Preso nesta quinta-feira (15) por armazenar imagens de pornografia infantil e suspeita de abuso contra um menino de 12 anos, o ator José Dumont (na foto abaixo, com Roberto Bonfim em Nos Tempos do Imperador) acabou perdendo o papel em Todas as Flores, novela Original Globoplay, e colocou a emissora numa enrascada.

Galo, o personagem reservado para José na trama de João Emanuel Carneiro, é um aliciador de menores. Ele abriga crianças no ônibus inutilizado onde mora, desde que elas paguem pela estadia. Para arcar com tal despesa, os pequenos pedem esmolas.

Figura do mal

Todas as Flores

Galo também atua com a vilã Zoé (Regina Casé), de quem foi mentor. Os dois integram a rede de tráfico humano que “abastece” uma fazenda, onde os funcionários são submetidos a condições análogas à escravidão.

O tipo remete ao Nilo (José de Abreu) de Avenida Brasil, também criado por João Emanuel. No clássico de 2012, o bandido colocava menores para trabalhar em um lixão; os que davam a sorte de escapar eram acolhidos por Mãe Lucinda (Vera Holtz).

Nilo também mantinha ligações com a grande vilã do folhetim, Carminha (Adriana Esteves). Porém, diferente de Galo e Zoé, os dois se tratavam com desdém. Entre os novos personagens, há carinho e respeito.

Mudança

Curiosamente, o papel em Todas as Flores estava reservado para outro ator. Tonico Pereira foi escalado para Globo quando a sinopse ainda era cotada para a vaga de Pantanal, às nove.

Com alterações de calendário decorrentes da pandemia de Covid-19, Tonico deixou o projeto, sendo substituído por José Dumont. Tempos depois, a novela mudou de plataforma, deixando a TV aberta para se tornar a primeira produção do gênero Original Globoplay – Verdades Secretas 2 (2021) foi spin-off de um produto televisivo.

Ainda não se sabe se, com a saída de José, o primeiro intérprete poderá retomar o papel. A Globo informou apenas que, “diante dos fatos noticiados”, tirou Dumont do folhetim. Pega de surpresa, a emissora corre para definir o substituto, já que o ator havia, inclusive, gravado algumas cenas.

“A suspeição de pedofilia é grave. Nenhum comportamento abusivo e criminoso é tolerado pela empresa, ainda que ocorra na vida pessoal dos contratados e de terceiros que com ela tenham qualquer relação”, informou, salientando que o ator era contratado por “obra certa”.

Carreira

América

Natural de Bananeiras, Paraíba, José Dumont tem 72 anos e um extenso currículo na TV, no cinema e no teatro. Em 1981, ele protagonizou o especial Morte e Vida Severina, que garantiu o primeiro Emmy Internacional para a Globo.

Na mesma emissora, passou por sucessos como Bandidos da Falange (1983), Padre Cícero (1984), Grande Sertão: Veredas (1985), Terra Nostra (1999) e América (2005). Seu último trabalho na casa foi em Nos Tempos do Imperador (2021).

Ele também marcou presença em produções da Manchete, como Pantanal (1990), e da Record, onde foi contratado fixo por mais de 10 anos, atuando em Caminhos do Coração (2007), Ribeirão do Tempo (2010) e Milagres de Jesus (2014).

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