Sucedendo a fraca Sol Nascente na faixa das 18h, Novo Mundo estreou no dia 22 de março trazendo sangue novo ao horário. Os autores Alessandro Marson e Thereza Falcão, experientes colaboradores de novelas elogiadas como Avenida Brasil (de João Emanuel Carneiro) e Cordel Encantado (de Duca Rachid e Thelma Guedes), fazem sua estreia como titulares, levando para a telinha uma parte da história do Brasil mesclada com boas doses de romances de capa e espada e aventuras de filmes de piratas. O resultado visto nos primeiros capítulos é primoroso e animador.

A ação se passa em 1817, anos antes da independência do Brasil. A jovem Anna Millman (Isabelle Drummond) é uma professora inglesa, confidente da princesa austríaca Leopoldina (Letícia Colin), que chega à então colônia de Portugal – àquela altura, elevada à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves – para se casar com o príncipe Dom Pedro (Caio Castro), futuro imperador brasileiro. Em meio ao enlace, Anna conhece Joaquim (Chay Suede), um artista mambembe que vai parar no navio da família real para não ser preso.

Os dois se apaixonam, porém, ele desaparece após uma armação do dissimulado capitão Thomas Johnson (Gabriel Braga Nunes), que é obcecado pela professora e tem informações valiosas sobre o paradeiro do pai dela. A embarcação sofre um ataque do pirata Fred Sem Alma (Leopoldo Pacheco), em cujo navio Joaquim foi parar por engano. O mocinho ainda é vítima de um ataque sorrateiro de Thomas, desaparece e é encontrado em uma aldeia indígena no litoral da Bahia, despertando a paixão da índia Jacira (Giullia Buscacio).

Os primeiros capítulos mostraram que a agilidade daria o tom da condução da novela. Diferentemente da elogiada Lado a Lado (2012-13), que adotou o contexto histórico da luta das mulheres e dos negros por respeito na sociedade de uma forma mais documental, Novo Mundo prioriza a aventura e o romance, com a história brasileira como pano de fundo. As primeiras cenas exibidas também encantaram pela rica produção e cenografia, que em muitos momentos lembra vários registros históricos reais.

O elenco também dá sua contribuição: Isabelle Drummond, que vive a mocinha Anna, mostra cada vez mais porque é a melhor atriz de sua geração. Anna é uma mocinha encantadora e de muita atitude, se posicionando contra as injustiças e inclusive se dispondo a lutar contra os piratas. E todas essas nuances são perfeitamente defendidas pela atriz, que encontrou o tom perfeito para sua carismática protagonista. Chay Suede também merece os elogios e se mostra totalmente diferente de seus personagens recentes, além de repetir a química com Isabelle mostrada na primeira fase de A Lei do Amor (2016-17).

Letícia Colin encanta como a princesa Leopoldina e também repete a boa parceria com Isabelle, vista na linda Sete Vidas (2015), agora com os papeis invertidos: se na novela de Lícia Manzo, Elisa (Colin) era confidente de Júlia (Isabelle), agora Anna é a melhor amiga da princesa. Outros que estão igualmente muito bem são Léo Jayme e Débora Olivieri (Dom João VI e Carlota Joaquina), Ingrid Guimarães (Elvira, primeira esposa de Joaquim), Leopoldo Pacheco (Fred Sem Alma, um vilão humanizado), Daniel Dantas (padre Olinto, que cuida de Joaquim na aldeia), Giullia Buscacio (a índia Jacira, que se apaixona por Joaquim), Rodrigo Simas (Piatã, irmão de criação de Anna), Rômulo Estrela (Chalaça, amigo de Dom Pedro) e Vivianne Pasmanter (Germana, dona da estalagem), que chama a atenção por sua irreconhecível caracterização. De negativo, por enquanto, apenas Gabriel Braga Nunes, que vive o vilão Thomas Johnson. A atuação dele se mostra repetitiva, com trejeitos de personagens anteriores e sotaque variável.

Deve-se fazer uma menção especial ao quinto capítulo, exibido no dia 27 de março e focado no ataque de Fred Sem Alma ao navio com a comitiva de Leopoldina, pelo fato de Joaquim ter fugido após não conseguir chegar à embarcação oficial graças a uma armação de Thomas. As sequências foram muito bem dirigidas pela equipe de Vinícius Coimbra e lembraram os mais clássicos filmes de piratas de todas as épocas. O final do capítulo emocionou e provocou adrenalina, com o momento em que Joaquim pede Anna em casamento e leva um tiro sorrateiro de Thomas.

Novo Mundo, em seus primeiros episódios, tratou de fazer o povo esquecer rapidamente a novela anterior no horário. Os autores Alessandro Marson e Thereza Falcão iniciaram sua novela de forma empolgante e emocionante. Fica a torcida para que este encanto se mantenha até o fim.


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