Não anda fácil a vida da Jovem Pan News. O Ministério Público Federal abriu inquérito para investigar o canal de notícias, afirmando haver indícios de que a emissora disseminou fake news durante as últimas eleições. De acordo com o MPF, a JP teria estimulado os atos contra o estado democrático de direito de 8 de janeiro, quando vândalos invadiram e destruíram parte da Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF).
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Enquanto isso, a Sleeping Giants Brasil, organização que promove ações contra a desinformação na internet, notificou extrajudicialmente as operadoras Claro TV, Vivo TV, Sky e DGO. A instituição quer saber se as operadoras estão de acordo com as práticas do canal de notícias.
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Em meio a tudo isso, o canal tenta recuperar sua imagem e driblar possíveis punições pesadas. A Jovem Pan News demitiu seus comentaristas alinhados à extrema-direita, como Rodrigo Constantino, Paulo Figueiredo e Zoe Martinez.
Investigação
O Procurador da República, Yuri Corrêa da Luz, abriu um inquérito no MPF para investigar as ações da Jovem Pan News. No inquérito, o Procurador questiona comentários como o de Ana Paula Henkel, que afirmou erroneamente que os votos na urna eletrônica não são auditáveis; ou de Rodrigo Constantino (foto acima), que afirmou que ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral teriam praticado “ingerências no Legislativo para impedir e não permitir o voto impresso”. Tais comentários, de acordo com o MPF, podem ter incitado a violência que aconteceu em Brasília.
Além disso, a Jovem Pan News tem sido alvo de uma grande campanha organizada pela Sleeping Giants Brasil, na qual a organização questiona os anunciantes do canal. Chamada de Desmonetiza Jovem Pan, a ação já conseguiu com que 24 empresas desistissem de anunciar no canal.
Pressão
Mas agora, além de colocar os anunciantes do canal contra a parede, o Sleeping Giants Brasil também questiona as operadoras Claro TV, Vivo TV, Sky e DGO, que mantém a Jovem Pan News em seus pacotes.
Humberto Ribeiro, Diretor Jurídico da organização liberal, explicou ao site NaTelinha no que consiste a ação.
“Vamos acionar extrajudicialmente as operadoras de TV por assinatura e questionar a razão de, durante a pandemia da Covid-19, incorporarem em seu portfólio de canais um veículo de comunicação que sabidamente difundia desinformação sobre a vacinação, tratamentos sem eficácia comprovada, uso de máscaras e distanciamento social”, afirmou.
“Ainda queremos saber se condiz com as boas práticas de governança dessas empresas a manutenção da disponibilidade dos conteúdos da TV Jovem Pan News aos seus consumidores, mesmo diante das reiteradas e graves denúncias de que o veículo difunde desinformação sobre a rigidez do processo eleitoral, o papel de instituições de Estado, como as Forças Armadas, além de ataques ao STF e ao TSE”, concluiu.
Reformulação
Temendo perder anunciantes e ser alvo de punições por parte do Poder Judiciário, a Jovem Pan News tratou de dispensar nomes ligados à ala mais radical da extrema direita. A movimentação começou logo após as eleições, quando jornalistas como Augusto Nunes e Carla Cecato (foto acima) foram demitidos.
No entanto, parte dos comentaristas do canal seguiu disseminando desinformações, sobretudo durante a cobertura do ataque em Brasília. Por conta disso, a emissora se tornou alvo do MPF.
Assim, o canal afastou nomes como Rodrigo Constantino, Paulo Figueiredo e Zoe Martinez. Porém, de acordo com o NaTelinha, os profissionais foram definitivamente dispensados pela estação. Ainda segundo o site, outros nomes dispensados pela Jovem Pan News são Marco Antonio Costa, Fernão Lara Mesquita e o Coronel Gerson Gomes.
Além disso, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, renunciou à presidência da emissora. Agora, a ideia do canal é renovar o quadro de jornalistas e apresentadores, na tentativa de afastar qualquer possibilidade de punição grave que o canal possa vir a sofrer, inclusive a perda da concessão.
O canal não se manifestou oficialmente sobre o ocorrido.