Em 1996, o Aqui Agora, famoso programa policial do SBT, vivia uma fase de baixa audiência e via seu principal concorrente, Cidade Alerta, da Record, conquistar bons índices no Ibope e deixar o famoso telejornal para trás.

Entretanto, mais uma atração do gênero surgia no dia 1º de julho daquele ano. Carlos Massa, o Ratinho, já era bastante conhecido em Curitiba (PR), mas agora entrava em rede nacional com o seu 190 Urgente, através da CNT/Gazeta. Antes de comandar o policialesco, ele foi repórter, locutor de rádio, vereador e deputado federal pelo Paraná.

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Ratinho era um repórter querido pelo jornalista e apresentador do Cadeia, da CNT, Luiz Carlos Alborghetti (foto abaixo), também seu mentor e grande incentivador de sua carreira. Ele ganhou fama como apresentador logo após a saída de Alborghetti da emissora, em meados dos anos 90, adotando o estilo do seu antigo mestre e trilhando seu próprio caminho na televisão.

Nessa época, a CNT tinha uma parceria com a TV Gazeta de São Paulo, formando a rede CNT/Gazeta. Mesmo com a união, o programa Cadeia era exibido apenas para o Paraná e não para toda a rede, mas o sucesso era visível e Ratinho logo teria a chance de mostrar o seu estilo irreverente e escrachado para todo o Brasil.

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Esse programa era bem diferente dos outros policialescos que o resto do país assistia naquela época: o apresentador, com seu cassetete, batia na mesa, jogava o sapato em seus câmeras, quebrava aparelhos, trazia uma lista de bordões, como “aqui tem café no bule”, “a cobra vai fumá”, “coisa de loco”, entre outras frases que até hoje são utilizadas em seu programa no SBT.

Naquela época, sem a popularização da internet, a interação do público com o apresentador era feita através do fax. Por isso, muitos opinavam e até ofendiam o apresentador, que respondia à altura e sem papas na língua. Outro fato inusitado era a exibição de cadáveres sem qualquer tipo de censura, em pleno horário nobre.

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O público começou a gostar do Ratinho e da forma como ele conduzia o programa, fazendo com que a audiência do 190 Urgente começasse a incomodar outras emissoras.

O apresentador sentiu que a fama havia chegado quando foi convidado para sentar no sofá mais famoso do Brasil: o de Hebe Camargo. Para participar da atração, Ratinho foi até o centro de Curitiba comprar um terno novo e uma gravata com o rosto dos Três Patetas. E foi desse modo que ele mostrou o seu jeito de ser para um público diferente do seu, abrindo as portas para outros programas.

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Sua participação no programa Hebe foi um sucesso e muitos programas o convidaram para se apresentar: Domingo Legal, A Praça é Nossa, Garganta e Torcicolo (game show da MTV apresentado por João Gordo), Pânico (que apenas era veiculado pela Rádio Jovem Pan), entre outros. Depois dessas participações, seu programa, que atingia três pontos na audiência, começou a conquistar entre seis e oito.

Não foram apenas os convites para participar de programas que apareceram: as emissoras passaram a solicitar Ratinho para assinar possíveis contratos. A primeira rede a convidá-lo foi a Bandeirantes, que tinha interesse em produzir um programa do mesmo estilo daquele da CNT/Gazeta. Depois, a Rede Manchete foi além, desejando o apresentador aos domingos em um programa de auditório. Carlos Massa também esteve nos planos do SBT: Silvio Santos o queria à frente do Aqui Agora. Ratinho analisou as propostas e decidiu esperar.

Eduardo Lafon, então diretor artístico da Rede Record, viu em Ratinho a possibilidade de colocar no ar um novo programa, em outros moldes em pleno horário nobre. O apresentador aceitou a proposta e foi para a Record apresentar o Ratinho Livre, denominado na época como “um tribunal de pequenas causas”.

Foi na Record que Ratinho se tornou um grande apresentador popular, mostrando seu talento não apenas como um repórter policial, e sim como um apresentador de auditório, mantendo boa audiência até hoje, no SBT, onde está desde 1998.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor