Em Top Model (1989), um jovem ator despontou como galã das novelas da Globo. Posteriormente, Marcelo Faria, filho do consagrado artista Reginaldo Faria, foi um dos destaques de Quatro por Quatro (1994) ao dar vida ao personagem Ralado. Na trama de Carlos Lombardi, ele pode mostrar seu talento e passou a ser reconhecido em todo o Brasil. Nos últimos dias, ele fez sua estreia na Record, através da novela Reis.
Em 1996, Marcelo esteve no elenco de O Fim do Mundo (1996) e, no ano seguinte, foi escalado para viver o trapezista Ivan Guimarães em O Amor Está no Ar. Nesse momento, ele acabou se envolvendo em uma confusão com a polícia.
Em julho de 1997, o ator dava uma volta com uma caminhonete pelas ruas de Copacabana, bairro do Rio de Janeiro, ao lado do amigo Rogério Roza.
Desacato
Parados pela polícia, ambos foram revistados, além do próprio veículo. Foi encontrado um cigarro de skunk, conhecido como “supermaconha”. O ator discutiu com os policiais e acabou preso por desacato à autoridade. Ele precisou pagar uma fiança de R$ 100 para ser liberado, um montante significativo para a época.
O fato ganhou destaque na imprensa e chamou a atenção de Siro Darlan, então juiz da 1ª Vara da Infância e da Juventude, que sempre foi uma pedra no sapato da Globo.
Em O Amor Está no Ar, Marcelo contracenava com Luiza Curvo e Patrick de Alencar, ambos adolescentes. Darlan, que era responsável por liberar o trabalho de jovens que ainda não tinham atingido a maioridade em novelas, preferiu caçar as licenças de Luiza e Patrick.
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Afastamento
Preocupada, a Globo conversou com o juiz e decidiu afastar Marcelo das gravações. Grande parte do elenco da trama eram garotos, incluindo uma das protagonistas, na ocasião com 17 anos.
“Enquanto a Vara Criminal não se manifestar sobre como ficará a queixa registrada contra o ator, não posso permitir que ele volte a gravar em nenhuma novela. Ele é um ídolo, e agora se tornou companhia inadequada para os atores-mirins”, declarou Darlan ao jornal O Globo.
Em diversas entrevistas, o ator se mostrava inconformado com a decisão.
“Isso não faz sentido. Eu não estava com a droga. Fui preso por desacato à autoridade”, desabafou Marcelo.
Prejuízo
Mas ele não ficou afastado durante muito tempo. A emissora entrou em cena, fez um acordo com a Justiça e, para completar, Marcelo Faria foi levado a participar de campanhas antidrogas e de palestras sobre o assunto. Contudo, todos esses acontecimentos prejudicaram sua carreira.
“Isso me prejudicou dentro da Globo, onde tive que me explicar, e em todos os outros trabalhos que faço. As pessoas hoje não me chamam para apresentar baile de debutantes, fazer comercial. É claro que um cara que foi preso com maconha não pode dançar em um baile de debutantes com uma menina. Só que eu não tinha nada, nem fumo. Conheço milhões de pessoas que fumam, mas sou saudável. Além disso, não desacatei ninguém. Fui induzido à discussão por um guarda que me abordou com uma arma apontada para a minha cara”, desabafou o ator ao jornal O Estado de São Paulo.
Marcelo cumpriu o acordo e continuou ministrando as palestras para menores infratores sobre o combate às drogas e o direito à cidadania. Ele continuou na novela e seguiu com seu personagem. Ao ser questionado se tinha mágoas de Siro Darlan, ele foi enfático:
“Não guardo rancor, mas não quero saber de papo”.
