que parecer uma cena.

E o programa também teve o azar de ser lançado em plena pandemia do novo coronavírus. A primeira temporada já tinha sido toda gravada antes da Covid-19 aterrorizar o mundo.

O quadro “Dilemas da Vida Real”, por exemplo, soou risível com tantas mortes diárias. Um homem e uma mulher moravam em cidades diferentes e os dois tiveram que decidir no palco quem iria abdicar de sua casa para se mudar e ir morar com o outro.

Simples Assim

Vale destacar mais um “dilema” apresentado: o marido queria mais filhos e a mulher não. A missão do programa foi conciliá-los. Na realidade, houve um claro “convencimento” para a mulher ceder e ter filho. Soou até machista nos tempos atuais. Enfim, problemas que ficaram ainda mais bestas em 2020.

Simples Assim não foi um programa ruim. Longe disso. Mas Angélica merecia algo um pouquinho mais empolgante após tanto tempo longe do ar, e que acabou encerrando sua trajetória na emissora, pelo menos por enquanto. O título fez jus ao que é apresentado. Foram propostas simples em um formato sem novidades.

O conjunto, infelizmente, resultou em um programa esquecível e chato, que dava sono no público. Pena.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor