NOVELAS
Primeira Odete Roitman levou mágoa com a Globo para o túmulo: “Nunca me deu importância”
26/04/2025 às 11h51

Beatriz Segall arrebatou todo o país quando personificou a maldade através de Odete Roitman, vilã de Vale Tudo (1988). Engana-se, porém, quem pensa que a personagem conferiu status de estrela da Globo para a atriz, que, antes de partir, lamentou nunca ter entrado para o primeiro escalão da emissora.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Nascida no Rio de Janeiro, em uma família de classe média que lhe conferiu uma educação primorosa – ela era filha de um diretor de colégio para meninas –, Beatriz formou-se em Filosofia. Foi no palco, porém, que ela se encontrou…
Após voltar de Paris, onde estudou Teatro e Literatura graças a uma bolsa, ela estreou no teatro ao lado da consagrada atriz francesa Henriette Morineau. Foram mais de 40 montagens, vários prêmios e convites subsequentes para cinema e televisão, onde estreou nos anos 1950.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Tipos populares e figuras de classe
A passagem pela TV, embora sempre associada à classe de Odete Roitman, não foi só de requinte e sofisticação. Entre produções na Tupi, na Excelsior, na Record, na Globo, na Band e na Manchete, Beatriz Segall encarnou personagens simplórias como a Eunice de Champagne (1983, Globo, foto) e a Alzira de Carmem (1987).
A estreia na emissora líder de audiência foi em Dancin’ Days (1978), de Gilberto Braga, com direito a nome artístico alterado por Daniel Filho: Beatrix Segall. O papel reservado para ela, no entanto, não aconteceu: com a morte de Celina, a atriz pode atuar na substituta Pai Herói (1979), retomando a grafia correta do nome nos créditos.
LEIA TAMBÉM:
● Novela que terminava há 12 anos provou que nem todo remake dá certo
● Estreava há 13 anos: 5 estrelas de Cheias de Charme que já nos deixaram
● Novela esquecida pela Globo deixou Igreja Católica de cabelo em pé
Beatriz encarnou a peste Lourdes Mesquita de Água Viva (1980), também de Gilberto, onde discutiu a sexualidade da mulher madura – revisitada por seus tipos em Sol de Verão (1982), Vale Tudo e De Corpo e Alma (1992). Em 1990, respondeu pela cientista Miss Brown, de Barriga de Aluguel (1990), revisitada em O Clone (2001).
Distante do olimpo global

Após o êxito de Vale Tudo, a atriz optou por figuras bondosas, talvez para dissociar a imagem dela da malvada Odete. Casos de Sonho Meu (1993), Anjo Mau (1997) e Bicho do Mato (2006), Record; esta, aliás, foi sua última novela do primeiro ao último capítulo. A despedida da TV se deu em Os Experientes (2015), da Globo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Em 28 de outubro de 2014, numa entrevista ao portal Notícias da TV, Beatriz Segall revelou estar desempregada e lamentou por não ter tido dentro da Globo, onde realizou a maioria de seus trabalhos, o reconhecimento que merecia.
“Nunca fui contratada (pela Globo). Sempre trabalhei por obra. Eles nunca me ofereceram e eu não procurei. A Globo nunca me deu importância”, afirmou.
Na ocasião, Beatriz estava dando aulas de interpretação, algo que, para ela, era extremamente prazeroso. A veterana lamentou o desinteresse da nova geração de atores e atrizes pelo estudo e a queda de qualidade das novelas.
“É uma coisa que acontece pouco hoje. Até os anos 1960, 1970, os atores estudavam muito. Hoje, eu acho que estudam menos. Basta ser bonitinha e aparecer 15 minutos na televisão. A prova disso é que os elencos de antigamente eram melhores. Hoje seria difícil fazer ‘Água Viva’ e ‘Vale Tudo’, por exemplo”, disparou.
“As novelas do meu tempo eram muito boas. As de agora são mais fraquinhas”, completou.
Vida pessoal
Beatriz Segall foi casada com o produtor Maurício Klabin Segall, com quem teve três filhos: Paulo, Mário e Sérgio Toledo.
Ela, que se ausentou da vida artística logo após o casamento, voltando ao teatro após mais de uma década de dedicação à família, faleceu em 5 de setembro de 2018, aos 92 anos.
Beatriz enfrentava problemas respiratórios. Seu corpo foi cremado em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.