Há algumas semanas, o Globoplay anunciou que disponibilizará antigos sucessos da dramaturgia da Globo. A notícia atende a um velho desejo do público que anseia por poder rever clássicos da televisão. Desejo este que vinha sendo realizado em doses moderadas pelo canal Viva. Precisou a pandemia de Covid-19 para dar esse clique nos programadores de televisão?

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Desde a década de 1990, a TV vem passando por mudanças significativas, que fazem o modelo anterior parecer jurássico. Não falo da produção, que, a bem da verdade, pouco mudou nestes 70 anos de televisão no Brasil. Mas da forma de consumi-la.

Primeiro a TV a cabo, que trouxe os canais segmentados. Depois a Internet, que facilitou que a programação de TV fosse consumida por meio de outras mídias (canais de Youtube, por exemplo, muitos com programação própria). Agora, com o streaming, o suprassumo da grade televisiva: poder assistir – consumir – o quanto quiser à hora que quiser.

O cenário de pandemia de Covid-19 escancarou uma nova realidade para esse universo. A impossibilidade de produções inéditas – de dramaturgia, variedades, transmissões esportivas, etc – fez com que as emissoras criassem novas formas de entreter e informar o público – como programas com equipes resumidíssimas, entrevistas por videoconferência e lives.

Outra saída das emissoras – para atender o público que precisa ficar em casa – foi tirar o pó de seus acervos. Ganharam os saudosistas. Mas, ora, esse não era um antigo anseio do público?

Claro que muitas variantes devem ser consideradas na hora de optar por uma novela de trinta anos, como a dificuldade de liberação por questões judiciais (envolvendo direitos de profissionais e obras) ou condições técnicas (qualidade precária de imagem ou som, ou capítulos incompletos). Todavia, a Globo, Band, SBT e Record nunca pareceram muito dispostas a atender o telespectador saudosista.

Os canais segmentados existem desde os anos 1990. Porém, um canal de reprises nacionais só foi surgir com muito atraso: o Viva, em 2010. O Vídeo Show, outro meio de acesso, que ofertava alguma migalha do acervo da Globo, foi com o tempo perdendo relevância.

Neste momento de exceção (pandemia), em que a Globo precisa se desdobrar para criar programação inédita e interessante ao telespectador, e em meio a um projeto de expansão do Globoplay (entenda conquistar cada vez mais assinantes), ofertar pérolas de seu acervo é uma saída barata. E muito rentável, justamente por ser atraente ao público. Vide o frisson nas redes sociais que causou as estreias no Globoplay de A Favorita e Tieta.

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O lançamento do Globoplay dessa semana é Explode Coração, novela originalmente exibida em 1995-1996. Os próximos títulos são Estrela-Guia (2001) em 06/07, Vale Tudo (1988) em 20/07, e Laços de Família (2000) em 03/08.

Estão na fila: Dancin’ Days (1978), Pai Herói (1979), Água Viva (1980), Baila Comigo (1981), Guerra dos Sexos (1983), Vereda Tropical (1984), A Gata Comeu (1985), Roque Santeiro (1985), Selva de Pedra (1986), Cambalacho (1986), Sinhá Moça (1986), Brega e Chique (1987), Sassaricando (1987), Bebê a Bordo (1988), Fera Radical (1988), Que Rei Sou Eu? (1989), Top Model (1989), Rainha da Sucata (1990), Barriga de Aluguel (1990), Meu Bem, Meu Mal (1990), O Dono do Mundo (1991), Felicidade (1991), Vamp (1991), Pedra Sobre Pedra (1992), Despedida de Solteiro (1992), Fera Ferida (1993), Renascer (1993), Mulheres de Areia (1993), Quatro Por Quatro (1994), Tropicaliente (1994), A Viagem (1994), A Próxima Vítima (1995), História de Amor (1995), O Fim do Mundo (1996), A Indomada (1997), Torre de Babel (1998), Força De Um Desejo (1999), Terra Nostra (1999) e outras.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor