Tarcísio Meira foi um dos grandes atores da história da nossa televisão, uma vez que viveu personagens históricos em novelas inesquecíveis. Porém, o marido de Glória Menezes era um ser humano igual a qualquer um, com seus medos e suas fragilidades.
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Em outubro de 2019, Tarcísio demonstrou isso. O famoso, então com 84 anos, ficou 11 dias internado no hospital para tratar uma forte pneumonia. Depois de ter alta, ele deu uma entrevista à Veja e contou como foram os dias no hospital.
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“Fiquei onze dias no hospital com uma pneumonia braba e tivemos de adiar a estreia em duas semanas [da peça O Camareiro]. Passei meu último aniversário, em outubro, também internado. Ganhei festinha, bolo, os médicos e os enfermeiros cantaram Parabéns para mim. Nos dois últimos anos, tive duas gripes fortes que atacaram meus pulmões”, relatou.
“Ninguém gosta de pensar que o fim está chegando”
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Depois desse período de internação, o ator admitiu que a morte o assustava, mas ressaltou que estava consciente de que o fim era inevitável, não apenas para ele, mas também para seus amigos.
“Sim, ela assusta [morte]. Ninguém gosta de pensar que o fim está chegando. Mas ele está chegando para mim. É triste também lidar com a perda dos amigos”, desabafou o ator.
Outro ponto que Tarcísio Meira abordou foi o momento da própria morte e o sentimento que isso poderia causar nas pessoas.
“Dei de cara com o diretor de teatro Antunes Filho. Foi uma alegria, porque fazia anos que não o via. Eu disse: ‘Antunes, somos sobreviventes’. Pouco tempo depois, o próprio Antunes morreu. A esta altura da vida, muitos colegas da minha idade se foram. Daqui a pouco, vou eu. Talvez eu deixe um vazio nas pessoas”, conjecturou.
Seguindo firme no trabalho
Mesmo com a saúde debilitada, Tarcísio manteve-se na peça O Camareiro, que fazia ao lado de Cássio Scapin. Ainda que numa cadeira de rodas, ele enfrentava o palco.
“Chego ao palco de cadeira de rodas também. Tempos atrás, arrebentei o menisco e fui operado três vezes. Sempre me ofereceram colocar uma prótese, e eu recusei. Agora, venho me apresentando num teatro com muitas rampas. Achei mais cômodo usar uma cadeira de rodas. Talvez fosse mais educado atender o público de pé. Mas, me perdoem, estou cansado demais para isso”, brincou.
“Artista não se aposenta”
Tarcísio Meira viveu tipos inesquecíveis. Foi João Coragem, o mais valente dos Irmãos Coragem (1970) e o inescrupuloso Renato Villar, de Roda de Fogo (19986). Passou do herói Rodrigo Cambará, em O Tempo e o Vento (1985), para o sádico Dom Jerônimo, de A Muralha (2000).
O último papel na TV, Lorde Williamson, em Orgulho e Paixão (2018), saiu de cena antes do previsto por conta dos cuidados do ator com a saúde.
“Artista não se aposenta. Quer trabalhar, enquanto houver trabalho para ele. Isso não tem idade: existe sempre a mesma vontade de fazer as coisas”, afirmou.
Tarcísio Meira faleceu no dia 12 de agosto de 2021, aos 85 anos, vítima da Covid-19. O público sente até hoje a falta desse grande artista, que marcou a vida e a memória de milhões de telespectadores no Brasil.
