No remake de Elas por Elas, nova novela das seis da Globo, o ator Filipe Bragança vive Giovanni, filho de Helena (Isabel Teixeira), uma das protagonistas da trama. No remake da obra de Cassiano Gabus Mendes, o rapaz vive um amor proibido, já que se apaixona por Isis (Rayssa Bratillieri), filha de Adriana (Thalita Carauta), justamente a rival de Helena.

Filipe Bragança é Giovanni em Elas por Elas
Filipe Bragança é Giovanni em Elas por Elas (divulgação/Globo)

Na primeira versão da trama, exibida em 1982, Giovanni se chamava Gil e era interpretado por Lauro Corona. O artista era um dos grandes galãs da TV nos anos 1980, mas nos deixou cedo demais. Ele precisou abandonar seu último trabalho na Globo em razão de problemas de saúde.

Último trabalho

Lauro Corona
Lauro Corona

Na reta final de Vida Nova, novela das seis exibida entre novembro de 1988 e maio de 1989, Benedito Ruy Barbosa teve que pensar em novos rumos para a história após a saída do protagonista vivido pelo ator Lauro Corona, que lutava contra as complicações causadas pela Aids.

Os personagens vividos por Giuseppe Oristânio e Patrícia Pillar se transformaram nos principais personagens de uma hora para outra.

A trama contava o convívio de imigrantes europeus, sobretudo de italianos, que residiam num cortiço localizado no bairro do Bixiga, em São Paulo, na década de 1940. Um dos núcleos de destaque era do jovem Manoel Vitor, interpretado por Corona. O aprendiz de padeiro se apaixona pela judia Ruth (Deborah Evelyn), filha de Samuel (José Lewgoy), que proíbe o namoro dos dois por ele ser português e católico.

Mas, infelizmente, o ator não ficaria até o fim da produção, já que, como sua saúde estava bastante debilitada, ele foi obrigado a se afastar das gravações em fevereiro de 1989.

Comoveu o Brasil

Vida Nova

Na história, Manoel Vitor parte para uma viagem sem volta. Em sua última cena, o personagem se afasta por uma rua escura, durante uma noite chuvosa, declamando em off, com sotaque português, um texto do escritor Fernando Pessoa, numa sequência emocionante.

Segundo reportagens da época, o ator se isolou em uma chácara no interior de São Paulo e havia uma expectativa de que ele pudesse retornar às gravações na reta final. Mas isso acabou não ocorrendo. Corona morreu em 20 de julho de 1989, aos 32 anos. Sua morte comoveu o Brasil e obrigou o autor a mexer no final de sua novela.

Com a saída do protagonista, o fio condutor da narrativa, a luta entre cristãos e judeus no pós-guerra, fez com que um dos principais pares românticos da trama ficasse sem função.

Vida Nova

O jeito encontrado por Benedito para salvar o núcleo judeu da história foi eliminar o personagem Samuel (José Lewgoy), que morreu para “criar um impacto maior na história”. Como o próprio novelista citou, ele foi obrigado a criar situações mirabolantes para manter a unidade de sua obra.

“Perdi muito com isso, não vale nem a pena comentar”, afirmou Benedito ao jornal O Dia em 16 de abril de 1989. “O autor tem que estar preparado para tudo”, completou.

Novos rumos

Vida Nova

Já Ruth saiu de cena na terça-feira da última semana de exibição do folhetim. Ela viajou para Israel, onde viveu feliz para sempre com Vitor Manoel.

Numa carta lida pelo sogro de Ruth, Abrahão (Abrahão Farc), ficamos sabendo que o sobrenome de Manoel é Oliveira, o que indica que ele é um cristão novo, um judeu que fugiu da inquisição. O casal teve um filho, nascido em 1948, quando também foi fundado o Estado de Israel.

Enquanto isso, outro casal importante da história, Bruno (Giuseppe Oristânio) e Bianca (Patrícia Pillar), praticamente se transformaram nos protagonistas da trama, vivendo um drama nos últimos capítulos, logo após se casarem.

A cantina que ele construiu após anos trabalho como lavador de pratos, é destruída num incêndio. Com isso, ele é obrigado a partir para uma vida nova. No entanto, de acordo com o autor, a determinação do jovem seria recompensada e ele atingiria o sucesso no futuro.

 

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Outros desfechos

Vida Nova

Antoninho, filho de Antônio do Mercado (Antônio Petrin), e Marialina, outro casal da ala jovem de Vida Nova, finalmente se acertaram. Interpretados pelos novatos Marcos Winter e Gabriela de Oliveira, se casaram numa enorme festa no cortiço onde se concentravam os demais personagens da novela.

Antes disso, a rebelde filha de Laura (Yoná Magalhães) se recusa a entrar na igreja ao avistar no altar o padrasto, Antônio Sapateiro (Carlos Zara), que ela tanto odeia. Mas a garota, que desdenhava dos moradores os chamando de “corticeiros malcheirosos”, descobre o grande segredo de sua mãe, que era, na verdade, uma prostituta chamada Lalá.

É a partir desta revelação que Marialina se reconcilia com Antônio Sapateiro, que enriquece se tornando proprietário de uma sapataria no Bixiga e volta a viver feliz ao lado de Laura.

Na cena final, o autor inovou: ao invés do tradicional desfecho, a tela exibiu a seguinte frase: “Essa história não tem fim”.

Exibida de 21 de novembro de 1988 a 6 de maio de 1989, em 143 capítulos, Vida Nova foi a primeira novela de Benedito Ruy Barbosa abordando o tema da imigração italiana na Globo. No ano seguinte, ele seria contratado pela Rede Manchete, onde escreveria um dos grandes sucessos de sua carreira: Pantanal.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor